CAPÍTULO 01

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                        William estava largado em sua cama, trancado no dormitório que ocupava quando ia para Highgrove House durante o verão. Ele tinha os fones de ouvido conectado a seu discman e escutava o álbum do Nirvana no volume máximo.

Não foi surpresa que ele não tivesse escutado quando os nós dos dedos de Scarlett batem na porta. Ela bateu, chamou por seu nome, mas sabendo que o menino estava ali e que ele simplesmente não tinha a respondido, fez ela empurrar a pesada porta de carvalho escuro e vê-lo com os olhos fechados e usando seus fones de ouvido.

Suspirando, ela foi até onde William estava, acreditando que o menino estivesse dormindo. Assim que Scarlett se sentou na cama, ele abriu os olhos ao sentir o colchão afundar levemente.

- Ei Wills, achei que você estivesse dormindo. – ela disse, fazendo um carinho terno em seus cabelos loiros.

- Quase. – o menino de recém completos dezesseis anos disse.

A voz dele estava grossa, haviam tufos de barba espalhados por seu rosto juvenil e seus olhos elétricos pareciam cada vez mais severos e menos amáveis. É claro que com a idade era natural que William estivesse perdendo seus traços infantis e inocentes, mas Scarlett o conhecia há tempo suficiente para saber que em parte aquilo se devia aos recentes acontecimentos.

E também ao fato que agora havia uma outra companhia na casa. Uma visita que não era nem um pouco bem-vinda pelo príncipe mais velho.

- Meu pai te mandou aqui? – ele perguntou, arrancando os fones e esfregando o rosto sonolento.

- Sim. – Scarlett respondeu. – Disse que você foi extra rude com Camilla, mas que ainda gostaria que você se juntasse a eles no jantar.

- E eu pensando que seria exilado para Balmoral. – o menino deu uma resposta sarcástica. – Que sorte a minha, jantar com a rotweiller.

- Tínhamos concordado que você não usaria esse apelido mais, certo? – Scarlett disse em tom severo, arqueando as sobrancelhas escuras.

William resmungou, claramente não queria ter que abrir mão de um apelido ofensivo para a namorada do pai que agora, mais que nunca, parecia estar sempre ao redor. Perambulando pela casa, dando palpite em suas vidas, mudando os cômodos e sempre dirigindo sorrisos muito agradáveis e acolhedores, sorrisos estes que na cabeça de William pareciam falsos, uma verdadeira armadilha para os filhos da mulher que ela odiava.

Especialmente os dirigidos para William, que era como o verdadeiro fantasma da mãe perambulando pelos corredores de Highgrove House, remoendo e agonizando contra aqueles que a machucaram e a fizeram mal.

Scarlett tocou o ombro do menino que ela conhecia há tantos anos. Ela havia aprendido a amar William como um sobrinho.

Designada como uma das seguranças em seus vinte anos, o trabalho dela consistia muito mais em fazer rondas, afastar câmeras de paparazzi quando os meninos iam ao parque. O serviço verdadeiro ficava com os homens grandes, fortes e muito mais experientes. Tantos anos depois, Scarlett fazia o mesmo que costumava no passado, mas enquanto os oficiais de proteção estavam sempre mudando, ela havia permanecido em sua posição porque ela representava algo para os meninos de Diana, especialmente o mais velho.

- Seu pai disse que você não quer viajar. – comentou Scarlett. – Ele me pediu para vir aqui e tentar convencê-lo.

- Não vai adiantar. – ele disse secamente, os olhos penetrantes encarando as próprias mãos e arrancando uma pulseira do pulso.

WIN SOME, LOSE SOMEOnde histórias criam vida. Descubra agora