Capítulo 33

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     Quando a sua mãe chegou, Raquel ainda estava do mesmo jeito de 3h atrás, assustou se com ela ali no chão do banheiro.
   _O que você faz aí nesse chão? Levanta da daí, menina!
   _Estou passando mal.
   _O que você tem? -pergunta a sua mãe colocando a mão em sua testa verificando a temperatura.
   _Vontade de vomitar e minha cabeça dói.
   Mais que depressa a sua mãe se afasta dela como se aquilo fosse contagioso.
   _Você não está grávida não, né Raquel?
   _Claro que não.
   _Como você pretende criar essa criança se nem trabalho você tem? Não faz nada o dia inteiro, só presta pra comer e dormir... está muito enganada se pensa que eu vou cuidar dela! A outra lá sabe quem é o pai? Com certeza não é o ela. Ela sabe que você tá grávida, né?
   _Que merda mãe, já falei que eu não estou grávida! -diz Raquel ficando em pé bruscamente.
   Não escondeu a sua cara de dor ao ficar em pé. Como passou muito tempo em uma mesma posição, seu corpo todo doía, principalmente seu joelho machucado. Havia se esquecido completamente dele.
   Deixou a sua mãe falando sozinha indo para o quarto. Sabia que o seu momento de paz e silêncio haviam acabado assim que a sua mãe entrou naquele banheiro.
   Ela foi atrás.
   _Se não é isto, só pode ser essas porcarias que você fica usando. Você pensa que eu não vi o estado em que você chegou ontem, né? Deus é testemunha que eu já não sei mais o que eu faço com você...
   Trancada em seu quarto, Raquel olhava se no espelho do guarda roupa, examinava o tamanho da sua barriga.
   "Eu não estou grávida."
   Ou estava? Já não sabia de mais nada dessa vida.
   Bufou se jogando na cama. Queria dormir e nunca mais acordar.
   Alguns minutos depois pulou da cama jogando as cobertas pra cima.
   Seu celular não estava em seu bolso, provavelmente também não estava na cama. Começou a achar que o havia perdido, esquecido no banco da pracinha.
   "Tomara que Lia tenha guardado pra mim!" pensou, "Não!"
   Lia não podia ficar com o celular de Raquel, ela sabia a senha e provavelmente mexeria nele. Nas fotos, nos vídeos, nas mensagens dela com Bruna, com Marina....
   "Não, esperaí!"
   Ela havia rejeitado as ligações de Marina mais cedo, então não deixou seu celular lá.
   "Droga!"
   Mais que depressa Raquel correu para o banheiro procurando o seu celular no chão, debaixo e dentro do armário, em cima da pia, dentro do lixo e até dentro do vaso. Não achou.
   _Mãe! -gritou Raquel procurando a sua mãe pela casa toda- Mãe!
   A achou na cozinha.
   _Mãe, você viu meu celular?
   Ela falava ao telefone.
   _... não... eu já não sei mais o que eu faço com ela! Ela fica usando essas porcariadas aí, aí fica vomitando até as tripas... precisa ver como ela chegou ontem... já era quase meio dia! E ainda por cima, não avisa que horas vai chegar, se é que vai chega, né!
   _Mãe! -gritou tomando o celular da sua mão. Desligou o- Quem te deu a permissão de mexer no meu celular? Por algum acaso eu mexo no seu? Não, não mexo, então respeita!
   _Quem mandou você deixar esse celular jogado por aí? E ele estava tocando.
   _Como estava tocando se eu o coloquei no modo silencioso?
   A dona Miranda jogou os braços para cima dramática.
   _Ahh Raquel, ele estava tocando e pronto! E vê se não deixa ele jogado por aí, eu quase pisei nessa merda!
   _Será que eu não tenho mais privacidade nesta casa!? -subiu as escadas batendo o pé.
   Trancando se no quarto outra vez, pulou na cama rediscando o última ligação recebida.
   _Antes que você brigue comigo... -diz Raquel assim que atendem- desculpa por não ter atendido antes e desculpas por ter deligado na sua cara.
   _Oi pra você também! -disse Marina do outro lado da linha.
   Raquel suspira.
   _Oi pra você também -sorri- é bom ouvir a tua voz.
   _Que bom que gosta de ouvir a minha voz, você vai ouvi-la e muito!
   _Nããão, por favor... -choramingou Raquel cobrindo a cabeça- deixa pra me xingar outro dia, hoje não... tô morrendo!
   _O que você tem?
   _Dor de cabeça e o joelho dodoi.
   Marina ri.
   _'Dodoi'? Tadinha!
   _E antes de você dizer que a minha dor de cabeça é de ressaca, não é! Eu estava bem ontem, começou agora a tarde. E outra coisa, não escuta a minha mãe, ela é louca e gosta de aumentar as coisa. Eu Não cheguei do jeito que ela diz que cheguei, muito menos vomitei as minhas tripas. Avisar eu não avisei mesmo, só isto!
   _Hum. Quer que eu vá aí cuidar do seu 'dodoi'?
   "A Bruna já cuidou."
   _Não precisa, tô bem. Vou tomar um remédio aqui e vou dormir.
   _Nossa, obrigada. Fala que não me quer de uma vez!
   _Iii pode parar com isso! Só disse que não precisa se preocupar com isso, eu estou bem. Se quiser vir, pode vir, mas não me estressa, ok?
   Marina já estava lá em menos de uma hora.
   Do jeito que Raquel estava, Raquel ficou quando Marina chegou.
   A primeira coisa que Marina fez ao entrar em seu quarto, foi verificar se estava com febre por estar debaixo da coberta. Era um dia quente e abafado. Raquel não estava com febre, era só ela sendo dramática mesmo.
   _Já tomou o remédio? -pergunta Marina deitando ao seu lado.
   _Não.
   _Por quê?
   _Ja está passando -mentiu.
   A sua dor de cabeça estava aumentando cada vez mais. Era tanta coisa que estava pensando, se contava pra ela agora ou se deixava pra depois ou talvez nem contasse, pensava em Lia, em Bruna. Como Bruna pode transar com Lia depois de dizer, não com essas palavras, que não estava afim de mais ninguém além dela?
   "Já que ela não teve o que queria aqui, foi pegar em outro lugar?"
   _Você acha que eu estou grávida? -pergunta Raquel depois de tomar o remédio obrigada por Marina.
   _Por que está perguntando isto?
   _Por que a minha mãe e Lia me perguntaram se eu estava grávida só porque eu disse que estava enjoada e com dor de cabeça.
   _E você está grávida? Há motivos pra você achar que está grávida?
   _Não, claro que não!
   Marina ergue uma sobrancelha desconfiada, depois relaxa sorrindo.
   _Até que não seria uma má ideia ter um bebê.
   Raquel a encara.
   _Tá doida, né?
   _Não... sei lá... as vezes eu penso em nós duas tendo um filho.
   _Eu tô correndo delas e sei que você não gosta!
   _Não gosto dos filhos dos outros, mas se eu tivesse um, ia ser bem educado e sem pirraça... -diz Marina apertado as bochechas de Raquel.
   _Humm... -Raquel sorri depois de pensar um pouco- imagina você sendo mãe... mó chata, cheia de regras, não vai deixar comer besteiras, nem brincar na terra... na rua, não vai poder andar descalço...
   _Só que você vai estar lá pra deixar fazer tudo isto me contrariando, não é?
   Raquel sorriu sem dizer nada. Queria aquilo mais do que tudo nessa vida, mas, agora ali depois do que aconteceu, não achava certo fazer aquilo.
   _Olha, eu caí. -diz por fim descobrindo as pernas para mostrar o novo machucado.
   _Tadinha... -diz Marina beijando seu joelho, subindo, beija sua coxa, sua barriga seu pescoço- quem manda você encher a cara? -sussurra em seu ouvido.
   Raquel a afasta evitando ser beijada por Marina.
   _Pra sua informação, primeiro: eu não bebi muito. Segundo: nós ja estavamos chegado em casa. Terceiro: eu nem estava bêbada!
   _Humm... Você só bebeu?
   _Pode uma coisa dessas? Se eu tivesse caído com a cara no chão lá no meio de todo mundo, aí sim, tudo bem dizer que eu estava bêbada. Mas não, eu não estava! Já estavamos praticamente dentro da casa de Lia.
   _Você não me respondeu!
   _O quê?
   _Você usou mais alguma coisa?
   Marina já sabia a resposta.
   _Foi mal, eu sei que prometi não usar mas... foi só a metade. E eu precisava daquilo, tudo foi tão perfeito, tão mágico...
   Marina suspira.
   _E com foi lá?
   Raquel respirou fundo tomando fôlego.
   Contou com detalhes tudo o que aconteceu, as partes que lembrava pelo menos, mostrou as fotos que tirou com eles e evitou os vídeos gravados por Bruna. Neles haviam cenas que  poderiam ser mal interpretadas por Marina.

NÃO É A MINHA CULPA SER ASSIM!!!  (Volume 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora