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Isabelle:

Não conseguia nem falar direito, faltava a voz, eu sabia que aquilo ia acontecer, mas não tão rápido, eu chorava de desespero chegando a soluçar, pedi aos empregados que colocassem Pietro no sofá enquanto eu chamava uma ambulância, ele gemia de dor e sangrava. Agora não restam dúvidas de que nós estamos completamente ferrados. Para piorar as coisas minha mãe chegou:

— Minha filha, o que aconteceu? Alguém chame uma ambulância. – Falou minha mãe me olhando, já nervosa.

— Já chamei mãe. Alguém bateu nele. – Ele abriu os olhos e ainda gemia com a dor.

— Não se preocupem, eu vou ficar bem. Isabelle, cancela a ambulância, não quero outro escândalo. – Disse Pietro. Minha mãe tocou o rosto dele.

— Meu querido, quem tem coragem de machucar você? Você é um príncipe! Esses marginais não merecem nada na vida. – Falou ela e eu a olhei.

— Senhora, eu vou ficar bem. Obrigado. – Falou e eu sentei no sofá quase chorando.

— Vou pegar a caixa de primeiros socorros meu querido. – Minha mãe foi para a cozinha e Pietro se sentou e me olhou.

— Entramos em um jogo e vamos nos ferrar. – Debrucei meu corpo sobre o sofá, chorando.

— Vou ver o que posso fazer, não vai ficar assim, eu juro. – Falou sentindo as dores em seu abdômen e o alisando com as mãos.

— Estamos ferrados, Pietro. Ferrados! E tudo isso, graças a você... A você e a falta de consciência da gente que provocou a fúria deles! – Falei alto, acho que exagerei nas palavras.

— Calma, Isabelle! – retrucou.

— Pietro, se quiser passar a noite aqui em casa, pode passar. Você não pode andar, está muito machucado e o melhor é que fique em repouso. – Falou minha mãe, tudo bem que ele está machucado, mas dormir aqui? Sério que ela propôs isso?

Em fim, o Pietro foi para casa e cancelamos o pedido a ambulância, ele não queria que aquilo virasse manchete pro jornal do dia seguinte. Eu fui pro meu quarto, não hesitei em chorar, estava completamente desesperada, me sentia culpada e pensar naquilo tudo, me fazia pensar em mil coisas e uma delas era "— Enfrente o motoqueiro, não permita que ele te faça medo", mas vinha outra "— Fuja! Ele é mais forte! Ele quer acabar com você.". Eu queria tentar dosar esse medo! Agora sentia raiva e sem dúvidas eu não queria passar novamente por algo tão ameaçador.
Liguei para a Fabíola, contei o que havia acontecido e o que eu pensava em fazer, e ela indagou "— Você é louca?! Enfrentar? Acha mesmo que isso vai dar certo?! Porque eu não acho nada bom." mas depois ela pareceu entender o que eu queria, porém sentia medo "— Não sei dizer, mas ficar cara a cara com ele... Pode ser perigoso demais!" assim que desliguei, por ter chorado e estar cansada acabei dormindo rapidamente. Acordei às 07h30min, tomei um banho e desci para tomar café, meu pai estava sentado tomando o seu.

— Bom dia, pai. – Falei o olhando e ele me olhou, vi em seus olhos que estava tenso. Conhecia porque ele não conseguia parar numa página do jornal, ele ficava passando muito rápido.

— Bom dia, Isabelle. Soube do que aconteceu com Pietro, como ele está?

— Não sei, mas deve estar bem, eu espero que esteja. – Meu pai me olhou como se desconfiasse de algo, eu não entendi o olhar, ficamos em silêncio por alguns segundos quando minha mãe chegou.

— Então, bom dia para a família mais linda. – Ela estava com um vestido curtíssimo e um sapato que tinha uns 15 cm de altura.

— Bom dia, Hellen. – Falou meu pai com aquele tom de sarcasmo.

— Para onde vai assim, mãe?

— Reunião com os funcionários da empresa. – Minha mãe passou dos limites em suas provocações! Passou!

— Reunião ou... Festa da noite mãe? – Meu pai me olhou e olhou para minha mãe.

— Você não vai assim, Hellen! Não queira ser um holofote! Se troque, nós vamos para um ambiente que exige vestimentas sociais! – Falou meu pai levantando da cadeira e a olhando.

Ruan:

Foi uma noite conturbada, cancelaram a corrida que ia haver por respeito a Léo.
Eu articulava uma aproximação da tal Isabelle, aquela ninfetinha medrosa. Acordei cedo e fui ao hospital visitar Léo, ele estava com o rosto coberto por faixas brancas, apenas olhos, nariz e boca estavam visíveis e estavam inchados, alguns cortes, ver aquilo me fazia lamentar, porque ele era honesto e boa gente, por isso tenho que fazer alguma coisa pra vingá-lo. É uma questão de honra.

Isabelle:

Aquele maldito visual de minha mãe fez outra briga surgir, e nesta, foram ditas palavras que acabaram suando forte "— Você está me matando, perto de você eu me sinto com asfixia!" meu pai não aguentava mais a minha mãe, aquela ambição, as provocações e tantas outras atitudes!
Queria respirar um pouco de ar fresco e desparecer um pouco. Então fui à casa de Fabíola, eu precisava me divertir um pouco ou ia acabar ficando louca:

— Fabíola, gatinha. – A abracei forte.

— Menina, me preocupei com você ontem... O que me contou. Como você conseguiu olhar pros olhos daquele motoqueiro?  Está louca? – Sentamos no sofá e aquela conversa ia render.

— Mal olhei, ele me ameaçou novamente, não sei o porquê, mas não sei se tenho medo ou concordo com ele. – Falei e Fabíola me olhou sem entender.

— Está louca? Concorda com ele? – Eu entendia o que ele estava sentindo.

— Seria ótimo se alguém atropelasse você e nem ligasse? Eu ficaria puta da vida! Entendeu agora? – Ela ficou pensativa.

— Não devíamos ter permitido aquilo. – Baixou a cabeça e eu acho que lamentar não faz sentindo, a culpa não foi exatamente nossa, mas também foi.

— Mas... Não temos nada a fazer. Juro que não vou ficar com medo daquele cara, eu tenho que enfrentá-lo, o máximo que ele pode fazer é me assassinar e queimar meus restos mortais – Eu falei em tom de humor.

— Não aconselho, mas acho que se ficar como dois cães acuados... também não vai ajudar. – Isso me deixava trêmula, pensar em enfrentá-lo era suficiente pra me dar medo.

— Eu vou conseguir, quando será que tem outro racha daquele? – Perguntei a olhando.

— Ao racha? Você vai ao Racha?! Que? – Exclamou surpresa.

— Sim, ao racha. Tenho que encontrá-lo em algum lugar e só lá eu tenho quase certeza que vou encontrá-lo, me entende? – Ela fez uma expressão preocupada.

— Sim, eu entendo. Vou com você, certo? Eu não vou deixar você sozinha num momento desses. O que vai dizer aos seus pais? – Perguntou e eu pensei um pouco.

— Ah... Não sei! Que eu vou dormir aqui! – Ela continuava com a expressão de preocupação. Era realmente como uma irmã para mim.

— Vou me informar com uma prima minha, talvez ela saiba de quando vai ter racha, e a gente vai. – Ela sorriu ainda preocupada e eu mudei o assunto.

— Pietro tentou me beijar ontem, antes de levar a surra. – Ela fez uma cara de surpresa.

— Safada! Eu sabia que nessa fumaça tinha fogo! – Interrompi ela.

— Ei, ele tentou mas não conseguiu viu... – Ela riu.

— Não conseguiu? Mas como assim?

— Querida, eu não sou tão fácil assim. O Pietro é todo assanhado, vai ter que conquistar se quiser alguma coisa. – Ela deu outra risada.

— Ele tem uns olhos perfeitos.

— Belos olhos, mas não são suficientes para sustentar uma relação. – Ela sorriu.

— Cedo ou tarde você vai ceder aos olhos azuis de Pietro. Cuidado.

Por que você? (EM REVISÃO E EDIÇÃO)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora