Capítulo 21

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     _Puta merda, a polícia... - Marina empurra Raquel para o banco do carona pegando no porta luvas um aromatizante de carro, espira o no ar abanando a mão achando assim que o cheiro da maconha irá sair rapidamente- que droga!!
   Mesmo se o cheiro da maconha não estivesse mais ali, o cheiro já havia impregnado em suas narinas, mesmo daqui a dez anos, Marina ainda irá sentir este cheiro em seu carro.
   Raquel ri dizendo para Marina relaxar.
   Quanto mais o carro da polícia se aproximava, mais Marina se desesperava, arrumava o seu cabelo consertando a roupa, pegou a bituca do cigarro e o jogou para debaixo do banco.
   _Ei, como eu vou pega-lo? -pergunta Raquel achando graça no seu desespero.
   _Cala a boca Raquel, eu vou te matar!
   _Relaxa, eles vão passar direto -diz Raquel a puxando para beija-la.
   Marina torcia para que passassem direito por elas. Mas não passou.
   A viatura estacionou na frente do seu carro e um guarda desceu vindo na direção delas.
   _Pelo amor de Deus -Marina vira se para Raquel- não fala e não faz nada!
   O policial bateu na janela ao lado de Marina. Ela respira fundo antes de abaixar a janela, torceu para que o policial não sentisse aquele mesmo cheiro que estava sentindo.
   _Boa noite... senhoritas! -disse o policial com a sua voz grossa olhando para dentro do carro.
   _Boa noite -disse Marina com a voz calma.
   Nem parecia que a três segundos atrás, Marina estava tendo um filho verde.
   _Houve uma denúncia anônima dizendo que um carro suspeito estava estacionado aqui nesta rua... as senhoritas moram por aqui?
   _Eu não mas ela sim, só vim trazê-la em casa.
   O policial olhou rapidamente para Raquel que encostava a cabeça na janela ao seu lado.
   _A testemunha relata que viu um carro com as mesma características que o seu, estacionar aqui há mais de duas horas e não viu ninguém sair de dentro dele... o que você tem a dizer?
   Marina deu de ombros.
   _O que eu posso dizer, é que, essa pessoa não tem nada pra fazer e fica tomando conta da vida dos outros.
   _Mas essa pessoa só está cumprindo com o seu dever de bom cidadão, não acha?
   _Não acho, tudo bem essa pessoa querer ser um bom cidadão se preocupando com a segurança e tudo mais, mas, a curiosidade é tanta em querer saber o que eu e a minha namorada estávamos fazendo dentro do carro este tempo todo, que... que até incomodaram os senhores.
   O policial não disse nada só a encarou por um tempo.
   _Habilitação e a documentação do veículo, por favor.
Marina entregou lhe os documentos e sai do carro a pedido do policial.
   Marina antes de abrir a porta, olhou rapidamente para Raquel que fez um gesto fechando a boca com um zíper imaginario.
   O policial deu um passo a trás dando espaço para Marina sair de dentro do carro.
   _Você estava bebendo? -pergunta o policial sentindo o cheiro da bebida que Raquel havia entornado em Marina.
   _O quê? Não...
   _Você está dirigindo bêbada?
   _Não, eu não bebi!
   O policial apontou para a garrafa no chão do carro em baixo dos pés de Raquel.
   _E o quê aquela garrafa está fazendo ali?
   Marina abria a boca para se explicar quando Raquel colocou a cabeça para fora do carro.
   _Oii moçoo!! Tudo beem? Eu tô bem. Ótima! Então... briga com ela não... a culpa... é minha... perai, vou explicar...
   Ao invés de Raquel sair pela porta ao seu lado, ela saiu pela porta do motorista, se atrapalhou um pouco para sair de dentro do carro ao passar pelo banco do motorista.
   _Ui, prontinho, tô aqui! -disse ficando de pé, encostada no carro.
   Marina já podia ver a cena à sua frente, as duas na delegacia, ela para explicar que não estava bebendo e Raquel por desacato a autoridade. Bêbada como estava, Raquel não media as palavras.
   _É o seguinte seu guarda...
   Raquel apoiou a mão no ombro do policial que se afastou tirando a mão dela do seu ombro.
   _Ok... -levantou as mãos se rendendo- eu... eu estava na casa de uma amiga... -Raquel dizia calmamente para não tropeçar nas palavras- sabe como é, né? Uma festinha nada de mais... aí, tava eu lá de boa curtindo um somzinho do bom, aí ela me liga e diz que vai me buscar... -apontou para Marina- ela não gosta dos meus amigos!
   _E por que será? -pergunta Marina para Raquel.
   Raquel não respondeu, ficou calada balançando a cabeça. Marina agradeceu por ela não ter dito nada sobre as drogas que usavam, não que se preocupasse com eles, mas, este assunto renderia uma longa história e Marina não queria ficar ali, queria sair dali o mais rápido possível antes que o policial sentisse o cheiro da maconha.
