Capítulo 14 - Jongin

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Haviam me atribuído um projeto de pouco orçamento sobre um produto para matar baratas. Ao menos, eu tinha trabalho, mas não era isso o que eu queria. Eu tinha me esforçado muito na universidade e me matei estudando para me formar com notas altas; Entrei em uma empresa excelente, e inclusive, eu tinha um secretário, mas não me davam nenhum projeto que valia a pena, até agora. Eu não posso explicar a frustração que eu sentia. Era terrível ver como a minha carreira estava parada. Meu sonho era realizar anúncios de fabulosos automóveis, e não de inseticidas.

Graças ao meu estado de ânimo, eu me deixei ser influenciado por Lu para voltar àquele bar de motoqueiros. Eu tinha aceitado sair com o meu amigo que queria ver a apresentação do seu exclusivo (um novo termo para referir-se ao namorado, Sehun). Taemin tinha nos acompanhado ao bar de motoqueiros só porque estava curioso sobre o anjo com tatuagens e um pênis super-qualificado que Lu não se cansava de se vangloriar.

Taemin fugiu para o banheiro quando os gritos de Sehun alcançaram o ponto mais alto, e eu como melhor amigo, os suportei, obstinado. Logo depois de alguns minutos, meu colega voltou se contorcendo de tanto rir.

— Vocês não vão acreditar no que escutei! — ele disse.

— O que aconteceu, Tae? O que é tão engraçado?

— Eu estava mijando quando dois caras chegaram ao meu lado, fiquei entre eles nos mictórios, mas eles continuaram falando: "Então é verdade?", perguntou o da direita, "Eu já disse que sim", respondeu o outro, "Na noite passada eu estava mijando, e Sehun parou ao meu lado, e eu te juro que o pau desse cara é equivalente à fusão de três do meu tamanho". E eu não pude deixar de comprovar o tamanho dele, e só posso dizer que... — então Taemin fez um gesto com as suas mãos marcando uma grande distância, e eu acabei cuspindo a minha cerveja. Luhan sorria vitorioso.

Mas, Luhan! — o recriminei.

— Eu disse! Ele é o maior de todo o mundo.

— E você aguenta tudo isso, não? — perguntou Taemin, ainda rindo tanto que estava segurando o seu estômago.

Luhan moveu as suas sobrancelhas para cima e para baixo, maliciosamente.

— Você está agindo feito uma raposa, Lu! — eu disse surpreendido, mas rindo também.

Sehun terminou de cantar e veio até a nossa mesa. Luhan se levantou para dar-lhe um beijo na boca, e depois de cumprimentá-lo, Sehun tomou o banco de Lu e sentou o meu amigo em seu colo já que não tinha outro banco livre. Meu amigo corou, possivelmente porque sabia no que Tae e eu estávamos pensando: "Sobre o que você está se sentando, Lulu?"

Taemin e eu mordemos a nossa língua para não darmos gargalhada. E pelo resto da noite, eu nem sequer queria olhá-lo porque eu sabia que se eu visse Tae segurando o riso, ia ser o meu fim e Sehun acabaria descobrindo a nossa piada. E também, porque Lu nos mataria.

Meu amigo e o pseudo-cantor formavam um belo casal. Descobri que o cara e eu nos dávamos realmente bem, e que ele não era tão rude como parecia; Sehun tratava Luhan com descaramento, e em seguida com muito cuidado; como se o assustasse que meu amigo decidisse deixá-lo a qualquer momento.

Mais tarde tive uma surpresa. Quando os outros integrantes da banda Ohorat, Key e Xiumin chegaram para nos fazer companhia, Xiumin era idêntico ao cara da carteira que o ladrão tatuado tinha deixado em minha casa, e de fato, eu a tinha trazido comigo para devolvê-la se o visse.

— Kim Minseok?

— Oh! Como você sabe? — ele perguntou surpreso.

— Encontrei isso na rua, fora desse bar — eu disse, devolvendo a sua carteira. Seus olhos se iluminaram.

— Eu não posso acreditar...

— Como você a perdeu, Xiumin?

— O quê? Hmmm, não lembro. Eu estava bêbado.

Então, Xiumin tinha perdido as suas coisas em uma bebedeira? E eu havia julgado tão duramente o amor da minha vida?

Dizer que me senti como um completo idiota, não é suficiente, mas o *dharma me deu uma outra oportunidade de ver o homem inocente mais uma vez.

Eu o encontrei em um fim de semana, fora de um supermercado. Ele estava acendendo um cigarro.

— Olá — o cumprimentei quando parei ao seu lado. Ele me olhou de soslaio antes de dar uma última tragada no cigarro. Desta vez, ele estava usando todos os piercings como na noite em que o conheci, exceto que vestia um casaco largo. — Eu estava querendo me desculpar pelo o que aconteceu na última vez... Eu não devia ter te tratado daquele jeito. — Ele me olhou irritado e caminhou até a estação de ônibus da esquina. — Pelo menos me diz o seu nome. — Implorei, segurando-o pela mão, mas ele só se livrou do meu aperto e voltou a andar. Apressei-me a me pôr na frente dele, interrompendo os seus passos. — Sei que há uma explicação sobre o porque de você estar com aquelas coisas que não te pertenciam.

— E têm, mas não estou a fim de te dizer — ele disse, olhando-me nos olhos.

— Lamento pelo modo que te tratei.

— Você já disse isso.

— Podemos conversar?

— É melhor você esquecer que me conheceu.

E isso foi tudo. O cara se foi, e eu não insisti mais.

Por eu ter sido preconceituoso e precipitado em tirar conclusões, eu tinha perdido a possibilidade de estar com o homem mais interessante que eu tinha conhecido em toda a minha vida.

Suspirei irritado comigo mesmo.

Sob a luz do sol, seu cabelo era mais vermelho, e ele parecia um pouco mais bonito. Lembro-me de tudo o que tínhamos feito na noite em que ele esteve em minha casa, e eu senti muita vontade de bater a minha cabeça contra a parede. Eu já estava conformado em não vê-lo mais.

Minha falta de sorte não acabava aí. Eu, realmente, estava passando por uma fase terrível. Comecei a passar mal de acidez estomacal e sentia ânsia, especialmente pelas manhãs. Uma tarde, voltando para casa, meu velho carro se recusou a ligar e eu precisei chamar o guindaste para que o levasse até a oficina de Sehun. Era noite quando eu andava de volta para casa, esperando que, ao menos, não chovesse sobre a minha cabeça, mas não tive boa sorte, e não, não me refiro a que choveu sobre mim, e sim a isto, não vão acreditar em mim, mas...

... Eu encontrei três bandidos brigando em um beco. Eu tinha que passar por ali, embora parei porque eu não queria me ver envolvido; seria como encerrar a noite com chave de ouro sobre tragédias, e não, muito obrigado, mas passo.

Eu já tinha dito que eu não sou o cara mais corajoso do mundo.

Me diverti ao assistir esses caras brigarem. Já viram as lutas de "Matrix"? Porque diante dos meus olhos ocorria exatamente igual. Quer dizer, o cara que estava usando um casaco defendia-se de dois homens que o atacavam. Eu não podia ver os seus rostos porque estava muito escuro, mas eu via os chutes voando e escutava os punhos se chocarem contra os músculos alheios. Quando o cara de casaco virou, eu pude reconhecer o cara das tatuagens com o qual eu tinha transado, e me pareceu estranho ver o seu ventre saliente quando o casaco foi aberto. Gritei à eles que eu chamaria a polícia quando vi que um deles tentou assassiná-lo cravando-lhe um punhal. Os dois bandidos saíram correndo, e a vítima também tentou, mas eu tinha que ir atrás dele.

Ele estava deixando um rastro de gotas de sangue enquanto andava; ao menos devia chamar uma ambulância. Qualquer um teria feito o mesmo, ou não?

Suponho que acima disso, o dever de um bom cidadão me impulsionou à fantasia de que se eu o ajudasse a sair dessa, ele me perdoaria por tudo o que eu tinha o causado no passado e nós acabaríamos nos beijando, recordando o quão difícil foi o nosso começo.




*Darma, Dharma ou Dhamma, significa "Lei Natural", "Realidade", ou "Vida" no modo geral. Com respeito ao seu significado espiritual, pode ser considerado como o "Caminho Superior". O Dharma se refere geralmente ao exercício de uma tarefa espiritual, mas também significa ordem social, conduta reta ou, simplesmente, virtude.

Projeto Haema Hippocampus [Tradução PT-BR]Where stories live. Discover now