Capítulo 20

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Passado - 1498 Transilvânia

O sol está de trás das nuvens cinzas que anunciam chuva, o vento estava um pouco frio mas nada alarmante. Camilla gritava e ria quando Stephany tentava pegá-la.

Havia tranquilidade, o Sr. Tepes ainda não apareceu desde ontem.

Estava esgotada fisicamente e emocionalmente, cuidar de duas crianças de dez e oito anos não é tão simples, enquanto me preocupava sobre o perigo que poderíamos correr, graças as cidades vizinhas.

- "Lucy, o que está fazendo?" - essa voz eu não reconhecia.

Olhei para a direita e vi uma mulher muito bonito com o cabelo preto, e os seus olhos eram tão verdes como as esmeraldas e a sua pele era branca como a neve.

- "Desculpe mas... não sei como é o seu nome... como sabe o meu nome?" - disse me levantando da pedra onde eu estava sentada.

Ainda escutava as risadas das meninas de longe, a mulher caminhou até mim sem se deter nenhum segundo... caminhava com graça e me surpreendi com suas roupas, estava amassada, suja e parecia muito velho, a sua cor era beje que quase parecia café, por causa das machas que o cobria.

- "Meu nome é Azlin" - ela se apresentou sorrindo e parando a poucos passos de mim. - "Sei seu nome porque...me apresentaram você." - ela disse é minha pele se erisou.

Ela, Azlin tinha algo... que não podia decifrar em seus olhos.

Eram bonitos, atraentes e pareciam cheios de segredos, coisas que viu ou sabe, apenas ela e mais ninguém. Era como um menino fazia uma travessura tão grande e tentava esconder. Tentava...mas seus olhos delatavam seu ato.

-  "Quem falou de mim?" - perguntei confusa e preocupada.

Rapidamente pegou minha mão, me puxou e no segundo seguinte tudo em minha volta tinha mudado.

Gritei de surpresa, observei em volta e vi o momento exato do crepúsculo, o tom avermelhado do céu e algumas aves voando com pressa por ele. Havia uma árvore e eu estava descalça para notar o pasto seco, estava no meio do nada, desértico e...fazia calor. Azlin tinha os olhos mais claro e ainda segurava minha mão com força o suficiente para não solta-la.

- "É uma bruxa!" - gritei aterrorizada. - "Me ajuda! Socorro!" - gritei ainda mais alto.

- "Ninguém vai te escutar Lucy. Não venho para te matar ou te machucar." - murmurou e eu olhei ainda mais aterrorizada.

Quando ia gritar novamente o céu escureceu e as estrelas se fizeram presentes com tanta rapidez. Ouvi murmúrios que pouco a pouco se transformaram em gritos dizendo.

"DEMÔNIO"

Eram o que eles gritavam e vi minha senhora sendo arrastada com brutalidade, quando a vi quis correr para ajudá-la mas Azlin, a bruxa com aparência bonita, não me soltou em nenhum momento.

Seu cabelo loiro estava sujo, suas roupas rasgadas e cheias de sangue.

- "Mina! Mina!" - gritei tentando me soltar.

- "Esse é o destino dela, não pode fazer nada por ela." - murmurou Azlin. - "Tem duas opções, tentar salva-la e morrer...ou deixar que siga o curso da vida."

Minha respiração se acelerou, Azlin soltou minha mão e eu só observei como Mina foi amarrada no poste grosso de madeira.

Era ela que eles chamavam de demônio?

Me aproximei e agora não fui detida pela bruxa, os gritos de ódio e uma voz pedindo clemência.

- "É a esposa do demônio!" - gritou um homem.

Eles estavam cometendo um erro, Vlad não é um demônio, ele é um herói, ele se sacrificava tudo pelo seu povo. E é assim que eles pagavam?

Matando a sua esposa!

Eles gritavam para um homem com uma tocha na mão, que soltou a tocha e ao redor de Mina começou a pegar fogo.

Ela gritou com força e fechou os olhos.

- "Não!!!" - gritei com força sentindo as lágrimas escorrerem por minhas bochechas.

Fui empurrada um pouco pelas pessoas e depois tudo ficou borrado e destorcido e depois estava em outro lugar.

Fazia frio.

Muitas pessoas estavam em meu redor comprando ou simplesmente caminhando pelo o lugar.

E novamente...mudou tudo, as mesmas pessoas matando, correndo aterriozadas, soldados romanos, os nossos e de uma cidade inimiga. Não sabia o que fazer e menos quando me vi a poucos metros com uma espada ensanguentada. Eu estava me vendo! Como isso é possível?

É um pesadelo? Estou delirando e imaginando uma guerra?

- "Semanas depois... você também." - escutei sua voz atrás de mim.

Não me virei para olha-la, estava tão absorta vendo como tentava me defender e logo...fui atravessada por uma espada.

Não era um soldado inimigo, era alguém em que sempre confiei.

Corri para onde o meu corpo estava agonizando, onde estava e...tudo mudou, meu corpo agora estava nos braços de Stephany, Camilla e Vlad. Minhas pequenas estavam chorando e eu estava com os olhos abertos com um olhar indecifráveis para outros menos para mim.

Eu não tinha medo de morrer protegendo o meu povo, o que demostrava em meus olhos era assombro e tristeza.

- "Eu estou aqui, é só um sonho ruim...apenas um pesadelo." - disse desesperada quando Stephany chorava e era consolada por seu pai. - "Stephany, Camilla, Vlad..." - eu chamava mas eles não escutavam.

Estou sonhando...Acorda, acorda!

Tudo sumia lentamente. Não podia acreditar em tudo o que vi, mas Azlin era uma bruxa... malvada.

Porque ela me fez ver essas coisas? Porque?

- "Lucy!" - escutei um eco me chamando.

Até que abri os olhos.

Estava com a cabeça no colo de Camilla. Eu havia sonhado tudo?

- "Graças a Deus você está bem Lucy!" Camilla disse soando um pouco angustiada.

- "O que aconteceu?" - perguntei ainda confusa.

Stephany sorriu um pouco e Camilla fez uma careta.

- "Você desmaiou." - Stephany disse. - "É melhor a gente voltar para o castelo. Lamento dizer mas seu pai ainda não chegou e estará trabalhando até a madrugada."

Meu pai era um guarda e as vezes eu ficava com as meninas e dormia com elas em seu quarto, principalmente porque seus pais estavam ocupados com uma possível guerra.

É bom saber que tudo o que eu vi, foi apenas um produto da minha imaginação. Ainda não entendi como...pensei naquilo. Tudo parecia tão real, tanto que eu ficava toda arrepiada só de lembrar.

Um sonho muito aterrorizante.


Reencarnada (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora