William estava de volta a Inglaterra há quase um mês agora. Nas últimas três semanas ele tinha passado cada um dos dias tomando coragem para fazer algo importante, que era ir a Tetbury, engolir seu orgulho idiota e implorar para Scarlett Hammond perdoá-lo.
Parecia até irônico. Um ano atrás ele estava implorando para outra Hammond perdoá-lo.
Foi com pouca coragem que ele tocou a campainha da casa de Scarlett. Ele sabia que ela estaria em casa, porque Molly o garantiu isso. Elas não estavam muito bem, mas aparentemente Molly e ela tinham se falado no dia anterior.
Ele se sentiu culpado por ter provocado um desentendimento entre elas, mas esperava que se Scarlett o perdoasse, Molly acabasse deixando para lá aquela discussão boba.
A porta se abriu e William já estava suando frio.
- Ora, ora... – Scarlett disse com um sorriso cínico, usando um roupão e de braços cruzados. – Veja quem o vento trouxe.
- Posso entrar? – perguntou ansiosamente, olhando para os lados.
- Alastair não quer fazer uma revista? – Scarlett perguntou agora em tom sério. – Eu não me importaria.
- Não, não vai ser preciso. – William disse com pouco caso, chutando o asfalto. – Eu vim sozinho.
- Continua sem juízo. Vem, entra.
Nada estava diferente, mas ainda não era igual quando Molly estava ali. William tinha a impressão que sua namorada dava ao sobrado de pedra a aparência de um lar e não a casa de uma solteirona.
Ele viu que a televisão estava ligada, que havia um banquinho com material de manicure. Scarlett estava provavelmente fazendo as unhas, pensou um pouco incomodado com o cheiro de acetona.
- Então, decidiu virar dona de casa? Você não faz o tipo. – William comentou enquanto ocupava uma das namoradeiras.
- Não exatamente dona de casa. – Scarlett respondeu desligando a televisão. – Mas estou tirando um tempo de férias antes de começar meus projetos...
- A Molly disse que você vai abrir uma pousada em Tetbury.
- São os planos. – Scarlett disse. – Eu já tenho um lugar em mente, mas é muita papelada e muito dinheiro envolvido.
- Cyrus pode te ajudar com os dois, eu imagino. – William sorriu de lado.
- É, ele pode, mas só está ajudando com a papelada mesmo. – Scarlett falou secamente. – Eu disse que queria fazer isso sozinha.
- Ele está aqui?
- Não, mas receio que também não há tempo para uma rapidinha.
William revirou os olhos, sentindo suas bochechas esquentarem.
Eles caíram em silêncio e William contemplou seus tênis sujos, pensando que se Scarlett ainda estivesse no palácio ela provavelmente já teria jogado o par fora, assim como fez com sua mochila rasgada e seu moletom com mancha de molho. Ela era incapaz de acreditar que linha e agulha resolviam alguma coisa, também não parecia conhecer a palavra sabão.
Ele só percebeu o quanto sentia falta de Scarlett ao voltar para casa e descobrir que ela não estava mais ali. Que ele não poderia ir até o escritório da segurança para incomodá-la ou pegá-la no flagra com as pernas para cima e sem os sapatos de serviço. Soltar seu coque só porque sabia que ela ficaria brava.
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WIN SOME, LOSE SOME
RomanceWilliam tem 16 anos, perdeu sua mãe há um ano em um acidente de carro, e é o futuro Rei da Grã-Bretanha. Molly tem 14 anos e tem uma vida ordinária na pacata Tetbury, uma cidade paroquial de Gloucestershire. Ninguém espera conhecer o amor de sua vid...