Quando William freou no jardim da pousada outra vez, não estranhou o olhar que Scarlett o deu. Ela estava fazendo os arranjos para o casamento no dia seguinte, William podia imaginar que os dois passariam a noite inteira ali assim como muitas outras no último mês.
- Você demorou... – comentou Scarlett.
- Não demorei. – William revirou os olhos. – Foi cinco minutos.
- Cinco minutos é tempo suficiente. Foi o tempo de fazer a Molly, levantar a calcinha e voltar para a balada.
William fez uma careta, horrorizado com as coisas que Scarlett dizia. Ele largou suas malas no chão e encostou a moto antes de voltar a seus afazeres.
Ele precisava forrar todas as mesas, colocar tule em cada brecha que encontrasse e montar o altar onde aconteceria a cerimônia. Scarlett ficaria nos numerosos arranjos de flores pelo resto da noite e depois iria dobrar guardanapos.
Após alguns segundos em silêncio, Scarlett não conseguia mais se conter.
- Minha filha está linda não está? – ela perguntou provocativamente com um sorriso. – Me puxou. Está até parecendo mais com a mamãe... você se lembra da Molly usando calça colada? Eu não me lembro. Só usava aqueles vestidos rodados que a deixavam parecendo uma ninfeta de pornôs.
- Eu gosto dos vestidos rodados. – William murmurou enquanto colocava o forro no tampo da mesa.
- Acesso facilitado para sua mão-boba, é verdade. – Scarlett concordou. – Então, vocês dois conversaram?
- Ora, acho que sim. É o que dá para conversar com cinco minutos, sabe? – William disse enquanto passava para outra mesa. – "Oi Molly, posso pegar minhas coisas?", "Pode, entra aí".
- Vocês não podem ter falado só isso. – Scarlett disse descrente e revirando os olhos.
William era um bom metiroso, ele nem hesitou em dizer que foi só isso que aconteceu. Sinceramente ele só queria passar o resto daquela noite como todas as outras: em silêncio e trabalhando.
- Aposto que ficaram um tempão flertando. Só jogando seu charme de príncipe encantado para cima dela...
O rapaz riu, jogando a cabeça para trás e coçando o rosto.
- Quer charme, Scar? – William questionou. – Eu estou um farrapo. Não faço a barba há um mês e perdi metade do cabelo que eu tinha quando a namorei.
- Tem razão. Você está mais para lobo mau. – Scarlett sorriu maliciosamente. – Você não chega montado num cavalo branco, chega numa Ducati preta.
Ele ignorou Scarlett e continuou o trabalho. Em algum momento a mãe postiça simplesmente desistiu de provocá-lo e se concentrou em seu trabalho com os arranjos de casamento.
Ela suspirou, diversas vezes olhando para William de esguelha e imaginando Molly em casa. Algumas coisas eram tão evidentes.
Dizer que os últimos anos tinham sido um verdadeiro sofrimento para os dois era um exagero, mas dizer que William e Molly eram mais felizes sem o outro também não era verdade. Ela era próxima e presente na vida dos dois e Scarlett sabia que o relacionamento de Molly e Patch embora fosse verdadeiro, não era exatamente o que sua filha procurava.
Na verdade, a figura alta, atlética e loira de Patch tinha sido um engano para Molly. O fato de ele vir de uma família tradicional e importante também. Molly jurava que aquilo não tinha nada a ver, mas Scarlett achava que mesmo inconscientemente sua filha procurava William nos meninos que ela saía, enquanto William fazia exatamente o contrário: se a menina tivesse qualquer mera semelhança com sua filha, ele sairia correndo dela. Claro, isso até ele finalmente acertar com Kate, com quem ficou por longos anos, mas o relacionamento tinha acabado há dois meses.
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WIN SOME, LOSE SOME
RomanceWilliam tem 16 anos, perdeu sua mãe há um ano em um acidente de carro, e é o futuro Rei da Grã-Bretanha. Molly tem 14 anos e tem uma vida ordinária na pacata Tetbury, uma cidade paroquial de Gloucestershire. Ninguém espera conhecer o amor de sua vid...