Capítulo 14

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Andando sem rumo pela cidade, Raquel não sabia para onde estava indo, só queria ir para o mais longe possível dali. Não queria ver a sua mãe, não queria ver Lia, nem Bruna e muito menos Marina, não queria ver ninguém conhecido.
Lembrou que ainda não tinha ficado com raiva de Bruna por ter aberto a boca para Marina. Aquilo era uma coisa só delas, um segredo, Bruna não poderia ter feito isto, sentia se traída por ela. Mas por enquanto guardaria a sua raiva para mais tarde.
Pegou alguns ônibus, descendo em pontos aleatórios e caminhou por ruas desconhecidas. Já começava a escurecer, agradeceu se por ter vestido uma blusa de manga comprida, assim sentiria menos frio.
Começava a chuviscar.
Estava do outro lado da cidade, não tinha ideia para onde ia, só queria continuar.
Entrou no primeiro bar que encontrou para esconder se da chuva que começara.
Ele era igual a todos os bares, simples, cheios de mesas e cadeiras espalhados por ali, um balcão cheio de bebidas alcoólicas na prateleira. Nada que não tivesse visto por aí.
Assim que fechou a porta atrás de si, uma campainha estridente sou em cima da sua cabeça. Raquel a odiou por ter entregado a, um bando de olhos viraram se para ela na mesma hora. Não estava muito cheio só o suficiente para que sentisse um bando de olhos a encarando enquanto chegava no balcão.
Caminhou a passos largos com a cabeça erguida sem olhar em volta.
_Oi, pode me ver uma vodka com Sprite, por favor? -pediu ao barman.
_Claro senhorita, assim que me mostrar a identidade! -disse o barman sorrindo.
Raquel parecia surpresa.
_Como é?
Havia esquecido este pequeno detalhe. Como sempre frequentava os mesmo lugares, não precisava mostrar a identidade pois os porteiros e os barmans já a conhecia.
_Mas eu não ando com ela! -continuou.
_Lamento gatinha, sem identidade, sem bebidas!
Raquel ainda sentia os olhares curiosos em suas costas.
_Ah cara, qual é!? Libera aí, vai?
_Não posso gatinha, são as regras.
Raquel odiava que a chamassem de "gatinha", começou a odiar ainda mais o "gatinha" devido ao modo como era pronunciado por aquele babaca presunçoso metido a garanhão. Odiava a sua fala mansa e aquele sorrisinho idiota estampado na sua cara.
"Ele acha que vou cair no seu charminho de merda?"
Raquel revirou os olhos enojada ao pensar.
_Está bom pra você assim? -pergunta Raquel levantando a blusa.
Ouvia se um murmurinhos a sua volta.
O barman molhou os lábios olhando para os seus seios dentro do sutiã.
Raquel apontou para uma tatuagem na costela três dedos abaixo do sutiã.
_RG, CPF, título de eleitor, tipo sanguíneo, a data de nascimento... -abaixou a blusa virando se para o barman- assim está bom pra você? Faça as contas, 23 anos, idade o suficiente para beber todas as bebidas desses bar!
O barman a olhava pensativo, havia uma decepção em seus olhos, queria ter visto mais do que um sutiã preto ali. Raquel o encara.
Todos ali no bar pararam de fazer o que estavam fazendo para acompanhar o desfecho daquela história.
_E então? -pergunta Raquel impaciente.
_Tudo bem... -disse o barman olhando em volta- você me convenceu, por hora -piscou para ela.
Raquel revirou os olhos se segurando para não enfiar o dedo na garganta de nojo.
Ele trouxe a sua bebida. Sem olhar para ele, Raquel agradeceu.
A vodka desceu queimando a garganta. Como não tinha comido nada, só uma torrada, Raquel a sentiu forar lhe o estômago.
Assim como com o barman, Raquel ignorou todos os homens ali que insistiam em chamar a sua atenção. Se fechou em uma bolha imaginaria de vidro a prova de sons.
Por sorte, também havia uma mulher trabalhando lá.
_Ei, vai com calma, ela não vai fugir do seu copo -disse para Raquel que bebia rápido demais.
"Sofia..." Raquel leu o seu nome na plaquinha de identificação.
A encarou por um momento. Jovem, um pouco mais velha do que Raquel, loira, bonita e atraente. Era o fetiche de todos os homens ali presentes. Poderia até ser um de seus fetiches também mas não tinha cabeça para isto.
Raquel não disse nada e voltou a encarar o copo.
A cada gole era um flash da sua discussão com Marina, lembranças de todos as vezes que a fizera de idiota. Sentia se enganada, todas as vezes que estava com ela, todas as vezes que...
"Como ela pode fazer isto?"
Talvez fosse mais fácil acreditar na mentira do que viver com verdade.
Desafiou se a beber tudo de uma vez, se conseguisse beber tudo, pararia de pensar em Marina e se não conseguisse beber tudo, também pararia de pensar nela.
Levou o copo na boca, esvaziou os pulmões e bebeu. Bebeu tudo.
O copo não estava cheio então achou que não valeu. Pediu a Sofia que trouxesse mais um.
_Claro! -disse sorridente.
Raquel anotou mentalmente em sua lista de 'profissões que nunca faria'. Era horrível ficar sóbria em um lugar cheio de gente bêbada enchendo os saco sem poder dar um chega pra lá neles, odiava a ideia que os clientes tem sempre razão. Mandaria todos irem a merda.
Enquanto Sofia preparava a sua bebida, Raquel se perdeu em seus pensamentos. Passava um cubo de gelo no seu pulso para aliviar um pouco o roxo que começava a se formar.
_Prontinho, aqui está! -disse Sofia sorridente entregando lhe o copo. Seu sorriso se desfaz ao ver as marcas em seu punhos.
Raquel a agradece puxando a manga da blusa rapidamente.
Sofia hesita um pouco depois chega mais perto de Raquel.
_Você quer... hum... sei lá, conversar?
_Não!
_Hum ok, tudo bem! -saiu para atender outros clientes ainda hesitante.
E mais uma vez Raquel se fechou em sua bolha, só aí percebeu do que Sofia estava se referindo. Primeiro achou que ela fosse uma intrometida mas agora, agora viu que ela só queria ajudar por causa das marcas em seu braços.
"Não entendo porque conversar vai resolver meus problemas! "
Pediu mais uma vodka com Sprite, estava no terceiro copo. Como já estava na terceira vodka e sendo ela a bebida que subia mais rápido e ainda mais de estômago vazio, era para Raquel ter sentido os seus efeitos já no primeiro copo mas não sentia nada, cabeça rodando, pálpebras pesadas... nada. Nem vontade de ir no banheiro.
Queria beber mais, tirar aquele gosto amargo que aquelas palavras deixaram em sua boca. Queria beber mais mas o dinheiro não dava, só o suficiente para pagar a sua conta e sobraria alguns trocados que não davam pra nada nem para a passagem do ônibus.
Guardou o dinheiro amassado no bolso e olhou em volta. Procurava a sua vítima, alguém solitário que possa pagar para ela.
Ela e Lia faziam isto direto, saiam sem nenhum dinheiro no bolso e voltavam para casa carregadas. Sempre havia um trouxa para pagar as bebidas achando que ganharia alguma coisa em troca, era só jogar um charminho aqui um sorrisinho ali e pronto. Se Lia se interessasse, poderia rolar algo a mais entre eles, mas era muito raro acontecer. Raquel não sabia jogar charminho, isto era o trabalho de Lia, ela só a acompanhava.
Era arriscado, estava sozinha e não conhecia ninguem que pudesse ajuda-la se caso algo saísse errado, mas não se importou.
"Talvez um pouco de adrenalina me faça bem, né?"
Avistou a sua provável vítima a duas mesas de distancia à sua esquerda. Um homem com seus trinta e poucos anos, a barba bem feita, bem arrumado, não era de se jogar fora. Se Raquel ainda gostasse de homens, até poderia pensar em pegar. Ele estava na sua terceira garrafa de cerveja.
O alvo já estava na mira, analisava o esperando o momento certo para agir. Agora só restava Raquel ter coragem.
_Você é melhor do que isto! -disse Sofia surgindo do nada segurando a sua mão- não faça isso...
Raquel virou se lentamente para ela tirando a sua mão da dela. Começava a odia-la por estar querendo se intrometer. Raquel odiava que as pessoas tomassem conta da sua vida.
_Você não me conhece! -disse com a cara fechada.
Sofia suspira.
_Tem razão, eu não te conheço -olhou para o cara e depois voltou a olhar para Raquel- mas sei que isto não é o certo a se fazer. Você é jovem, bonita, não precisa se sujeitar a isto.
Raquel não disse nada, apenas abaixou a cabeça. Odiava ainda mais quando as pessoas tinham razão.
_Toma, por conta da casa! -disse Sofia entregando lhe uma bebida. Sorria gentilmente.
Seu sorriso de agora não era forçado como nas outras vezes, era sincero, em solidariedade. Seus pequenos olhos castanhos cor de mel, brilhavam em compaixão.
Raquel agradeceu forçando um sorriso. Provou. Não era vodka, era mais fraco, não sabia o que era mas tinha gosto de abacaxi. Parecia mais um suco de abacaxi gelado, queria sentir o gosto do álcool em sua boca, queria o sentir descer queimando a sua garganta. A cada gole era o mesmo gosto sem álcool enjoativo e doce.
Sentia falta daquele prazer em beber como tinha antes, sentia falta das sensações de quando se estava bêbada. Sentia se leve, a cabeça rodando, as pálpebras pesadas, só não gostava de ficar indo ao banheiro constantemente e uma vontade insana de dormir enquanto estava no banheiro.
Riu ao se lembrar.
Na maioria das vezes em que enchia a cara, ia ao banheiro de meia em meia hora ou até menos. Sentada no vaso sanitário, encostava a cabeça na parede e fechava os olhos para descansa-los daí começava a dormir. Mas passavam três minutos que estava lá dentro, Lia ou outra pessoa que pedisse para ir no banheiro com ela, batia na porta para acorda-la. Na mesma hora vestia a calça e saía de lá tropeçando nas próprias pernas.
Também sentia falta das drogas, da sensação de liberdade, de querer voar, de esquecer os problemas...
Se o álcool não estava funcionando, Raquel ia para o plano B ou melhor, o plano D. As drogas.
_Que droga! -xingou se ao por a mão no bolso da calça para pegar o celular, lembrou se que não o trouxera. O deixou em casa carregando.
Não sabia se era bom ou ruim ela ter esquecido o celular em casa. Era bom porque ninguém a incomodaria ligando a todo instante querendo saber aonde está.
Se Marina estivesse tentando ligar para ela, não saberia, isto era uma das partes ruim de ficar sem o celular, e se precisasse ligar para alguém pedindo ajuda ou qualquer outra coisa do tipo? Não teriam como rastrea-la pelo celular.
Imaginou Marina infernizando a Deus e mundo para acha-la, não descansaria até encontra-la. Ela fica linda como sempre mesmo estando brava com ela, mas mesmo assim não deixava de ser linda.
Sacudiu a cabeça tentando se livrar de seus pensamentos.
Precisava de alguma coisa mais forte para que esquecesse dela um pouco. O jeito era ir até lá buscar.
Tirou do bolso o dinheiro todo amassado para pagar a sua conta. Pagou. Virou se levantando para ir embora.
No mesmo instante em que se levantou, a sua cabeça começou a girar, a sua vista ficou embaçada, cambaleou apoiando se no banco.
Sofia que a observava se levantar, correu para ampara-lá.
_Ei, calma aí... -disse segurando a.
O bar aquela hora já não tinha tanta gente, meia dúzia de gatos pingados que olhavam aquela cena da menina que mal conseguia se manter em pé.
_Se apóia em mim... -dizia Sofia para Raquel.
Raquel começou a rir daquela situação toda.
_Não... me solta... -Raquel tentava se afastar dela- estou bem.
Cambaleou para o outro lado.
O álcool parecia estar preso dentro dela, assim que se levantou, desobstruiu a passagem do álcool que subiu com força total a sua cabeça.
_Não, não está! -disse segurando a novamente- senta aqui.
Raquel ainda estava zonza.
_Não... -ria jogando se para aqui frente tentando se livrar dela, projetava seu corpo para frente indo em direção a porta para ir embora.
_Deixa eu chamar um táxi para te levar para casa então.
_Eu não quero ir para casa!
_Tudo bem, você não vai...
Sofia tentava acalma-la, mas Raquel estava decidida a ir embora com seus passos desajeitados.
_Espere, o bar já vai fechar, eu moro aqui do lado, você pode passar a noite lá...
Raquel começou a se irritar com ela a segurando.
_Dá para você sair da minha frente? Tira a mão de mim, eu não quero a sua ajuda, que droga!
Sofia se rende deixando ela passar.
_Tudo bem, como queira...
Raquel passou pela porta sem olhar para trás, bateu a com força.
A campainha soou estridente atrás dela, fez a sua cabeça doer.
Lá fora estava frio e escuro, o choque térmico a fez estremecer. Não sabia que horas eram e nem por quanto tempo passara ali dentro.
A sua cabeça doía demais para pensar em que direção deveria ir. Estava zonza demais para dar mais alguns passos. Estava frio demais para ficar ali fora.
Encostada na parede, Raquel esperava a sua dor de cabeça passar. Em pé, parecia estar muito longe do chão. Agachou abraçando os joelhos para se esquentar, começava a tremer de frio e o chão molhado não ajudava.
Queria voltar lá para dentro, lá dentro estava quente mas Raquel não tinha forças para se levantar.
Algumas pessoas passavam por ali, umas fingiam não ver outras as xingava de drogada mandando ir se tratar.
Aos poucos Raquel foi deitando no chão úmido, quanto mais ela tentava se levantar, mais ela deitava. Sentiu a sua boca encher de saliva, tentava engolir mas não conseguia, até que o seu corpo se contrai e dois longos jatos de vômito puro álcool saem de sua boca, o cheiro da vodka tomando conta de suas narinas sufocava a.
Pelo menos, o seu vômito era quente.
Raquel se encontrava em um estado decadente, deitada no seu próprio vômito.
"Levanta!" disse para si mesma.
E num sobressalto, Raquel levantou a cabeça e se pois sentada novamente. A sua cabeça rodou, colocou a entre os joelhos e os abraçou.
Ficou ali encolhida num estado inconsciente, não sentia frio e não viu o tempo passar. Começou a ouvir umas vozes distantes e ao poucos elas foram chegando mais perto.
_Ei moça, acorda! Moça!
Aos poucos Raquel foi voltando a si.
_Acorda! -insistia a voz.
Raquel sentiu alguém a sacudindo, resmungou alguma coisa.
_Ei acorda... você está bem? Moça!?
Raquel percebeu que estava falando com ela, balançou com muito custo a cabeça dizendo que sim.
_Vai, me ajudar a levanta-la! Segura aí e eu seguro aqui.
Raquel ouvia a voz ora distante, ora perto de mais. Era uma voz fina feminina.
_Ela está gelada!
Aquela voz era mais grossa. Uma voz de homem talvez?
_Tira o seu casaco...
_O meu?
_É!
Meio já voltando a si, Raquel levanta a cabeça mas a abaixa novamente com a cabeça zonza. Notará duas figuras embaçada a sua frente, não conseguia distingui-las. Sentiu algo quente em suas costas.
_Pronto, agora me ajuda a levanta-la -disse a voz feminina.
Agora já conseguia diferenciar as vozes.
Tentaram a todo custo levanta-la mas Raquel não ajudava, não que não quisesse ajudar, mas, seu corpo estava tão frio que as suas juntas pareciam estar congeladas.
_Ela está tremendo de frio... me ajuda a leva-la para a minha casa -disse a voz feminina assim conseguiram levanta-la.
Com as pernas bambas, Raquel se apoiou neles. Aos poucos notará um homem alto a sua esquerda e uma mulher um pouco mais baixa do que ela a sua direita.
A cada passo de Raquel era um osso trincado. A poucos passos dali, que parecia uma eternidade, chegaram em um prédio, a sentaram na escada até que a mulher abrisse a porta. Raquel já estava um pouco melhor.
_Você já pode ir, obrigada por me ajudar -disse a mulher para o homem.
_Tem certeza! Não quer que eu a ajude a subir as escadas com ela? -perguntou o homem.
_Tenho, eu dou um jeito.
_Ok! Te vejo amanhã no bar então. Tchau! -se despediu.
Raquel ouvia tudo de cabeça baixa, notara ele se afastando.
_Vamos!? -disse a mulher pegando no seu braço gentilmente.
Raquel puxa seu braço da mão dela virando para o outro lado, encolheu se para vomitar.
A mulher esperou que acabasse de vomitar.
_Tudo bem? Acabou? -perguntou.
Raquel virou se para ela depois de ter certeza que não vomitaria mais, limpou os cantos da boca.
A luz fraca do poste refletia em seu cabelo loiro, aos poucos Raquel foi reconhecendo aquela mulher a sua frente.
Era a intrometida da Sofia.
"Só podia ser! Ela não cansa de ficar tomando conta da minha vida, não?" pensou, "Não fala assim dela, se não fosse ela você ainda estaria na rua deitada no seu próprio vômito!" repreendeu se.
_Sim... -disse por fim.
Do nada Raquel começou a rir. Ria de si mesma pela aquela situação.
"MEEEU DEEEUS... eu cheguei ao fundo do posso!"
Como do nada começou a rir, do nada começou a chorar. As mãos tampando lhe o rosto, chorava de vergonha da humilhação, chorava de raiva, chorava por se sentir sozinha sem Marina.
Sofia a abraçou, acariciava o seu cabelo.
_Está tudo bem...
Entre os soluços, Raquel falou:
_Não... não está... nada... bem...
_Então vai ficar bem -disse Sofia com a sua voz doce.
Raquel para, limpa o rosto, seca as lágrimas da bochecha e vira se para Sofia.
_"Então vai ficar tudo bem"? - pergunta sorrindo.
Sofia a olhava com aqueles pequenos olhos meio confusa com a sua mudança repentina.
_Ai meu Deus! -disse Raquel caindo a fixa- eu sou mesmo uma idiota...
Limpou novamente o rosto.
Sofia ainda sem entender nada, levanta se.
_Já chegamos, eu moro aqui. Se quiser pode passar a noite aqui.
Raquel se levantou com dificuldade, reparou no prédio de quatro andares com a parede de tijolos vermelhos, havia duas janelas com as luzes acesas.
_Vamos, aqui fora está frio -disse Sofia a puxando pela mão. Fechou a porta assim que passaram por ela.
Com muita dificuldade, Raquel subiu as escadas. Sofia morava no segundo andar.
Paradas na porta número 94, Sofia vira se para Raquel.
_Não repare no apartamento, é bem simples...
Raquel a interrompe dizendo para não se preocupar com isso.
Entraram.
Havia brinquedo espalhados pela sala, papéis e giz de cera em cima da mesinha de centro. Não tinha como Raquel não reparar, era um apartamento, aos olhos dela vistos pela sala, era simples, pequeno mas aconchegante, alegre colorido cheios de desenhos de crianças pendurados pela sala em molduras.
_Não repara na bagunça! -disse Sofia sem jeito catando os brinquedos e os guardando em uma caixa ali perto.
_Você tem filhos? -pergunta Raquel.
_Uma, mas vale por dez, uma pestinha mas é a minha vida!
_Humm...
Sofia foi buscar um lençol, travesseiro, uma coberta e umas roupas para Raquel se trocar e quando voltou, Raquel estava debruçada no sofá com os olhos fechados abraçada a uma boneca de pano.
_Desculpe por você ter que dormir aqui, não temos quartos de visitas.
_Não tem problema, qualquer coisa e melhor que o chão...
_O banheiro fica naquela porta -apontou para uma porta no fim do pequeno corredor- se quiser tomar um banho aqui tem umas roupas para se trocar.
Sofia entrega a Raquel as roupas e ela vai se arrastando para o banheiro. Não tomou banho só trocou de roupa, prendeu o cabelo em um coque frouxo e enxagou a boca para tirar o gosto amargo da boca.
Voltando para a sala, Sofia pergunta se ela não queria comer alguma coisa.
_Não não...
Raquel pegou a coberta se enroscando nela, sentou se no sofá- dormir!
Deitou se no travesseiro com os olhos já fechados abraçava a boneca.
_Boa noite...
Raquel resmunga alguma coisa incompreensível para Sofia.
Sofia não a incomodou mais. Ficou ali a observando por alguns minutos.
Estava com pena dela, tão jovem, bonita e passando por isto.
Sentia na pele o que ela estava passando, queria ajuda-la da melhor forma possível.

NÃO É A MINHA CULPA SER ASSIM!!!  (Volume 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora