. octagésimo primeiro

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   Ainda estava parcialmente sobre ela, o meu tronco tocava no dela e na minha cabeça parecia que estava tudo bem; que não tardava a acordar e a reclamar pelo peso que tinha estado a suportar. 

   Gostava de ficar com ela para sempre. Não conseguia imaginar como seria a partir de agora. Tinha a nossa filha na casa de Louis perdida e frustrada e não ia ser fácil olhar para ela todos os dias do resto da minha vida sem que a imagem da sua mãe me assombrasse. Não pensei que terminasse assim; se alguém morresse, talvez fosse eu. Pelo menos assim o preferia. A B teria muito mais jeito para continuar com isto a que chamamos vida. Ela não iria ficar aqui por mais de duas horas, ao contrario de mim que aqui fico por mais de quatro horas agora. A B não teria medo de sair deste quarto e enfrentar a vida e depois... eu acho que a Bella não estaria tão triste neste momento. 

   Pela terceira vez bateram à porta e pela terceira vez eu quis ignorar. Só mais dez minutos, eu repetia para mim próprio, mas ficaria aqui para sempre. Amava-a e só queria tê-la de volta. 

   Disseram, depois de abrir a porta, que teriam que levar o corpo para preparar todas as etapas fúnebres.

   Respirei. E enquadrando a minha cara com a da B disse-lhe que era tudo o que eu alguma vez desejei, apesar de ela o saber perfeitamente. Disse-lhe que a amava e nunca iria amar outra pessoa ou chegar a tentar sequer. Eu quis beijá-la mas algo me impediu: um resto de um sopro morno e assombroso, trémulo mas presente. 

   Mas então o meu corpo foi puxado para trás e um conjunto de três homens rodearam a Bo para a fechar num saco preto. 

   "Li-l-liam, ela está a respirar" Eu barafustei contra o seu aperto enquanto me dizia que tínhamos que ir, que eu tinha que a deixar. " Ela está! Liam ela está a respirar"

»»

   Ninguém realmente quis ouvir o que eu tinha para dizer. Depois de horas no hospital ao seu lado, depois de duas horas de avaliações psiquiátricas eu pude sair. Guiei de volta para o seu lugar preferido e fiquei até que o sol nascesse. Sentia que estar com a Bella me iria colocar numa posição debilitante e que eu poderia dizer algo que piorasse o que ela estivesse a sentir.  Então eu voltei para casa quando o relógio marcava as 8 da manha. O velório seria daqui a pouco menos de meia hora e eu utilizei-a para me recompor o máximo possível. 

   Quando disse à equipa médica que ela estava a respirar eu quase podia ver a pena nos seus olhos, como se eu não passe de um pequeno e idiota miúdo que esperava que a mãe voltasse. 

   "Filho.." Havia um cuidado especial na sua voz enquanto me encontrava a atravessar a sala cheia de familiares e amigos. 

   " Agora não" Murmurei sob a minha respiração antes de ser parado, assombrado, pelo vulto de Bella, do outro lado da divisão, perto da porta para onde me dirigia. Estava estática, num vestido preto e melancólico que a Bárbara vestiria. Tinha as mãos numa confusão de luta uma com a outra, do jeito que a sua mãe também teria. 

   Ela estava tão bonita, era a sua mãe. 

   E eu pensei que não conseguia chorar mais até a ver. A merda do ardor que senti nos olhos fez-me arfar que nem um pequeno e parvo miúdo. 

   Olhavam para mim e esperavam que eu fizesse alguma coisa, mas eu só conseguia ver a Bárbara em todo o lado. Mas então ela choramingou a minha alcunha paterna e deixou que lágrimas lhe inundassem a cara. 
   O que eu mais queria era sair daqui. Sabia que precisava de mim, sempre o soube, mas temia que não fosse bom o suficiente e, honestamente, temia que a sua imagem e semelhança à minha B destruíssem cada pedaço meu que restava.

  Eu puxei os meus medos de merda para as costas e abri os braços na sua direção, dando pequenos passos para a encontrar. Bella quase correu para mim, chocando contra o meu peito para me fazer entender o quão egoísta eu estava a ser. 

   "Pai" Ela soluçou e eu apertei-a um pouco mais. 

   "Eu amo-te Bella, vou estar sempre aqui para ti" Sussurrei-lhe. " Sempre" Não o iria admitir se perguntassem, mas estava a chorar.

»»

   Precisamos de algum tempo para nos recompormos, mas seguimos para a capela. A capela mais bonita que eu poderia encontrar para ela. Estávamos todos diante as portas fechadas. As minhas mãos suadas, o meu corpo encharcado com medo e receio de abrir as portas grandes e pesadas para a ver despojada num caixão branco. Eu sabia qual era o vestido, eu sabia quais eram os sapatos, eu sabia-o. Imaginava-a já na minha cabeça, daquela mesma maneira vestida; mas com muito mais vida. A B sorria para mim, esticava-me a sua mão para que a acompanhasse e dava-me forças para eu finalmente abrir as portas e a encontrar imediatamente no centro. 

   Suspirei. Com uma mão cheia de flores, com outra a segurar a de Bella firmemente. Um passo a seguir a outro levou-nos até lá para a ver linda e estonteante. Calma e segura; em paz. 

   Eu deixei o ramo e toda a gente foi fazendo-o durante o que pareceu horas. Não saí do seu lado, olhava-a sempre que podia e pensava que não era real aquele momento.

   Então, eu estiquei a mão para a acariciar e nesse momento as minhas sobrancelhas uniram-se em confusão. 

   " Harr-"

   "Christian, ela está quente" Eu não me importei que fosse o merdas do Grey. " Ela está a escaldar"

   Ele pareceu confuso, do outro lado do caixão, puxando a mão para tocar na mão de Bárbara. Olhei para ele com esperança, que corroborasse o que eu disse. 

   " Arranja um espelho" Eu comandei com urgência para vê-lo afastar-se para o conseguir em poucos segundos.

   Num pequeno fração de segundos eu estava a ver o pequeno espelho embaciar, sob o nariz da B. Eu apontei a superfície para Christian, comprovando o que eu estava a dizer fazia horas. Eu não estava louco. 

   " Chamem uma ambulância " Eu, tremelicante eu, disse sob o respiração pesada, esticando os meus braços para a segurar.

   " Harry! Filho! " Eu ouvi a minha mãe abominar as minhas ações. Bella também murmurou o meu nome, mas eu estava a tirar a B daquele buraco, daquela coneção errada, a segura-la nos meus braços e a gritar em prelos pulmões que alguém chama-se uma ambulância.

  Note_ Helloooooo!!!
Agr a sério, vc ddeviam de confiar mais em mim e na minha esperança nesta história rsrsrsrsrs 

Esta é a primeira parte do último capítulo! Mal consiga publico a segunda 

xx

Bárbara 



CUSM: Save Bella .Onde as histórias ganham vida. Descobre agora