Capítulo 34

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      Raquel passou aqueles dias seguintes tentando agir naturalmente, só tentava, pois, a cada dia que se passava, estava cada vez mais difícil fingir que nada aconteceu. Mal olhava Marina nos olhos, mal a beijava.
   Precisava contar. Estava decidida a não dizer nada, mas, a culpa dentro dela a corroia por dentro a fazendo perder horas e horas de sono durante à noite.
   "De hoje não passa!"
   Raquel foi até a sua casa. O caminho todo até lá, não ensaiou o que ia dizer porque toda vez que se preparava, as palavras já na ponta da língua, na hora H lhe dava um branco na cabeça e não conseguia dizer nem a metade do que queria dizer.
   Na hora ali, Raquel daria o seu jeito.
   "Seja o que Deus quiser!"
   Tocou a campainha.
   Marina parecia surpresa em vê-la ali.
   _Oi -diz Raquel entrando.
   _Oi... você não me avisou que vinha.
   _Deculpa, foi de última hora. Tem algum problema? Está ocupada?
   Marina a abraça.
   _Não não. Pra você eu tenho todo o tempo do mundo! -beijou lhe a testa- Que carinha é está? Brigou com a sua mãe de novo?
   _Não não -nega Raquel sentando se no sofá- não briguei com ela não.
   Marina senta se ao seu lado.
   _O que foi então?
   _Eu preciso conversar com você. Mas primeiro, você pode me dar um copo com água, por favor? Eu vim a pé de lá até aqui, tô morrendo de cansada.
   Marina se levanta indo buscar o copo com água. De volta trazendo a água, esperou pacientemente que Raquel bebesse toda a água do copo.
   _O que você quer conversar?
   Raquel se aproximou beijado a.
   _Por favor, me desculpe... -disse entre os beijos-... me desculpe...
   "Não chora. Não chora. Não chora." disse para si mesma sentindo o nó se formando em sua garganta, "Você fez merda, agora aguenta!"
   _O que você fez? -pergunta Marina limpando o seu rosto.
   _Me desculpe, e-eu não sabia o que estava fazendo, quando eu dei por mim, eu já estava lá...
   _O que você fez, Raquel? -pergunta Marina seriamente olhando em seus olhos.
   _Eu poderia dizer que estava bêbada, drogada, sei lá, qualquer coisa, mas não, eu não estava, e... e ela estava lá com aquele sorriso... -abaixou a cabeça- aí  eu a beijei...
   _O quê? -Marina não ouviu direito.
   Raquel vira se para Marina novamente. Seus olhos embaçados pelas lágrimas que começavam a se formar.
   _Eu a beijei... eu beijei a Bruna!
   Marina a encarava sem dizer nada.
   _Me desculpe, foi só um beijo e eu nem sabia o que estava fazendo. Aquilo não significou nada pra mim!
    Significou, não no começo, mas depois. Queria continuar beijando Bruna mas aquilo era errado, por isso tentava se convencer de que não significara nada.
   Raquel também não entendia o por que daquele drama todo em querer contar para Marina, afinal, era só um beijo, um beijo como qualquer outro, nenhum chegava aos seus pés.
   _Por favor Marina, diga alguma coisa!
   Marina alisas eu cabelo, suspira.
   _Então era por isto que você estava estranha esses dias...? -sorriu sem vontade- eu pensei que você ia me dizer que estava grávida.
   _Me desculpe...
   _Quando foi isto?
   Raquel engoliu em seco.
   _No domingo depois do show...
   _E só agora você vem me contar? Uma semana depois?
   _É! Eu nao ia te contar, mas eu...
   _Ah você não ia me contar?
   _Não. Não sei... foi uma coisa idiota que eu fiz sem importância, não significou nada!
   _Por que você decidiu me contar só agora? Por que não me contou antes?
   _Por que... por que eu me senti um lixo por não te contar, não quero que tenha segredos entre nós. Eu não te contei antes por que me faltou coragem... por favor Marina, eu não quero brigar com você, estamos tão bem...
   _Pena que você sempre fode tudo! -diz Marina com amargura se levantado.
   _Me desculpe...
   Raquel tentou segurar a sua mão mas Marina se solta, andava de um lado para o outro.
   _Por favor Marina, eu sei que eu faço merda, mas… -respirou fundo ficando de pé- me desculpe!
   _Para de ficar pedindo desculpas!
   Marina que andava pra lá e pra cá com a mão na cabeça, para em frente a Raquel.
   _Eu só vou te fazer apenas uma pergunta... me responda com toda sinceridade olhando nos meus olhos.
   Raquel balança a cabeça afirmando sem tirar os olhos dela.
   _Quando você estava beijando a Bruna, você pensou em mim?
   Raquel predeu a respiração.
   Quadou beijou Bruna, Raquel não pensou em Marina, não pensou em Lia e nem pensou na sua mãe. Não pensou em nada.
   _Quando você me beija, você pensa nela? -pergunta Marina com seus olhos faiscando.
   Nesses últimos dias, nas vezes que Raquel beijava Marina, mesmo não tentando pensar, ela acabava pensando em Bruna. Não que pensasse por mal, era só a culpa se esfregando em sua cara toda vez que beijava Marina. Aquilo era errado de se fazer, por isso precisava contar.
   _Foram duas perguntas.
   Marina bufa dando lhe as costas. Com a mão na testa, virou se para Raquel outra vez. Nem precisou que Raquel respondesse, Marina já sabia as respostas.
   _Por favor, sai da minha casa. Vai embora! -pediu Marina apontando para a porta.
   Raquel abraça a sua cintura.
   _Por favor Marina, não faça isto, não me mande ir embora! Me desculpe... -sentia as lágrimas molharem o seu rosto- me desculpe... me desculpe, por favor!
   _Pare de pedir desculpas!
   As desculpas de Raquel eram como um remédio, se tomamos por muito tempo, uma hora ele deixará de fazer efeito.
   _As suas desculpas já não adiantam mais, Raquel! -completa Marina livrando se de seus braços.
   Raquel se afasta limpando o rosto.
   _Desculpa, eu não vou mais te pedir desculpas, mas, por favor Marina, me desculpe só mais essa vez. A última vez!
   Marina ri incrédula. Vira se dando lhe as costas.
   _Me desculpe por minhas desculpas não valerem mais nada para você, eu sei que andei abusando delas esse tempo todo... -disse Raquel com a voz mais calma parando atrás dela- eu sei como você está se sentindo agora, eu sinto muito, muito mesmo. Queria que nada disso tivesse acontecido, não quero perder você... -secou uma lágrima solitária que escorria pela sua bochecha- não quero saber dela. Eu deixei bem claro para a Bruna que aquilo não significou nada pra mim e que aquilo nunca mais deverá se repetir novamente e que não era para confundir as coisas, ela concordou em se afastar porque sabe que eu só quero você. Você pode não acreditar, mas... eu quero você. Não quero mais ninguém além de você!
   Marina ainda de costas, Raquel se afasta indo para a porta.
   _Não vou implorar pelo seu perdão, eu sei que errei... Se nunca mais quiser me ver, se quiser me odiar pelo resto da sua vida, eu vou entender. Errando é que se aprende, não é? Mas depois de já ter esfriado a cabeça e, se quiser passar uma borracha em toda essa merda e comecar de novo, você sabe aonde me encontrar!
   Parada na porta prestes a fecha-la, Raquel vira se uma última vez para Marina que se virou assim que ouviu o barulho da porta se abrindo.
   _Eu vou ficar esperando você bater em minha porta todos os dias da minha vida.

NÃO É A MINHA CULPA SER ASSIM!!!  (Volume 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora