21º

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Isabelle:

E eu tive certeza de que sim, que era dele que eu precisava, ele pegou meu número e eu peguei o dele, como eu não havia levado o meu celular, ele anotou num pequeno pedaço de papel e me entregou, ele me deixou próximo a minha casa e nos despedimos com "— Até logo!", quando entrei pelo portão notei que o mordomo estava a me encarar e estranhei, entrei pela porta e minha mãe me olhou.

— Onde passou a noite? – Perguntou me olhando, e eu fiz uma expressão de desentendida, mas não ia adiantar.

— Fui a uma festa e me diverti. – Falei e ela me olhou como se suspeitasse que era mentira.

— A noite em uma festa? Que tipo de festa? – Perguntou com aquele mesmo olhar.

— Uma festa mãe! Desde quando se importa com onde eu vou ou não? – A olhei e Marques adentrou a casa pedindo licença.

— Marques, me diga onde a deixou. Eu sei foi você que a levou e eu quero saber onde ela estava! – Falou minha mãe e ele ficou nervoso, tanto que suas mãos tremiam. 

— Mãe, ele... – Ela não me deixou terminar de falar.

— Marques, onde a deixou? – Marques me olhava de lado, coitado dele.

— Senhora, eu realmente a deixei em uma festa. – Ele se sentia entre a cruz e a espada, e eu mal o olhava de tão constrangida com a situação.

— Deixou? – Perguntou ela o olhando, eu não sei como vou tolerar minha mãe.

— É mãe, ele me deixou em uma festa. – A olhei com um sorrisinho no rosto.

— Marques, nunca mais leve a Isabelle a nenhum lugar sem me perguntar antes. – O QUE?!

— O que mãe?! – A olhei sem acreditar naquela ordem.

— Está certo senhora. – Falou Marques saindo da sala.

Ela me deixou falando sozinha, reclamando sozinha, fiquei completamente enraivecida, mas não pude fazer absolutamente nada, quando a minha mãe insiste em algo, acho que já deu pra perceber que ela cisma de tal modo, estava decidida a assumir os meus sentimentos por Ruan, a minha vontade de ficar com ele.
Eui para o meu quarto e tomei um bom banho, estava sorrindo porque eu tinha tido a melhor noite da minha vida, me sentia tão bem, agora eu preciso encontrar o meu pai, tentei diversas vezes ligar para o celular dele e quando já ligava pela quinta vez, em fim, ele atendeu:

— Pai? – Falei me sentando na minha cama.

— Isabelle, como está? – Abri um sorriso ao ouvir aquela voz.

— Pai... Obrigada por me atender, estou preocupada com você, meu amor! Eu tenho que saber onde e como você está.

— Lamento filha, mas estamos longes, sua mãe pediu uma intimação para que eu só pudesse vê-la uma vez a cada dois meses. – O que? Uma vez em dois meses? Minha mãe está ficando louca!

— Pai... Isso não pode acontecer, principalmente porque eu quero ver você mais vezes. Muitas outras vezes.

— Ela contratou vários advogados e não sei ainda como fez, mas conseguiu que tudo ficasse bom para ela. Tudo favorável. – Disse ele e eu estava muito irritada com aquela situação, eu não ia aceitar fácil aquilo. Tudo estava revirado de ponta cabeça.

— Olha, eu tenho que recorrer!

— Não se complique, o que eu menos quero é que você e Anne sejam mais afetadas por isso do que já foram, eu acabei inventando que ia viajar e sua irmã tem esperança de que eu volte para levá-las. Arrume um jeito de contar a verdade. – Infelizmente, eu não consegui me conter e deixei algumas lágrimas de saudade escapar, meu pai era uma boa pessoa, o importante para ele seria apenas proteger a mim e Anne. 

— Pai, eu vou contar a verdade. Mas, eu te imploro que não vá pra longe e que fique sempre pertinho de nós. – Dizia com a voz anasalada,porque as lágrimas sempre me deixam com o timbre nasal.

— Sei que isso te entristece, sua mãe está tentando nos afastar, ela não vai conseguir. – Falou ele e eu deitei na cama com as lágrimas a escorrerem.

— Eu vou completar dezoito anos. – Disse, mas iria demorar um pouco, estávamos no primeiro mês e eu era do ultimo mês do ano.

— Até lá, terá que ser forte.

— Pai, me passa o endereço de onde está, eu tenho que te ver.

— Vou passar.

Ruan:

Eu a deixei em casa, Peralta já havia ligado para o meu celular e só agora eu tinha visto, ele me deixou um recado pedindo que eu o visitasse, após deixar Isabelle em sua casa, fui diretamente ao rancho de Peralta.

— Manda, parceiro. – Falei o cumprimentando com um aperto de mãos.

— Então, me fale ai. Por que nos deixou ontem? – O olhei sentando em uma cadeira.

— Eu tive compromisso. – Ele já sabia que era com Isabelle.

— Sim, realmente está se relacionando com ela? – Perguntou colocando uísque em dois copos.

— Estamos juntos.

— Por um momento achei que fosse uma vingança tua, deixar essa garota aos teus pés e depois fazê-la se ferrar, mas... Você não está de brincadeira. – Me entregou um dos copos e eu o olhei seriamente.

— Na verdade nunca foi minha intenção, eu apenas queria me vingar pelo acidente do Léo, ela acabou se pronunciando, isso me chamou a atenção... Ela não teve culpa. – Parei de falar, não queria dar tantos detalhes, apesar de Peralta ser meu grande amigo. Era difícil pra ele entender como as coisas estavam acontecendo.

— Olha, você sabe o que fazer, eu estarei aqui para o que precisar, que dê tudo certo com essa garota. – Falou e eu sorri, Peralta era um bom amigo, sempre foi.

— Valeu. – Eu sei que o negocio vai ferver quando isso começar a correr pelos ouvidos da cidade.

— Não vamos fazer nada com o filho da puta que machucou o Léo? – Não sei, é que se eu fizer qualquer coisa com ele vou acabar fodendo demais com a vida dele, filhinhos de papai não aguentam pressão, acabam enfartando.

— Talvez, pela honra do Léo. Não sei. Pelo menos não por enquanto. – Foi a única coisa que pude falar, nem afirmar, nem negar, sem expectativas. Mas, poderiam existir.

Isabelle:

Eu não fiquei em casa porque eu não ia aguentar, fiquei durante horas deitada enquanto pensava em tudo o que havia acontecido, em como eram diferentes as coisas em minha vida a alguns meses atrás, no meu último ano de colégio, meus planos eram fazer faculdade e me tornar dona de uma empresa bem sucedida, eu não tinha planos mais, porque tudo que eu planejei não iria se realizar e isso poderia ver a quilômetros de distância, eu tinha que catar os pedaços da minha família. Eu queria falar para Fabíola que agora eu estava gostando de verdade de alguém e quem era esse alguém, mas tinha medo. Ela é minha melhor amiga, eu quero muito contar para alguém, e sem dúvidas essa pessoa deveria ser ela!

Já davam às 14:50 e eu liguei para Fabíola avisando que alguns minutos depois eu estaria em sua casa e que queria conversar com ela, ela confirmou, e eu não fui com Marques. Ele cumpriu as ordens da minha mãe, eu peguei uma bicicleta e fui para a casa dela:

— Oi amiga. – Falou me dando um abraço, a abracei.

— Oi gatinha, preciso muito falar com você! – Disse enquanto adentrávamos a casa dela, fomos em direção o quarto.

— É o que já precisava me contar há um tempo? – Perguntou sentando na cama e eu ia ditar as condições.

— Sim, é! Por favor, apenas ouça, depois você comenta, não me dê opinião negativa porque eu sei que vou receber muitas de outras pessoas! – Afirmei e ela estranhou o começo da conversa.

— É tão grave assim? – Perguntou.

— Não é grave. – Disse e ela me olhava.

— Conta logo! – Sentei em sua frente colocando todo meu cabelo atrás das minhas orelhas.

Por que você? (EM REVISÃO E EDIÇÃO)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora