Natal em Família parte 4 (Apesar do natal já ter passado)

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     Ao notar que os livros ali presentes naquela estante eram a maioria de autores brasileiros, eu deduzi que o Sr. Carlos seria da literatura brasileira, e graças as aulas de literatura que tive no ensino medio, -única matéria que eu me dei bem junto com biologia- eu tinha o que conversar com ele enquanto jantávamos. E por eu te pedido para trocar de lugar com a Marina, nós mantinhamos uma conversa ao nível olho no olho.
   _Por que você quer trocar de lugar? -perguntou ela.
   Tive que contar o porquê.
   _Porque, aquele cara lembra o meu pai.
   _O Joaquim?
   _É!
   Marina nunca viu uma foto do meu pai, por isso, não tirou os olhos do Joaquim o jantar inteiro tentando encontrar alguma semelhança que se pareça comigo para ter uma ideia de como era o meu pai.
   _Cada dia que passa você me surpreende mais! -diz ela fechando a porta assim que entramos pra dentro do quarto.
   _Por quê?
   _Não sabia que você se interessava por literatura brasileira.
   Passo meus braços em volta do seu pescoço beijando a rapidamente.
   _Há muita coisa que você não conhece a meu respeito!
   _Pois é! Talvez você devesse me contar mais sobre você.
   Suspiro me afastando.
   _Eu tenho mesmo que ir tomar banho?
   _Por quê?
   _Ora porquê. Porque está frio e eu nem estou suada! Mesmo tomando banho  com a água quente, quase arrancando a pele, quando saio, parece que eu estava nadando em um lago congelado de tão frio que está.
   Marina sorri me abraçando por trás.
   _Não tem como nadar em um lago congelado.
   _Você me entendeu. É uma metáfora!
   _Humm, falando palavras difíceis!?
   Mando a calar a boca tentando me soltar, mas ela é mais forte e mais rápida do que eu, me prende na cama de uma tal maneira que eu não consigo me mexer.
   Peço para ela me soltar, ela não me solta. Ameaço gritar.
   _Tem certeza que não vai tomar banho? -pergunta roçando seus lábios na minha orelha.
   _Tenho!
   _Você vai precisar mais tarde...
   _Minha mãe mandou eu me comportar e não ficar me agarrando com você aqui - digo ao perceber as suas reais inteções desamarrando o cordão da minha calça.
   Ela não meouvidos e continua. No momento em que ela está prestes a enfiar a mão dentro da minha calça, alguém bate na porta.
   SALVA PELO GONGO!!
   Era a tal Maria perguntando se queriamos mais alguma coisa.
   Tenho pra mim que ela veio aqui só para ver o que estavamos fazendo. Marina diz que não, que era o trabalho dela ver se precisavamos de mais alguma coisa antes dela ir descansar.
   _Tem certeza que não querem mais uma coberta? -perguntou a tal Maria toda preocupadinha com a Marinazinha- Essa noite está fria e você ainda está resfriada. Quer que eu te prepare um chá então?
   _Não precisa Nana, eu estou bem.
   E ESSAS INTIMIDADES ??
   _É Nana, não precisa, ela está muito bem! -digo parando ao lado da Marina com a mão na porta prestes a fecha-la- Pode ir descançar.
   Ela me ignorou como se eu não estivesse ali. Parada na porta estava, parada na porta ficou.
   ELA ME IGOROU COMPLETMENTE!!
   _Pode ir Nana -disse a Marina por fim- obrigada. Tenha uma boa noite!
   Foi só aí que ela se virou para ir embora mas sem antes me lançar aquele olhar.
   QUE ÓDIO!!
   Eu vou dar na cara dessa velha! Quem ela pensa que é?
   Se Marina não tivesse fechado a porta me empurrando para trás assim que ela foi embora, eu teria ido atrás dela agarrado o seu cabelo e perguntando qual era o problema dela comigo.
   _Qual é o problema dela? Eu sou invisível por acaso? Você viu isso? -digo me segurando para não gritar.
   _Calma... -diz Marina como se tentasse acalmar uma fera.
   Ah mas eu estava uma fera mesmo!
   A empurro indo para o outro lado do quarto.
   _Não me peça para ter calma, eu estou muito calma! Você vai deixar ela me tratar assim?
   _Relaxa Raquel, é o jeito dela!
   _É o jeito dela tratar uma visita assim? Belos empregados que vocês têm. Mas tudo bem, só depois não reclama quando eu começar a dizer poucas e boas por aí!
   Abro o guarda-roupa onde estão as minhas roupas, pego o meu pijama.
   _Não é pra tanto Raquel.
   _Não é pra tanto? -jogo o em cima da cama- Seus pais me julgam sem antes me conhecer, me tratam feito uma insignificante, ficam me olhando de rabo de olho e essa fulanazinha aí, finge que não existo... você acha que não é pra tanto?
   _Eu disse pra você que eles são complicados...
   _E eu sou mais complicada ainda! Não vou abaixar a cabeça pra ninguém. Não vou deixar que até essa serviçal meia bosta que acha que tem um rei na barriga me trate desse jeito!
   _Você não fala assim dela. Tem mais de vinte anos que ela trabalha aqui, ela sabe muito bem qual é o seu lugar.
   Pego as roupas, a toalha e minha escova de dente.
   _Grande merda! Vocês se merecem... -digo batendo a porta. Não com força, a casa e velha, vai que ela se solta, né!?
   Demoro no chuveiro.
   Estou com raiva dela por ter me deixado sozinha com essas cobras, estou com raiva dela por não me defender, estou com raiva dela por dar razão a essa tal Maria.
   'Ela sabe qual é o seu lugar'. Não parece!
   Se eu soubesse dirigir, eu teria pegado o carro e ido embora na mesma hora, mas como eu não sei e não tenho vontade nenhuma de aprender, o jeito era encarar os problemas de frente, como uma adulta.
   Volto para o quarto. Só vejo a boca de Marina mexer, não dou ouvido ao que ela falava.
   Deito me no meu lado da cama e viro para o outro lado.
   Durmo.
   Acordo.
   Já é de manhã. Mais uma vez Marina não está na cama.
   Penso que ela saiu outra vez sem me avisar me deixando com aquelas duas.
   Respiro fundo me espreguiçando.
   SEREI A MELHOR PESSOA DO MUNDO!!
   A Marina aparece no quarto com uma bandeija na mão quando eu me levantava.
   _Bom dia! -digo.
   _Bom dia. Você estragou a minha surpresa -diz ela colocando a bandeija na cama.
   Nela, havia um pequeno papel escrito 'DESCULPE!' com a sua linda caligrafia entre o copo de suco e as torradas.
   Ela acha que me trazendo o café na cama com um pedido de desculpas escrito em um papel vai concertar tudo? Deixo ela acreditar que sim.
    _Me desculpe por ontem por ter deixado você sozinha o dia inteiro, me desculpe pelos meus pais, me desculpe pela Maria, pelo como eles te trataram...
   _Eu deixo de pedir desculpas pra tudo que eu faço e agora é você quem começa? -digo mordendo uma torrada com geleia.
   _Eu sei que eu não estou sendo uma boa namorada... -ela limpa o canto da minha boca que se sujou com a geleia- você é a primeira namorada que eu trago aqui. Era pra ser importante pra nós mas eu estraguei tudo.
   Beijei a quase comovida.
   _Ainda dá tempo para concertar! -digo.
   _Sim... eu já tive uma conversa com eles sobre como você é importante pra mim e não vou tolerá que a tratem mal.
   _Hum... -me afasto- eles ainda estão lá embaixo?
   _Estão tomando café ainda, por quê?
   Puxo a pela mão.
   _Vem, vamos tomar café com eles!
   Sabe aquela sensação de que estavam falando de você ,aí você chega lá na hora e todo mundo fica calado olhando um para a cara do outro sem saber o que dizer?
   Então, foi o quê aconteceu.
   Eu chegueifeliz contente dando bom dia pra todos ali na mesa -menos o Joaquim que não estava mais lá- como se nada tivesse acontecido, a tal da Maria pediu licença saindo dizendo que tinha muita coisa para fazer hoje.
   Não me ofendi.
   Perguntei como fora a noite do senhor e da senhora Ovalles, eles me responderam que passaram bem. Eu digo que a minha também foi ótima, perfeita!
   Eles como já tinham terminado o café -só estavam lá fofocando da minha vida antes de eu chegar- pediram licença e foram cada um para o seu canto.
   Marina se junta a mim sentando se à mesa. Me encara.
   _O que vamos fazer hoje? -pergunto encarando a de volta.
   _O que você quiser! Hoje eu sou só sua.
  

NÃO É A MINHA CULPA SER ASSIM!!!  (Volume 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora