35º

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Isabelle:

Fiquei várias horas conversando com Anne, por incrível que pareça todos os acontecimentos fez nos unirmos mais e isso é a única coisa lucrativa. Esperamos uma, duas, três horas pelo "papai" e não, não tinha ninguém ali que se parecesse com ele. Foi uma frustração principalmente para Anne que jurou que ia conseguir falar com ele, meu medo agora era de ir para casa e ter que enfrentar Hellen, eu agora só vou chamá-la assim, Hellen!

Ficamos até as 20h ali, sentadas a conversar besteiras e mais besteiras, eu queria fazê-la esquecer tudo e joguei conversa fora para que isso acontecesse, Ruan me ligou e eu lhe disse onde estava e logo ele chegaria e quando ele chegou estranhou a presença da Anne:

— Algum problema? - Perguntou sentando ao meu lado.

— Sim, tenho muitos problemas para poucas soluções. - Afirmei e Anne nos olhou.

— Posso ir brincar com aquelas meninas? - Perguntou apontando para duas meninas que brincavam acompanhadas pelos pais, eu olhei para Ruan e ele fez "sim" com a cabeça.

— Vai. - Ela saiu e eu não evitei deitar minha cabeça sobre o ombro dele.

— Sua mãe de novo?

— Como sempre ela. Ruan, eu preciso encontrar meu pai, eu não posso voltar pra casa sem vê-lo e conversar com ele. - Ele colocou sua mão sobre minha coxa.

— E quando vai parar de reclamar e vai começar a mostrar pra sua mãe que você sabe o que quer? - Aquilo veio fundo em mim, o encarei, tirando minha cabeça de seu ombro.

— Eu tento encarar, mas ela tem controle sobre Anne e não adianta eu mostrar o que quero se pra isso eu vou ter que deixar ela fazer o que quer com a pequena.

Meu celular começou a tocar e quando olhei, era Pietro, Ruan tinha visto o nome dele e deu para perceber que não gostou nem um pouco.

— Oi Pietro.

— Isabelle, estou na sua casa e seu pai também está aqui, eu tentei te ajudar ,mas... - Ele falava aos sussurros, eu só ouvi a parte de estou na sua casa e seu pai também está aqui... - Vem pra cá, agora!

— Que? Meu pai? O que estão fazendo ai?

— Vem logo. - Apenas disse isso e desligou.

— Tenho que ir para casa, meu pai está lá. - Ruan apertou minha coxa com sua mão.

— Eu vou com você, deixa Anne na casa de alguém e vamos pra sua casa. - Disse e eu o olhei.

— Na casa de alguém? - Pensei aonde poderia deixá-la - Na casa da Fabíola, vamos... Vamos! Eu vou chamar um táxi e eu e ela vamos para lá. - Ruan me olhou.

— Eu acompanho e te pego na casa de Fabíola. - Ele levantou pegando o capacete.

— Por que faz tudo isso por mim? - Ele me olhou nos olhos.

— Não há nada que não fizesse por você. - Eu fiquei sem ter o que falar, e dei um rápido abraço nele.

Eu chamei Anne e liguei para um táxi, a levei a casa de Fabíola e não expliquei nada, apenas pedi que ela ficasse pelo menos naquele instante com ela. Deixei o táxi e Ruan já me esperava, fomos juntos para minha casa, quando paramos realmente o carro de Pietro estava ali:

— Que Deus me ajude! - Disse olhando para o interior da minha casa e Ruan me olhou.

— Deus e eu! Eu vou entrar com você. - Entrar comigo?!!!

— Não pode fazer isso, isso vai ser como declarar guerra aos Estados Unidos. - Ruan me encarou seriamente.

— Eu quero ajudar você, do meu jeito! Isabelle, quero mostrar que você não está só. Eu vou fazer isso. - Eu respondi que sim, porque nenhum outro homem no mundo faria isso naquelas circunstâncias. Ele ia entrar no fogo comigo.

— Vem. - Adentramos a casa e quando abri a porta o cenário era de tensão, minha mãe estava sentada no divã e meu pai em pé, junto a Pietro.

— Boa noite, sogra e sogro. - Disse Ruan e isso fez minha mãe se levantar com uma expressão de absurdo, eu não sabia como agir.

— Sogra? Você é o... o... Encanador! - Disse minha mãe e eu não entendi mais nada. Que encanador?

— Não sou encanador, eu fiz aquilo para poder ver Isabelle. - Ruan falou em um tom tranquilo e objetivo, meu pai logo veio até mim.

— Isabelle, o que está acontecendo? - Perguntou me olhando.

— O que houve com o seu celular? - Perguntei o encarando.

— Explica você, o que faz aqui, o que quer aqui? - Disse meu pai a Ruan que encarou meu pai.

— Quero deixar de esconder isso, prefiro a dor da real, ao sorriso da ilusão. - Disse Ruan e minha mãe me puxou pelo braço.

— Essa menina deu para rebeldia agora. - Eu me soltei e a olhei, e disparei no tom mais alto o que tinha vontade de falar há tanto tempo! Raiva, era isso que eu precisa e pode ter certeza que naquele instante eu tinha.

— ESTOU CANSADA DE TUDO ISSO! DE VOCÊ, DONA HELLEN, E DE NÃO PODER SABER ONDE POSSO ENCONTRAR VOCÊ PAI! EU NÃO NASCI PARA FICAR COMO UMA IDIOTA SEM SABER DAS COISAS, VOCÊS SÃO MEUS PAIS! EU NÃO QUERO MAIS FICAR NESSA CASA E NÃO QUERO MAIS SER CONTROLADA POR VOCÊ! CADA COISA QUE VOCÊ FAZ É DOENTIA, EU TENHO MEDO DAS SUAS ATITUDES. QUERO FICAR LONGE DE VOCÊ, DE TUDO O QUE TEM ME FEITO MAL. - Naquele momento eu comecei a chorar, odiando tudo aquilo, Ruan lançou uma ironia para minha mãe.

— Lucrou muito, conquistou o ódio dela. Isso vale mais que muitas fortunas não é? - Pietro só olhava aquele circo de horrores, meu pai olhou para Ruan.

— Você não se aproximará mais dela, ok? - Disse minha mãe e eu a olhei dando uma risada.

— Eu não sou de controle remoto. Não sou a chave do seu carro. - Disparei. Meu pai estava arrasado, não tinha nenhuma reação. Ruan encarava Pietro, não entendi o porquê, mas acho que é por tudo o que aconteceu com o amigo dele.

— Eu não vou fazer o que você quer, você não tem controle sobre mim, aceite que ela me ama, que eu sou tudo o que você não quer, mas que sua filha quer. - Disse Ruan e meu pai tomou a voz.

— Rapaz, não piore mais as coisas. - Disse meu pai e Ruan ironizou.

— Tirem as máscaras... O baile de fantasia acabou. Sobrou agora o show dos derrotados. - Disse Ruan e Hellen o olhou.

— Saia daqui. - Disse ela e eu peguei na mão de Ruan.

— Obrigada por isso. - Disse baixinho para ele em meio as lágrimas e ele apenas sorriu de lado.

— Podemos conversar depois? - Perguntou meu pai a Ruan.

— Devemos. - Respondeu.

— Marechal, você vai dar um jeito de fazer esse sujeito parar de falar que está com nossa filha, se isso se espalhar nós estamos fritos. - Disse minha mãe e meu pai se aborreceu.

— Não me interesso com o que os outros vão falar, me preocupo com Isabelle. - Ruan os olhou.

— Acho que precisam conversar, e senhora se quiser mandar me prender só para que não falem que eu estou com sua filha, manda o FBI, porque a polícia mesmo não vai conseguir... Não pelas suas acusações de gente que não pisa no chão. - Ironizou e logo saiu. 

— Ouviu? Que desaforado! Esse infeliz entrou hoje na casa dizendo que era um encanador. - Meu pai não estava aguentando a situação. 

Por que você? (EM REVISÃO E EDIÇÃO)Where stories live. Discover now