CAPÍTULO 62

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                        Quando as cortinas se fecharam, Molly aplaudiu de pé ao lado de seu avô. Ela estava muito feliz por ter tido a companhia de Jaime naquela noite, porque apesar de Molly não se incomodar de ter que ser autossuficiente, ela tinha se acostumado com a presença de William nos verões.

- Foi esplêndido. – disse encantada. – Eu nunca me canso de vir ao teatro. Um dia eu espero poder visitar a Broadway.

- Oh querida, você nunca foi a Broadway, não é mesmo? Bem, eu espero que eu seja convidado para sua primeira visita. Poderíamos ir no natal, o que acha? Não seria fantástico passarmos as festas em Nova York, Molly?

De braços dados com seu avô, Molly pensava em como seria estar na América pela primeira vez e ainda estar num lugar tão encantador quanto Nova York.

Aos dezesseis anos de idade, ela não tinha estado a lugar nenhum praticamente, mas aquilo era bastante comum a pessoas da sua idade. Só não era para William porque ele costumava ser obrigado a viajar com seus pais em turnê, então ele havia estado a vários lugares e inclusive Nova York.

"É fedida. Há ratos e mendigos por toda parte" William disse quando Molly o perguntou certa vez. Ele também disse algo sobre se sentir claustrofóbico, mas William tinha um pouco de mania de perseguição, as paranoias dele as vezes alcançavam proporções absurdas Molly vinha descobrindo.

- Dizem que a Times Square é fantástica no inverno. – Molly comentou. – E o Central Park.

- Eu pedi a Lex para se casar comigo em Nova York, você sabia disso?

- Não! – respondeu com empolgação. – Como foi?

- Foi no Central Park. – seu avô contava enquanto eles caminhavam lentamente, sem pressa em deixar o local.

A verdade é que seu avô era um homem de bons instintos, ele simplesmente sabia que não valia a pena correrem para serem amassados na correria das demais pessoas – a pressa dos londrinos era uma das coisas que mais chocavam Molly.

-... ela estava alimentando os patos, usava um cachecol de cashmere com um broche. – dizia Jaime com um sorriso. – E eu me ajoelhei diante dela e tirei o anel do bolso. Meu primo Gerret dizia que o anel quase se tornou parte do meu terno, porque ele passou tempo demais no meu bolso. O anel da sua avó ficou comigo por um ano e quatro meses

Molly riu.

- Vocês não eram loucamente apaixonados? Por que demorou tanto para pedir?

- Bem... – Jaime enrugou a testa. – Havia muitas coisas que deveriam ser consideradas. A primeira era que Lex e Bex nunca se entenderiam.

Molly sabia que seu avô se referia a tia-avó que tinha o criado. A solteirona riquíssima, que havia perdido a companheira e melhor amiga da vida toda – hoje Molly entendia que elas eram um casal, mas quando era pequena não havia a ocorrido que a famosa Bexie era lésbica.

- As duas eram mulheres geniosas e sempre pareciam estar competindo uma com a outra. – Jaime explicava – Mas Bex me criou e eu a amava como minha própria mãe. Eu precisava da aprovação dela, eu jamais me casaria com alguém que minha tia não aprovasse.

- Você acabou se casando...

- Mas elas acabaram se entendendo. Nunca foram grandes amigas, mas aprenderam a deixar as diferenças de lado. – Jaime disse com um sorriso. – E foi Bex quem disse: Jimmy, se você quer essa maldita mulher você pode tê-la. Eu convidei sua avó para me acompanhar a minha primeira viagem de negócios... bem, o resto você sabe.

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