Reencarnada (Completa)

Capítulo 91

Tirei lentamente a mão do meu ventre com olhar fixo no chão.

- "Mas..." - comecei a falar depois de vários segundos de silêncio. - "Ele vai tentar tirar o...meu filho?"

As últimas duas palavras pareciam estranhas para mim.

Sinto que estou me preceptando já se não sei se estamos falando de um futuro distante ou muito próximo.

Ainda assim...agora eu não posso pensar em mais nada.

- "Não sei." - ela respondeu. Olhei em seus olhos e baixei o olhar para o seu colo onde tinha um livro com capa preta. - "Não sou próxima a ele, não sei o seu futuro... por essa razão te digo que tenha cuidado a respeito a O Caído."

Azlin abriu o livro e começou a procurar página por página, seus olhos parecia ler tudo e nada por causa da rapidez que ela fazia.

- "Ah..."

- "Faça pelo menos uma pergunta, Gabriele. Não vamos perder tempo." - murmurou me interrompendo ainda procurando algo no livro.

Eu tinha muitas perguntas, o problema era que me dava medo de dizer em voz alta escutar as respostas de Azlin.

Fechei os olhos alcançar novamente nas duas notícias... impactantes, que acabo de receber.

- "Bom..." - a palavra saiu quase como um sussurro. abrir os olhos e vi que Azlin me olhava com atenção. - "Eu...tenho algo que me faça estranha?"

- "O que?" - ela franziu o cenho. - "Estranha em que sentido? Você é...uma humana linda, especial e com muitas qualidades...Por que você pergunta se tem algo que te faça ser estranha?"

- "Quando estava falando com Yahanna as vezes ela tem algumas visões, em relação a mim, e..." - eu me calei uns segundos para organizar as minhas ideias. - "É que ela não pode falar sobre...um filho, mesmo O Caído..."

- "Gabriele, o que Yahanna te disse? Lembra de suas visões? O que tem O Caído?" - ela questionou com confusão.

- "Yahanna não se lembra bem das visões, dão coisas sem sentido para ela. O castelo, risadas, um bosque..." - respondi me levantando do sofá. - "Diz advertências ou promessas..."Tudo melhora", "Você está preparada, Gabriele?", "Nem tudo é perfeito" ..." - citei algumas frases que Yahanna disse.

- "Nada sobre seu irmão?" - ela perguntou se levantando e caminhando até estar na minha frente, pôs suas mãos em meus ombros. - "Ou sobre Delphine?"

- "Só disse o meu nome algumas vezes, não diz de mais ninguém." - senti lágrimas acumular em meus olhos ao ver a preocupação nos olhos de Azlin. - "Oh, como pode estar preocupada comigo sabendo que você..." - eu a abracei sem pensar duas vezes.

Ela me correspondeu e as lágrimas começaram a sair de meus olhos quando os fechei e começaram a deslizar pelas minhas bochechas. Sentia um buraco dentro de mim, no Brasil haviamos ficado inseparáveis, Azlin, Camilla e eu. Nós divertimos, contamos várias experiências umas para as outras...Azlin é uma mulher magnífica. Não, ela não podia morrer, eu precisava dela, é parte da minha família. Uma segunda mãe pra mim.

Era como um quebra-cabeça; não estaria completa se faltasse uma peça.

Ficaria um buraco, um vazio dentro de mim. Nenhuma outra pessoa jamais poderia substitui-la.

- "Você fez o mesmo por mim." - ela murmurou. - "Eu era uma desconhecida e acusada de bruxaria."

- "Você não me pareceu má. Quando você me mostrou naquele dia eu soube que...faria uma ou outra vez. Você não pode morrer agora que eu vou precisar mais de você." - minha voz se quebrou.

- "Não chore." - ela pedia algo impossível. - "Você terá os outros, sei que você vai estar pra eles e eles vão estar pra você."

- "Sim, todos." - eu disse com um nó na garganta. - "Menos você."

Desfiz o abraço para limpar as lágrimas das minhas bochechas, tentei sorri mas foi uma tentativa falha.

- "Só leia quando precisar de mim e eu já não estiver."-  murmurou segurando a minha mão direita e deixando o livro que minutos atrás estava em seu colo, tinha uma página específica dobrada.

Estava escrito com uma tinta vermelha, com letra cursiva e grossa, que dizia:

"Não há pessoas boas e nem más. São só isso; pessoas."

- "Por que isso?" - perguntei confusa.

- "Você terminará de ler em outro momento. Agora de acordo com O Caído..."

Cada palavra que ela disse eu tentarei lembrar. Agora entendia o por que não falava tanto sobre suas visões...É terrível.

Saber quando e de que maneira seus entes queridos morreria, momentos dolorosos, tragédias...um preço bastante alto para saber um pouco mais do que os outros.