16º

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— Não, sem dúvidas eu vou vir dormir no meu quarto. Vamos Pietro. – Ele pegou em minha mão e entrelaçou nossos dedos, abrindo um sorriso em seu rosto. 

— Sim, até logo. – Saímos de casa.

Chegamos rápido ao apartamento novo dele, era algumas ruas depois da minha casa, ficava em um prédio de luxo, que sem dúvidas custava caro. Ele quis entrelaçar nossas mãos, mas preferi não deixar, porque isso pesaria muito ao olhos de quem visse, e já não tem sido fácil lidar com minha mãe, chegamos e Fabíola já estava por ali com o Renan, fui cumprimentá-los e é claro que dei uma de desentendida sobre o que eu havia presenciado há pouco tempo atrás.

— Nossa, nem imaginava que você já tinha voltado, como foi a viagem? – Perguntei com um sorriso enorme. Quando ele ia responder, fui pega pela mão e puxada para a cozinha por Pietro.

— Espera, por que me puxou assim? – Perguntei e ele sorriu me colocando contra a parede.

— Eu preciso te beijar, Isabelle. Sentir o teu perfume, linda. – Começou a beijar meu rosto e deslizava sua boca pelo meu rosto, beijando meu queixo.

— Espera só... – O empurrei de leve, o fazendo ir para trás.

— O que foi? – Perguntou me olhando, meio desapontado.

— Pietro, eu sei que há algo que começamos e precisamos dar continuidade ou um final, mas está no começo da festa e tudo está acontecendo rápido demais. – Toquei seu rosto o fazendo me olhar fixamente, dei um sorriso nada contente. 

— Não é por isso, qual o problema? Às vezes faz uma linha de jogo e logo muda. Eu fico perdido nisso. – Eu sei que estava confundindo ele, assim como a mim mesma.

— Me desculpe... me desculpe. – O abracei.

— Não tenho que te desculpar, espero que fique bem! – Disse ao meu ouvido, mas em minha mente só vinha a voz de Ruan... Eu não estava ali, eu estava naquele mesmo lugar que estive ontem, eu só pensava naquele momento.

— Obrigada, vamos, vamos dançar. – O peguei pela mão e o puxei pra sala onde todos dançavam.

Ruan:

Fiquei ali naquela mesa de bar, pensando em minha vida e no rumo que ela havia seguido, tomava vários copos de uísque seguidamente, deitava minha cabeça sobre a mesa me lembrando de momentos, de meus pesadelos reais, dos meus objetivos nunca alcançados. Depois de umas duas horas, levantei a cabeça e fui para onde minha moto estava estacionada logo montei e disparei pelas ruas da cidade, ao chegar ao meu rancho, apenas me deitei, ainda era 00h14min.

Eu dormi, estava meio farto da intensidade dos meus pensamentos. Lembrando sempre daquela menina, daquela burguesa, na verdade eu havia gostado da coragem dela em me enfrentar e também, de sua vontade de ter explicações mesmo que morresse de medo de mim, uma riquinha, uma mimada, ela nasceu para casar em um altar trajando um vestido branco e ter sua lua de mel em um castelo na Europa. Adormeci.

Isabelle:

Por que eu não conseguia ficar normal com Pietro? Era como se fosse forçado, apulso, sem vontade! Dancei um pouco com ele e depois sumi, avisei para a Fabíola que iria embora porque não me sentia bem e foi isso que eu fiz, não ia conseguir ficar por ali, a qualquer momento poderia acontecer a mesma coisa que aconteceu no início da festa e eu não sei como reagiria. Fui para casa de táxi e assim que eu cheguei, não pensei duas vezes e segui para o meu quarto correndo. Ao chegar abri a janela e fiquei ali olhando as estrelas, a lua estava tão grande que cheguei a conversar com ela os meus lamentos, bem que eu queria que ela me desse algumas respostas "— Por que estou assim?!". Eu não conseguia esquecer o que vivi a noite passada, mas eu nunca poderia voltar a vê-lo. Eu com certeza o meteria em maus lençóis. Minhas lágrimas desciam lentamente, uma por vez. Me deitei na cama com a janela aberta deixando o vento ir e vir, acabei adormecendo:

"— Vou ficar com você, isso te faz feliz? Porque eu fico como um menino quando ganha figuras para preencher o álbum!" Disse Ruan em meu sonho. Era apenas um sonho, mas o que dizer? Eu havia gostado.

Acordei com o barulho da maldita máquina que cortava a grama, eram 09h30min e parecia não ter ninguém dentro da casa, fui tomar café e notei pelo silêncio que pairava no ar, o mordomo trouxe o telefone para que eu falasse com o meu pai que estava desesperado:

— O que houve, pai? – Perguntei nervosa.

— Sua mãe divulgou para a imprensa que eu e ela vamos nos separar, minha filha. Não saia de casa. – O que? Não posso acreditar que ela fez isso! Por que ela fez isso?! Por quê?!

— Pai... O que deu nela? Ela ficou louca foi? – Surtei com aquilo!

— Eu vou falar com ela, mas não saia de casa, é muito provável que encontre com algum curioso precisando de informações ou que eles machuquem você com a invasão. – QUE MERDA!

— Certo, pai... Vou ficar em casa. – Agora sim, ela passou dos limites do que já havia chegado ao limite! Meu pai desligou e eu quase jogo meu celular contra o chão – Que merda... – Lágrimas saiam de meus olhos, baixava a cabeça. Cada vez as coisas pioravam.

Pietro:

Acordei tarde, a festa durou toda a noite e a madrugada. Acordei às 10h45min, tomei um banho rápido e fui para a mansão dos meus pais. Assim que cheguei fui comer alguma coisa. Estava irritado, é estou! Como a Isabelle ousa sair da minha festa sem se despedir de mim? Como ela teve a pirraça de me negar mais uma vez? Eu estou começando a me irritar com ela e com essa insistência em ser muito difícil, muito retraída. Estava tomando café quando o Mauricio veio falar comigo, ou melhor, veio me irritar.

— Olha quem veio tomar café na casa dos pais, porque não sabe fazer nadinha?! – Disse em tom irônico.

— Certo, o que você quer? – Perguntei o encarando com raiva. Não tinha paciência para as ironias dele.

— Apenas vim te dizer que os pais da sua futura namorada estão se separando. O jornal não mente.

– O que? Como é que é? - Sorri. — Está me dizendo que Marechal e Hellen, estão se divorciando? – Peguei o jornal das mãos daquele moleque e tinha uma manchete estampada "O empresário Marechal Moraes e a esposa, afirmam divórcio" – Puta que pariu.

— Gostou de saber? – Perguntou me olhando surpreso.

— Claro, aquela mãe dela é capaz de perder o fundo das calças por dinheiro... Isso é conveniente.

Ruan:

Peralta não dispensou que eu visse o jornal, falando dos pais de Isabelle e da separação dos dois, minha reação deveria ter sido de "tanto faz", mas eu fiquei um pouco preocupado, pois com certeza ela deve estar se sentindo mal, de repente o mundinho está em crise.

Assim que cheguei em meu rancho tomei um banho, naquela noite não haveria racha, aproveitei para conversar com o líder da Gangue Thug:

— O que trás o garoto aqui? – Perguntou Igor, um dos membros do líder Thug.

— O garoto?! Na boa, seja menos paizão. – Falei o encarando e Iogo já vinha em minha direção.

— Pode começar a falar, está em dívida com minha gangue, você é um vacilão! – Afirmou colocando uísque em dois copos.

— Estou sabendo. Eu tenho como pagar. Me poupe das suas broncas. – O encarei e ele me entregou o copo.

— Conta, porque eu estou curioso para saber como vai me pagar. – Afirmou.

— Um racha comigo. – Disse e ele me olhou estranhando.

— Um racha? Só eu e você?! Está certo, se eu ganhar, um dos seus parceiros vem pro meu grupo. – Disse e eu dei a garantia da resposta positiva dando um leve soco no braço dele.

— Mas se eu ganhar, a dívida fica quitada. – Ele confirmou com a cabeça, após tomar o que ainda havia de uísque, eu deixo o copo sob a mesa e me distancio saindo.

Por que você? (EM REVISÃO E EDIÇÃO)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora