18º

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Ruan:

Meu interior insistia em saber como estava a vida de Isabelle diante daquele problema, por que isso? Por que eu quero tanto vê-la? Eu não vou passar nenhuma necessidade, eu vou atrás de respostas sobre aquela garota, já apontava às 20h45min no relógio e eu me trajei para dar uma volta, sai pelas ruas da cidade buscando alguma diversão, mas terminei indo onde eu queira ir, fui a casa dela, quando cheguei parei a moto e por algumas vezes buzinei mas não vi a janela ser clareada pela luz, eu desci da moto e em fração de segundos, enquanto eu colocava o capacete em cima da moto, um carro parou em frente à casa, era o mesmo carro, o mesmo garoto e ela estava chegando com ele, rapidamente disfarcei que estava ali e ela não havia nem suspeitado. Percebi pelas palavras ali faladas que estavam se despedindo, ela agradecia por ele ter a consolado, era algo que transpassava ajuda e proteção.
Eu não tinha o que fazer ali, eu realmente estou me comportando como um imbecil, quem sabe agora eu não paro de me importar com ela, afinal, essa garota tem quem cuide dela. Coloquei meu capacete, dei a volta e disparei rapidamente.

Isabelle:

Me sentia melhor, Pietro me ajudou, conversou comigo e realmente ele era uma boa pessoa, apesar de já ter sido um garoto asqueroso, agora não é mais. Ficamos até umas 20h40min no apartamento, rindo e conversando, foi uma ótima distração, não sei, ainda não tirava da cabeça aquela noite em que eu e Ruan ficamos juntos, por que eu estou pensando tanto nisso?
Fui pro meu quarto e descansei um pouco e logo fui tomar um banho para relaxar, agora ficava intensamente pensativa.

Por que eu não consigo parar de pensar em alguém que não posso pensar, por quê?! Por quê?! Desci para tomar um copo de leite e minha irmã estava comendo um pedaço de torta:

— Anne, viu o papai? – Perguntei e ela me olhou.

— Sim, sim. Adivinha?! Adivinha?! – Ela falou tão feliz que eu estranhei, me agachei perto dela.

— Nem se eu quisesse Anne. Fala, o que quer que eu adivinhe? – Ela sorriu.

— Papai disse que vai viajar por um tempo e depois volta para pegar eu e você. – Engoli seco.

— Papai disse o que? – A olhei.

— Ele disse que precisava viajar de pressa, mas que ia voltar para levar eu e você. Por que ele não ia levar a mamãe? – Escutar aquilo me fez fechar os olhos de tensão.

— Anne, o papai não saiu de casa com mala não né? – Meus olhos se encheram de água, meu coração apertou.

— Sim, levou uma mala bem grandona! – Não posso acreditar que ele já foi, não posso. Lágrimas desceram sob o meu rosto e Anne me olhou estranhando a minha reação.

— Mas, ele vai voltar pra pegar eu e você, só não sabe quando... – Disse ela e eu a olhei em meio a lágrimas.

— É que eu vou sentir falta dele, Anne. Vem cá, me abraça. – Ela me deu um abraço, ela acredita que ele venha nos buscar, mas a dificuldade que há nisso, é enorme.

— Bobinha, ele vai voltar. – Eu chorava no ombro dela, o que ia ser de nós duas agora?

Me deitei com as lágrimas rolando, deixei apenas a luz lunar adentrar e clarear meu quarto através da janela, eu chorava porque não sabia para onde meu pai tinha ido, nem como eu e Anne iríamos nos virar sem a presença dele, e sabe quando a imagem de uma pessoa de repente aparece em sua mente, comecei a lembrar do rosto de Ruan, eu necessitava lembrá-lo, comecei a cantar baixinho uma música que acabou me lembrando ele.

— Eu me lembro sempre onde quer que eu vá, só um pensamento em qualquer lugar, só penso em você... Em querer te encontrar... – Cantava baixinho e deixava minhas lágrimas rolando. Sem dúvidas, eu queria muito vê-lo. – Ruan, eu não posso aceitar que você seja só uma lembrança, eu não vou conseguir. – Disse isso e cai de cara no travesseiro, chorando.

Acabei adormecendo e acordei com os olhos bem inchados, ao abri-los senti que estavam menores do que são, havia esquecido de fechar a janela e o sol acabou clareando demais o quarto, eram 08h20min e fui tomar um banho rápido, desci para tomar café e sentia falta da presença do meu pai, não sei para onde ele tinha ido, mas queria que ele ficasse bem. Minha mãe estava esperando Anne para levá-la ao balé, usava roupas coladas e salto avantajado, parecia que ia a um desfile de moda. Eu mal a olhei, desci as escadas olhando para baixo, mas não ia adiantar, a conheço:

— Nem um bom dia, não é Isabelle? – Falou alto e eu a olhei.

— Precisa do meu bom dia? – Fui bem grossa, mas sentia raiva dela, ela fez muito mal ao meu pai, a alguém que tirou ela da miséria e sempre foi muito plausível.

— Pelo menos seja educada. – Falou e Anne descia vestida para ir ao balé.

— Mamãe, papai viajou e vai voltar pra buscar eu e ela. – Falou Anne e minha mãe fez uma expressão de que não havia nem se importado com isso.

— Vamos Anne, se apresse. – Falou minha mãe e eu a olhei.

— O papai viajou mãe?! Sabia?! – Falei em tom irônico e aquilo a irritou.

— Eu já sabia! – Disse, mas com certeza queria dizer "CALADA ISABELLE!"

Ruan:

Fiquei até umas duas horas da manhã com Maria, então ela foi embora, pois tinha que fazer alguns dos seus "trabalhos". Dormi da hora que ela saiu até 06h30min, tinha que fazer um trabalho que tinham me pedido a alguns dias. Peralta me avisou que ia ter uma bebedeira, e essa bebedeira seria às 23h00min. Estava fazendo um trabalho em uma oficina mecânica de motocicletas, terminei eram quase 14h, dei uma volta pela cidade e depois fui pro meu rancho. Ao chegar sentei na cama e me veio a mente a imagem daquela garota! Eu não vou ficar pensando nela, nem de brincadeira. Tenho que arrumar alguém que me dê distração, para que eu a tire de minha cabeça aquela mimada.

Isabelle:

Se iniciava uma espécie guerra fria entre eu e minha mãe, onde quase nunca nos atacamos, mas ali há um atrito e a qualquer momento por gerar alguma discussão. Queria descobrir onde meu pai estava, liguei para a empresa dele, mas me disseram "— Marechal Moraes não está mais como diretor e dono", para onde ele foi? Que ele esteja bem onde ele estiver! Fabíola me ligou avisando que viria a minha casa e depois de alguns minutos ela chegou.

— Olha eu lamento pelos seus pais. – Falou me olhando trazer dois potes de sorvete, entreguei-lhe um e fiquei com o outro, sentei no sofá. 

— Isso é ruim, mas há algo a mais que está me matando por dentro. Para ser pior.  – Eu tinha que contar sobre Ruan, mas tinha medo que ela achasse um absurdo, não sei, tenho medo.

— Pode me contar, amiga. – Disse e eu pensei um pouco antes de contar, eu sei que ela iria achar uma loucura.

— Eu não me sinto segura, não por enquanto, me entende? – Eu não conseguia contar, não sei se ela iria entender e como vai reagir, tinha uma vontade enorme de voltar a ver Ruan. Teria que vê-lo, não sei explicar, mas eu quero muito.

Por que você? (EM REVISÃO E EDIÇÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora