Capítulo 34

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Estava ouvindo o som de uma suave melodia de um piano que estava sendo tocado, a canção não era conhecida, mas a harmonia era linda, perfeita e relaxante.

O piano...meu instrumento favorito, o mesmo que Vlad tocava antes de se casar com Mina Marks.

- "Gabriele me escuta..."

Gabriele!

Gabriele...

O sabor de algo com gosto metálico, me fez abrir os olhos, o sabor mudou ficando mais doce e eu aceitei com gosto.

Até que notei que eu estava tomando sangue.

Me afastei horrorizada do braço de Drácula, afogando um grito e tocando os meus lábios com medo.

Eles estão úmidos.

- "Não, não, não!" - sussurrei alterada. - "Porque você me deu o seu sangue? Por acaso eu vou me transformar em...um vampiro?" - questionei temendo que fosse verdade.

Ser um vampiro seria horrível!

Agora como vou poder sair daqui? Como vou poder viver, sabendo que acabaria com vidas humanas? Por acaso, eu seria um monstro como Drácula? Não...

- "Diz que não, por favor..." - supliquei quando ainda não tinha uma resposta.

Minhas bochechas estavam úmidas de lágrimas e meus lábios de sangue, que por inércia eu bebi, por um momento quis cuspir.

- "Não coração." - foi Azlin quem me respondeu. - "Os humanos podem beber o sangue de um vampiro tendo o mesmo efeito que eles com sangue humano. Se seu metabolismo tivesse 40% do sangue de Vlad... você poderia morrer." - me explicou me deixando em choque.

Vlad se afastou bruscamente de mim, se levantou e saiu do quarto batendo a porta.

Fechei os olhos durante alguns segundos ao sentir um sentimento de abandono e abri ao notar que Azlin estava tirando a roupa do meu armário.

- "Meu pai?" - falei tocando a minha cabeça.

Pude me mover não sentindo mais dor, nada mais que fadiga e lentamente levantando os meus braços ao bocejar.

- "Te procurando no céu, terra e mar." - Azlin respondeu. - "Falei com ele e contei que você ficou loucamente apaixonada por um inglês aventureiro que conheceu por aqui. Ele não acreditou muito, pelo que parece que você não é o tipo impulsiva, para se apaixonar e se entregar a esse sentimento." - ela usou um tom sarcástico, alegre e irônico que eu pensei que tinha 20 anos menos que a sua aparência física.

- "Ele deve estar muito preocupado, devo falar com ele..." - murmurei.

- "Vai falar, mas agora você vai tomar banho e se trocar."

Depois eu estava olhando o meu rosto no espelho do banheiro.

Eu estava mais pálida com lábios ressecados e tinha um quase inexistente corte na bochecha. Não tinha olheiras mas os meus olhos estavam mais escuros meu cabelo estava em um emaranhado.

Tomei banho, demorei tempo suficiente para me sentir limpa, escovei meus dentes, passei uma leve maquiagem, desembaracei meu cabelo e fiz uma trança holandesa.

- "Você está muito melhor agora, Gabriele." - ela elogiou me dando um vestido preto.

Era casual de manga curta acima do joelho, coloquei uma sapatilha azul e obedeci Azlin colocando o colar maldito.

O colar de Mina Marks...

- "Agora você pode ligar para sua família." - ela me entregou o meu celular. 

Ligação on:

- Gabriele? - a voz do meu pai soou surpreendido e alterado.

- Antes de mais nada eu sinto muita papai. Estava sem sinal no meu celular e sem bateria. Sinto saudade, te amo e não queria te preocupar mas foi impossível. - falei sentindo um nó se formar na minha garganta eu estava a ponto de começar a chorar.

- Gabriele uma mulher com o nome Azlin me falou sobre você. É verdade esse seu romance? Gabriele Bexter! Nos abandonou por causa de um homem? Estava a ponto de ter um infarto, e nem sequer Rebeca tem dormido direito, suas amigas estão preocupadas e você está aí se aventurando com um desconhecido!

- Me perdoa papai. - sussurrei - Quero dizer que... realmente me perdi... não podia voltar porque eu não sabia onde eu realmente estava e... e ele me encontrou e me ajudou... Vou voltar. Te asseguro isso mas... não estou em condições.

- Filha... ele tem se mantido a ir contra sua vontade?

Sim!

- Não - respondi - O problema é que eu peguei um resfriado e estava muito mal, e na verdade eu não estava particularmente com ele.. suas irmãs cuidaram de mim e bom... o amor aconteceu. Mas eu vou voltar. Só enquanto estou melhorando.- nem eu estava acreditando nessa desculpa.

- Gabriele? Isso é verdade? Você está mentindo pra mim?

- Papai, não é isso! - minha voz estava tremendo - mas aconteceu as meninas sabem para onde íamos e eu me perdi, estava ferida e ele me ajudou... eu passei mal e ainda estou sendo cuidada. Aqui é complicado conseguir sinal de celular. Hoje estou me sentindo um pouco melhor. Azlin foi a meu pedido e ela não te contou tudo porque eu queria te contar.

- Qual é o nome desse homem? Eu não sei se deveria estar agradecido ou...

Azlin pegou o telefone da minha mão e desligou.

Ligação off:

Eu já menti para o meu pai, mais nenhuma vez me doeu tanto quanto esta. Essa pode ter sido a última vez que eu falei com ele, pelo menos eu o havia conseguido dizer o mais importante.

Que o amava, que senti a sua falta e pedi que ele me perdoasse.

Aliás...eu cheguei aqui sozinha, eu procurei o meu futuro e tinha que aceitá-lo.

- "Sinto muito, mas não pode dizer o nome de Vlad." - murmurou. - "Agora que já está melhor, desce para jantar... Vlad não está e ele ficará fora por dias. Tudo vai mudar, eu te asseguro." 

Ela beijou a minha testa.

Reencarnada (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora