25º

3.4K 193 2
                                    

— Não me importa, pelo menos eu me prejudiquei por quem eu amo – Fechei os olhos ao escutá-la dizer isso, novamente me sentei, começava a chover forte lá fora, os pingos de água fortes faziam barulho ao entrar em contato com as telhas da casa.

— Pequena. – Beijei-a na mão e fui subindo pelo seu braço, até achegar nossas bocas, ela fechava os olhos a espera de um beijo e eu fui deitando-a no colchão – Mesmo que eu me foda, eu exijo que você faça o que você quiser da sua vida, não seja pau mandando por ninguém, se não te faz feliz, não faça. – Disse baixinho, quase silenciosamente, ela escutou e aquilo a fez lacrimejar eu a beijei lentamente enxugando sua lágrima, eu sei que vai ter momentos em que eu não vou poder ficar com ela, terão dias em que precisaremos nos afastar, ou por algo vamos nos afastar.

Com aquela chuva toda ela acabou adormecendo, eu fiquei a observá-la, enquanto me perdia em meus pensamentos sem conseguir dormir, o barulho dos pingos da água nas telhas continuavam, lembrava de cada instante que passei com Isabelle, de como as coisas ocorrerão entre nós dois. Eu não sei como vai ser daqui para frente, minha vida sempre foi apenas minha vida, agora não, agora é minha vida e a dela, no fundo de tudo ela era infeliz com a vida que tinha, a vida monótona. Fui lentamente até uma janela que havia e a abri, observava o lago do outro lado e continuava a pensar. Aquela paisagem era inspiradora. 

— Que tipo de pessoa se apaixona por mim? – Disse, conversava comigo mesmo como se fosse obter as respostas daquela paisagem, sentindo falta do meu uísque - Preciso de força, quero lutar por essa menina, porque eu a amo. – Fiquei encostado na base da janela – Ela não imagina como sobrevivi, ela pensa que me conhece, talvez se me conhecesse mais ela não quisesse estar ao meu lado! 

Pietro:

É o seguinte: agora o jogo tomou outro rumo, minha garota está nos braços de outro, o que Isabelle viu naquele cara? Ele não tem onde cair morto, eu vou sim ser amigo dela, porque só assim vou estar por dentro de tudo que acontece com ela, mas sinceramente acho que ela está ficando maluca. Não pensaram que eu ia desistir dela não, não é? Eu não vou cair agora e principalmente porque isto pode se reverter, imaginem se a mãe dela sonhasse que a filha sai com um motoqueiro que não tem nem onde morar? Não vai ser nada bom,  mas eu vou esperar um pouco, logo ele vai para trás das grades, onde pessoas como ele deveriam estar, não posso esquecer disso. Chamei uma amiga do meu querido irmão e passamos a noite juntos, foi uma boa diversão, mas quem disse que eu a quero? Eu vou lutar pela Isabelle que é quem eu quero desde que eu cheguei, embora ela também não é a melhor do mundo, é apenas uma garota mimada e rica, já conquistei desde ela até a pior. E quanto a ele, o lugar dele é longe das pessoas que não estão no mesmo nível, se não no cemitério. O dia logo amanheceu e a primeira coisa que fiz foi ligar para o advogado de minha família.

Isabelle:

Acabei dormindo e acordei eram 07h05min, vi que estava sozinha, tinha chovido muito e isso era perceptível, levantei e tirei o casaco, vi uma janela aberta e me aproximei vendo de longe o belo lago, era muito bonito, realmente, eu amo estar aqui conhecendo toda essa natureza bela. Me senti um pouco fora do lugar quando ele falou que mataria Pietro, quando estamos com raiva estamos propício a falar que vamos fazer coisas muito graves, isso é normal, mas eu não consigo imaginar que ele vá fazer algo assim, juro que não espero isso.

— Isabelle, pensei que ia dormir até as 09h30min, afinal, ninfetas ricas acordam essa hora? – Acabei tomando um pequeno susto, olhei para ele.

— Eu não sou uma ninfeta rica, sou apenas uma ninfeta. – Disse e ele me abraçou por trás.

— Não acredito nisso, quando completar dezoito, eu até posso acreditar.

— Quando completar dezoito, eu vou embora da minha casa, vou fazer faculdade, vou ser uma advogada.

— E vai me amar cada dia mais. – Virei de frente para ele ao ouvir isto e sorri.

— Eu tenho que ir embora, tenho que achar o meu pai. – Ele me olhou.

— Vem, vamos.

Pietro:

"— Não, a ultima vez que vi Isabelle ela estava subindo na moto de um motoqueiro." Foi isso que eu disse a mãe dela, e ela abominou a ideia sem pestanejar, lamento muito pela Isabelle, mas ela tem que se ferrar um pouco nessa história. Ia dar uma briga miserável, isso é lógico demais. Meu advogado me deu apenas uma informação "— Ele não está na cidade!" não está? Então foi com ela que ele saiu da cidade? Que papel ridículo o dela. Enfim, não vou queimar meus "miolos" por causa disso. 

Isabelle:

Fomos embora e ele me levou em casa, avistamos várias viaturas paradas na frente da minha casa, várias viaturas, umas quatro ou cinco, eu fiquei extremamente nervosa quando vi aquilo e achei plausível parar um pouco antes da rua de minha casa, quando desci da moto Ruan olhou pelo retrovisor as viaturas passando:

— Não me procure até eu ligar. – Ordenou em tom sério.

— Vou fazer o possível para não dar nenhuma pista de onde você está. Eu juro. – Ele me deu um beijo no canto da boca.

— Faz ninfeta. Não é atoa que eu sou louco por você. – Ele disparou a moto e eu caminhei em direção minha casa, eu não tinha dúvidas, eu amava aquele cara.

O problema estava feito, Pietro contou a minha mãe que eu o deixei de lado e estava ficando com um motoqueiro, mas eu não vou permitir que prendam ele, não vou, Pietro e minha mãe podem fazer o que quiserem, nada mudará as coisas. Entrei pelo portão e os policiais que ali estavam me olhavam atentamente, sem olhar pros lados, encarei minha mãe e seu novo "namorado" que estavam logo na sala.

— Andem, policiais, vão atrás do motoqueiro. – Ordenou o tal Mariano, e eu o olhei, agora ele vai me ouvir.

— Nossa! Agora eu tenho um novo pai, meu querido desconhecido, ninguém vai atrás

do motoqueiro, afinal eu gosto do motoqueiro e eu estava com ele numa boa, não se meta na minha vida, você é juiz, seja lá o que for, mas não tem esse direito, ficar com a minha mãe não é dar uma de "papai" para mim, eu tenho alguém que faz esse papel perfeitamente bem e você mãe, obrigado pelo teatro, mas não precisava, estava melhor até que você. – Sabe aqueles vinte segundos de coragem? Pronto, foram ali. Minha mãe odiou minhas palavras e sentia constrangimento, o tal juiz ficou a me olhar impressionado também. Ambos eram patéticos.

— Isabelle, suba essa escada e fique em seu quarto, eu vou falar com você a sós. – Disse minha mãe apontando para a escada.

— Não te obedeço, você perdeu a moral há muito tempo. – Falei e o juiz me olhou.

— Garota, não seja tão grossa, a preocupação de sua mãe enquanto você estava fora foi significante. – Quem era ele? Coitado! Um fantoche que a minha mãe governa, como ela sempre faz não é mesmo?

— Preocupação? Desde quando ela se preocupa comigo? Acho que se você vai namorar alguém, deveria conhecer melhor essa pessoa. – Eu comprei a guerra quando disse aquilo, mas eu faria aquilo mil vezes por Ruan.

— Estou decepcionada com você. Isso é deplorável. – Falou minha mãe e por incrível que pareça aquilo não me magoou. Acho que se de alguma forma eu consegui atingi-la, eu estou com o objetivo cumprido.

— Sentiu, como é ser decepcionada? – Perguntei andando em direção a escada e as subi rapidamente, fui para o meu quarto.

— Vão atrás do homem que estava com ela! – Gritou a minha mãe, eu estava longe, mas pude ouvir. 

Por que você? (EM REVISÃO E EDIÇÃO)Where stories live. Discover now