Capítulo 2 - Luhan

Start from the beginning
                                    

Você teria vendido a sua alma ao diabo para sair dali.

Eu só era bom desse jeito, porque esperava que se meus pais um dia descobrissem o meu segredo lembrariam-se de que apesar disso, eu havia sido o filho perfeito, e desse modo me perdoariam por ser gay. Mas eu desejava estar longe para abrir as minhas asas multicoloridas e poder voar sem machucar ninguém. Por isso, quando tive a oportunidade de ir embora de casa, nem sequer pensei duas vezes.

Jongin havia ingressado em uma universidade na capital e seu pai veio me visitar, muito preocupado. Eu tinha fama de ser o bom garoto do bairro e também de melhor amigo de Jongin. A proposta foi muito clara: Eric me ofereceu ajuda para conseguir um emprego na capital se eu me dispusesse a informá-lo sobre os passos de seu filho sem que o mesmo soubesse. No início me pareceu algo estranho, mas Eric me explicou que sendo o seu filho um autêntico descuidado, ele temia por Jongin simplesmente enlouquecer e largar os seus estudos, portanto, esta só era uma maneira inocente de cuidar de Jongin. Eric falou de um modo tão conciliador que cheguei a pensar que o seu verdadeiro plano era me ajudar a sair daquele lugar, de me ajudar a estender as minhas asas... Então, eu aceitei.

Fui empregado como assistente de um dos publicitários da "Publicidade Gold", e o salário que eu ganhava dava para pagar um pequeno e feio apartamento. Mas mês após mês, o senhor Eric começou a depositar razoáveis quantias de dinheiro em troca de ligações esporádicas onde eu contava sobre as coisas que Jongin fazia na universidade. Coisas simples, como: como ele ia nas aulas e quais eram as suas notas; ou se ia a festas e se estava namorando alguém. Tudo isso era um segredo para o meu amigo.

No início, eu me sentia muito culpado, mas o senhor Eric nunca se intrometeu em nada, então, depois de um tempo pensei que ele somente se tratava de um homem muito super-protetor. Me pareceu amável, já que ele e Jongin não eram muito próximos, e no final aí estava, o amor paterno expressado de uma maneira estranha. Maneira que certamente a mim beneficiava.

Os anos passaram, e eu cada vez me apaixonava mais por essa cidade em que Jongin me levava às suas festas universitárias, onde eu podia me envolver com garotos, e na noite seguinte trocar ideias.

Agora eu tinha os meus próprios romances! E era maravilhoso. O único problema era o meu chefe... Eu acho que se devia a minha origem chinesa, porque esse bastardo do Lee Soo Man era um fodido racista. Ele me mantinha o dia inteiro imprimindo, enviando cartas, atendendo ligações, servindo-lhe café, comprando presentes para a sua esposa, comprando presentes para as suas amantes, cobrindo-lhe o traseiro a cada vez que fugia e, também, eu tinha que chupá-lo quatro vezes até agora. Não o pé, e sim o seu... já sabem, chupá-lo.

Eu gostava da vida na cidade, eu tinha economizado o suficiente para começar a estudar administração de empresas em uma universidade particular, e eu já estava com o meu segundo ano completamente aprovado, faltavam apenas três. E sei que eu já não tinha idade para andar perdendo tempo, e se eu não chupasse aquele velho asqueroso, ele me expulsaria a chutes porque havia uma fila de assistentes muito mais qualificados do que eu procurando emprego nesta mesma empresa. Eu não podia perder este cargo! Toda vez que ele me pedia isso, eu o fazia e quando eu ficava sozinho, vomitava.

Maldito velho, como eu o detestava!

Às vezes, eu cuspia em seu café como vingança. Mas, mesmo com todas as coisas ruins, eu queria continuar ali.

Certa vez, voltando de uma ordem de Soo Man, o carro encalhou na frente do "Hard Rock Beer", eram oito da noite e soltei um palavrão, porque só eu trabalhava como um escravo fora das horas de trabalho. Chovia muito também. Olhei o meu celular e ele estava sem bateria. Murmurei muitas maldições contra o meu superior, e logo decidi entrar no bar em busca de um telefone. Foi então que eu o vi pela primeira vez: o homem mais lindo do mundo. Tocando na frente de um punhado de pessoas que nem sequer prestava-lhe atenção. Certamente sua voz era... não era linda como ele, mas não importava. Quer dizer, se ele cantasse bonito, deixaria de ser um ser humano e se tornaria um anjo e eu não queria isso porque os anjos não beijam meros mortais, e eu desejava um beijo dele.

Projeto Haema Hippocampus [Tradução PT-BR]Where stories live. Discover now