   _Aí! Aí eu peguei a minha garrafa... 35 pila! O olho da cara uma garrafinha dessa... não podia deixa-la para aqueles pinguços, né? Paguei com o meu dinheiro, então ela é minha- Raquel deu três passos para a frente marchando- aí vim embora...
   Parou do lado do policial que a olhava sem expressão alguma no rosto.
   Continua.
   _Chegamos. Como a minha querida mamis não estás em casa, ficamos dentro do carro esperando por ela e... e para passar o tempo, nós jogamos conversa fora... trocamos uns beijinhos aqui, outros ali...
   _Algum problema aqui? -pergunta o outro policial se aproximando pronto para sacar a sua arma.
   _Oiii! Tudo bom? Eu tô ótima! -diz Raquel se virando para ele- eu tô... eu estou contando pra ele que eu e ela estamos esperando a minha mamis chegar porque eu perdi a minha chaves...
   _Você não perdeu -diz Marina- você as colocou dentro da blusa.
   Raquel sorri colocando as mãos nos peitos.
   _Ops! Mas você é lerda, em? Não vê que isto foi uma estratégia para você me pegar? -Raquel revira os olhos balançando a cabeça, volta a falar com os policiais- enfim, estávamos nos duas dentro do carro... eu abri a garrafa, dei alguns goles e ela lá me dizendo para não beber, pra jogar fora... ela é muito careta! Aí, eu ofereci a ela, ela não quis e, A-CI-DEN-TAL-MEN-TE eu entornei nela, nossa, ela virou uma fera, 'que merda Raquel, você vai sujar o meu carro!' -imitou Marina- como se o carro fosse mais importante para ela do que o meu prazer, né? Eu toda aqui me oferecendo e ela nada!
   Marina cruzou os braços.
   _Eu não vou transar com você dentro do carro e muito menos com você bêbada!
   _Por quê? Você já fez coisa pior!
   Marina arregalou os olhos e antes que pudesse se defender, Raquel começa a rir.
   _Brincadeira! Brincadeira! -grita virando para os policiais e depois para Marina- você não sabe brincar? Meu Deus, você é muito chata, qual é, vamos viver mais, se divertir mais, brincar mais... -virou para os policiais- não é mesmo?
   O policial que chegou depois deu de ombros sem responder.
   _Mais emoção nesta porra de vida!! -comemora Raquel levantando os braços.
   _Toma... -diz o policial entregando os documentos a Marina- e melhor você leva-la para dentro.
   Marina não pensou duas vezes, pegou seus documentos e Raquel pelo braço, trancando o carro.
   _Vamos!
  Raquel se solta.
  _Você precisa das chaves.
  _Então me dê as chaves -Marina estende a mão para Raquel.
  Raquel a segura levando aos seus seios onde as chaves estavam.
   _Vem pegar!
   _Me dê as chaves Raquel! -diz Marina puxando a mão.
   _Se você não vai pegar, -Raquel vira se para o policial- você pode pega!
   Ele dá um passo atrás e antes que Raquel pudesse dar mais um passo a frente, Marina a puxa pelo braço, agradece os policiais se despedindo e vai arrastando Raquel pelo gramado até a porta da sua casa.
   Neste pequeno trajeto, Raquel falava para quem quisesse ouvir que tinha várias pessoas por aí querendo ter a chance de pegar aquela chaves dentro do seu sutiã, para a sorte de Marina, não tinha ninguém ali por perto.
   Parada na porta, Raquel olhou para trás para ver se os policiais ainda estavam lá, não estavam. Riu tirando as chaves do peito.
   _Aposto que eles estão imaginando nos duas transando agora... -entrega as chaves para Marina- bando de pervertidos!
   As duas entraram para dentro da casa.
   _Mas que merda foi aquela? -pergunta Marina se afastando de Raquel que tentava abraça-la no meio da sala.
   Não foi um final feliz como Raquel esperava, Marina estava puta da vida com aquela cena ridícula.
   Raquel achava que aquilo não tinha sido nada de mais, era só uma brincadeira. Achava que Marina deveria ter a agradecido pelos policiais a terem liberado sem mesmo verificar os seus documentos ao invés de ficar falando como se sentiu sendo ridicularizada por ela na frente dos policiais, mas mesmo assim, Raquel pediu desculpas para acalmar os seus nervos.
   Como castigo, Marina a enfiou de roupa e tudo debaixo da água fria do chuveiro e visto que Raquel já estava melhor, a deixou sozinha e foi embora, Marina ficou uns dois dias sem falar com ela para aprender a respeita-la e não ficar falando merda por aí.
   Além de Raquel ir dormir com frio, não tinha ninguém para esquenta-la e muito menos acaricia-la.

NÃO É A MINHA CULPA SER ASSIM!!!  (Volume 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora