EXTRA 02

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                        Molly pagou o táxi dando uma gorjeta generosa por ele ter sido tão prestativo com suas malas superpesadas.

- Muito obrigada. – disse enquanto pegava o puxador de uma delas.

- Aproveite sua estadia, senhora. – ele o homem disse tirando o chapéu.

Riu nervosamente, encarando o solitário em seu dedo.

- É senhorita ainda.

- Ah, mas isso é só uma questão de formalidade agora, não é mesmo? – o homem a deu um tapinha no ombro e pulou para dentro do carro outra vez.

Molly engoliu em seco enquanto o taxista se afastava e contemplou o anel outra vez. Ela estava diante do Recanto dos Jasmins, sob o céu nublado britânico e encarando o gramado úmido de geada que caía durante a noite.

Ela respirou fundo e sentiu o cheiro dos jasmins e o frescor do ar interiorano. Tantos anos em Nova York e ela quase já tinha se esquecido da sensação de ar puro nas narinas e a umidade do clima.

Nova York era bom, era um sonho que tinha se tornado realidade, mas não era sua casa. Nos sonhos de Molly, quando ela pensava no futuro, ela ainda se via em Tetbury, na velha casa de pedra que tinha crescido a vida inteira.

Ela estava em casa. Aquela era sua casa.

Molly parou logo no primeiro passo para dentro da pousada e contemplou seu solitário outra vez. Patch tinha insistido que ela levasse na viagem, que ela poderia pensar enquanto descansava, mas Molly não sentia que estava pronta para falar daquilo com ninguém ainda, por isso escorregou o dedo e jogou na bolsa antes de tornar a puxar a mala e pegar sua frasqueira do chão.

- Boa tarde. – cumprimentou um casal de alemães que acenou com a cabeça educadamente.

Parou no lounge da pousada e encarou, percebendo com um pouco de satisfação que nada parecia tão diferente assim. O lustre ainda era o mesmo, o papel de parede, o carpete, os móveis e no vaso de entrada ainda colocavam as peônias brancas como Molly tinha sugerido desde o início.

Cruzou os braços e ficou parada, observando enquanto camareiras subiam e desciam as escadas, o gerente mal-educado discutia com algum fornecedor no telefone e a cozinheira gritava com ele que o encanamento de gás estava com algum defeito.

Molly estava distraída demais com tudo para perceber um estranho barbudo a encarando com pesadas caixas de vasilhames nas mãos.

- E aí, mano? Vai sair do caminho ou não vai?

William se afastou para que os outros carregadores de caixa que Scarlett tinha encontrado para ajudar nos preparativos do casamento pudessem passar. Ele precisou piscar algumas vezes, mas por fim percebeu que seus olhos não mentiam e assim colocou a caixa no chão.

Limpou as mãos em seus jeans gastos enquanto ainda contemplava a beleza rara parada embaixo do luste e no meio do lounge da pousada. Há anos William vinha se perguntando quando aquele dia chegaria, se é que ele chegaria, e ali estava ela bem diante dele.

Ele chegou a dar um passo na direção dela, mas mudou de ideia. Estava pronto para pegar a caixa de novo e tentar sair dali despercebidamente quando enfim os olhos extremamente claros de Molly repousaram em cima dele.

- Oh... – foi o que ela disse com o semblante surpreso. – Olá.

- Oi. – William disse largando a caixa outra vez.

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