Capítulo 45 - Kyungsoo

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Ao passar pelo pequeno quarto que Jongin usava como depósito, vi a incubadora e o meu irmão, dormindo no chão sobre um colchonete. Dei dois passos para trás e esqueci a minha sede.

O que tinham tirado de mim?

Inspirei. Eu precisava ver esse bicho e matá-lo eu mesmo.

Peguei uma faca do armário e me aproximei sigiloso. Meu coração batia tão forte que nublava a minha visão. E não é que os bichos, em geral, me deem medo, é que este esteve dentro de mim, parasitando. Levantei a faca e me aproximei reunindo toda a minha coragem e então...

Um bebê.

Um bebê, pequenininho, frágil, nu, com uma pequena máscara de oxigênio. Seu peito retangular subia e descia com cada respiração. Ele tinha a pele um pouco roxa e suas mãos minúsculas fechadas em punhos em cada lado de sua cabecinha com cabelinhos escuros.

Aproximei meu nariz do vidro para examiná-lo e contei cada um de seus dedos, inclusive os de seus pés: dezenove, no total. Voltei a contá-los: vinte e um, no total. Esfreguei os meus olhos e recomecei. Seus dedos não podiam aparecer e desaparecer... Ou sim? Vinte, no total. Voltei a contá-los mais duas vezes e voltaram a dar vinte. Depois, os contei em grupo: cinco em cada extremidade.

Ele tinha um pequeno pênis e dois testículos de pele escura. Prestei atenção em seu rosto que a máscara cobria, e como o material era transparente, pude ver: um nariz e uma boca pequenininha. Tinha duas orelhas, dois olhos fechados e... não tinha cílios.

Deus, ele não tinha cílios!

Me aterrorizei. Mas esperem... Todos os bebês não são assim? Ou seja, ele era um bebê de verdade?

Santa merda!

Então... Ele não era um parasita e sempre foi... Taeoh... Asher... O filho de Jongin... E eu bati nele, enfiei álcool, nicotina, e sim, também meti maconha nos primeiros meses... Eu quase o matei de fome. Ele tinha nascido com problemas mentais devido a isso? Ele não podia estar bem. De maneira nenhuma! Não depois do que eu o fiz.

Oh, meu Deus! Eu estava matando uma criança inocente.

Por que ninguém me disse?!! Ou disseram?

Esperem, não... Eu me sentia muito mal para pensar claramente.

Cobri a minha boca contendo os meus arquejos e a faca caiu ruidosamente no chão, fazendo com que o bebê começasse a chorar.

Ele também ouvia bem! Inclusive tinha voz! E podia se mover. Seus pezinhos começaram a dar chutes em meio ao seu choro.

Quando saí do choque, eu estava sentado na sala; Baekhyun estava passando álcool na minha nuca e Jongin tinha um copo com água na minha frente.

— Tiraram isso da minha barriga? — perguntei.

— O que você fazia com aquela faca, Kyungsoo? — interrogou o meu irmão com autoridade.

— Eu... Eu... — senti muita vergonha. — Nada.

— Não minta! Taeoh é uma criança normal. Eu não vou deixar que você o machuque. Vou levá-lo se você quiser, mas você não vai machucá-lo, entendeu?!

— O quê? Não. Não, não, não — tentei explicar à ele movendo as minhas mãos para dar ênfase na minha intenção, — eu não quero machucá-lo. Não.

— Não minta para mim, você estava a ponto de... com aquela faca.

— Não! Não, eu só... Eu queria leite e ele... E eu... Não vou matar ele, eu juro pela minha mãe! — quando eu disse isso, Baekhyun pareceu se acalmar. Ele sabia que eu não usaria a minha mãe para uma mentira.

Projeto Haema Hippocampus [Tradução PT-BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora