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Ruan:

Acordei tarde porque fui dormir tarde, a imagem que me vinha à mente era Isabelle me pedindo pra não deixá-la ficar com a família, aquilo me abria um sorriso, mas era um sorriso de saber que ela não é tão tola e superficial quanto aparentava. Eu não posso me meter com ela, mas agora tinha vontade de conhecer a real vida dela, ela contou coisas absurdas, mal contadas porque estava bêbada, mas contou. Ela contou "— Eu não posso viver em paz, porque minha mãe me quer com Pietro, ela quer segurar a grana, mas eu não quero saber, não quero ficar com ele" comentou várias outras coisas de sua vida. Pode parecer loucura da minha parte, mas foi interessante, aquela riquinha tinha necessidades de ser feliz, de ser livre, não sei.
Me trajei e fui dar uma volta, fiz algum serviço e ganhei um dinheiro extra, comprei alguma coisa e comi, fui a casa de Peralta:

— Fala Ruan! – O cumprimentei.

— Iaê, pô. Estou quebrado, mas e ontem vocês conseguiram se livrar? – Ele sorriu pegando dois copos de vidro.

— Sim, fomos todos embora, a gente te deixou porque você próprio... – Interrompi.

— Eu sei! Eu sei! Eu quis que fossem. – Peralta me olhou.

— Você a deixou em casa?

— Foi trabalhoso, mas eu pedi ao mordomo, que estava fumando alguns cigarros no jardim, pedi para colocá-la com cuidado em seu quarto, para que ninguém descobrisse. – Peralta riu.

— E se não tivesse esse mordomo, patrão?

— Eu iria entrar, arrombar as janelas, eu iria dar um jeito de colocá-la dentro de casa. Pedi o silêncio do mordomo e ele disse que só guardaria por dinheiro, eu dei alguns trocados que tinha no bolso. – Peralta deu outra risada.

— Já vi que você agora quer salvar mesmo essa menina... – Eu olhei pra ele e fiz uma expressão indiferente.

— Não, eu faria isso por qualquer outra pessoa. Vamos ver o Léo?

— Vamos! Aproveito e compro alguns fogos de artifício pro racha. – Já íamos em direção a porta e logo partimos.

Isabelle:

Fiquei no meu quarto durante horas, depois desci para almoçar e ninguém almoçava naquele momento, todos já deviam ter comido, almocei e fui para a varanda, liguei para Fabíola:

— Oi garota, como você ta? – Perguntou Fabíola.

— Oi Fabíola. Passei o dia sonolenta, mas tudo bem. E você?

— Estou chateada, mas vou sobreviver. Que ódio de Renan!

— O que houve?

— Vai voltar, ele me ligou e disse, sinceramente vamos terminar, já era. – Lamento! O Renan é ótimo!

— Lamento amiga, mas se acha que é o melhor. Amiga, lembra de alguma coisa de ontem?

— Lembro de pouca coisa, fiquei meio bêbada.

— Eu fiquei muito bêbada, mas Pietro me trouxe e acho que ninguém viu quando ele me trouxe.

— Aah, como ele é fofinho... – Eu até ri com a expressão de fofura na voz dela.

— Achei gentil da parte dele, olha acho que me enganei em relação à ele, ele é ótimo e até agora me ajudou muito.

— Sinto cheiro de casal novo, por ai. – Eu ri novamente.

— Caladinha, que eu ainda não afirmei nada. – Ela riu.

— Sei, sei. Não sou boba, você e ele vão terminar... Tendo alguma coisa! – Disse e eu ri.

— Minha mãe morre, pode crer.

Conversamos muito, nós sempre davamos altas risadas, depois eu precisei desligar, já batiam às 17h e eu fui pro meu quarto, selecionei alguns dos meus vestidos e escolhi um rosa com branco, era rodado e todo delicadinho, fiz um coque no cabelo e às 19h nós iríamos, minha mãe vibrou com a minha roupa, meu pai também me elogiou. Fomos à casa de Pietro e quando chegamos, adentramos a sala e Pietro estava sentado no sofá vestido com terno e gravata, demos um sorriso um para o outro e logo fomos jantar, a mesa estava organizada e impecável, sentei ao lado de Pietro. Terminou o jantar e eu fui para o jardim tomar um pouco de vento, estava ainda cansada:

— Você parece uma boneca de porcelana. – Ouvi a voz de Pietro e sorri com aquilo.

— Muito obrigada. Mas, não acho não. Você também é bonito. – Eu ri e ele beijou minha mão.

— Não tanto quanto você é, olha, já notei que sua mãe é muito afim de nós dois, não é? – Fiquei muito envergonhada, até ele já notou. E como não notaria?

— Minha mãe é louca, não liga. – Disse e ele deu uma risada.

— Mas eu não ligo, minha mãe também é paranóica com algumas coisas. – Fiquei rindo, para não chorar.

— Minha mãe é com tudo. – Disse e ele tocou meu rosto, fiquei o observando.

— Não liga, só a gente sabe se rola ou não. – Ele ia descendo sua mão e a colocando em minha nuca, começávamos um beijo bem lento.

Ruan:

Naquela noite combinamos apenas uma bebedeira, entre os motoqueiros, mas eu não estava afim de ir. Então fiquei em meu rancho, pensando um pouco, tomava um pouco de uísque e relembrava alguns momentos de minha vida e pensava com firmeza, pensei naquelas palavras "— Eu não quero voltar para casa, eu odeio minha casa, odeio tudo aquilo" aquela patricinha ontem me mostrou caráter, mas só porque estava bêbada. Ela deve ter o "rabo preso", tomei um gole de uísque e firmei meus olhos na direção da parede, lembrando de como me puxava para não levá-la para casa, eu queria rir, mas continuava com a expressão séria. Eu já tinha dito aquilo, mas esquece! Eu tenho que voltar a vê-la, quero tirar uma de sua cara, agora abria um sorriso cínico:

— Tenho que vê-la, Isabelle. Quero que você ria de si mesma. – Tomei outro gole e comecei a rir baixo.

Isabelle:

Fiquei um tempo com Pietro, até que meu pai decidiu ir embora, minha mãe ainda ficou chateando para não irmos, mas dessa vez ela perdeu a luta, porque meu pai não nos permitiu ficar. Quando estávamos indo para casa, minha mãe ia ao lado do meu pai, eu e Anne ficávamos atrás conversando. Anne já quase dormia em meu colo:

— Ah, quero que você Isabelle e Pietro fiquem cada vez mais juntos. – Retrucou minha mãe quebrando o silêncio e meu pai me olhou através do retrovisor.

— Isso é uma escolha dela, Hellen. – Disse meu pai e minha mãe riu.

— Escolha dela? Claro que não! Ela não vai escolher, porque já está escolhido, é Pietro e ponto final. – aquilo deixou um ar de tensão dentro do carro.

— Você não pode ser contrariada?! Não acha que essa opção é dela? – Perguntou meu pai e eu fiz a expressão de silêncio, pois a Anne dormia e seria chato acordá-la com eles se matando.

— Calado, Marechal. – Disse minha mãe e meu pai ficou quieto e emburrado.

Por que você? (EM REVISÃO E EDIÇÃO)Where stories live. Discover now