Capítulo 28

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     Na manhã seguinte, Raquel já havia se conformado que não tinha mais gato. Semanas depois Marina aparece em sua porta com um filhote de gato.
   _Eu sei que não vai substituir o outro mas... ela também precisará muito do seu amor e do seu carinho!
   _Tá. -disse Raquel sem muito entusiasmo olhando a gata.
   _O que foi? Não gostou? -perguntou Marina.
   _Gostei. É que... -deu de ombros- pra quê eu vou querer mais gatos se eles nunca duram por muito tempo?
   _Humm... então é melhor eu leva-la de volta.
   _Não! -Raquel tomou a gata de sua mão abraçando a- Não vai leva-la.
   Marina ri.
   _Eu pensei que não quisesse ela.
   _Quem disse que eu não quero?
   Mas tarde Raquel a batizou como Chamuscada. Além de ser um sisco de gente, a gata tinha a pelugem preta com manchas amarelas e brancas espalhadas pelo corpo afora, parecendo que fora queimada, daí o nome de Chamuscada.

   Com relação a Bruna, já havia se passado muito tempo para que Raquel quisesse brigar ou ficar com raiva dela. Até a perdoou, mas não confiava mais nela. Mesmo a contra gosto de Marina, Raquel e Bruna ainda continuavam se vendo, por culpa de Lia. Mas não tinha nada de mais em se verem, aquele breve momento que tiveram ficou enterrado no passado, hoje elas eram apenas amigas. Certo?
   Mesmo brigadas e não pedindo desculpas, Lia e Raquel sempre podiam contar uma com a outra para o que desse e viesse. Não que Lia estivesse com problemas, agora que estava solteira -pela déscima vez- precisva da sua ajuda.
   Como nos velhos tempos quando Lia estava afim de alguém. Saindo com Bruna para beber, Lia arrastava Raquel pra cima e pra baixo junto com elas. Raquel tinha que parecer desinteressante para que Lia fosse o centro das atenções ali.
   _Rá! Eu sabia, você não me engana, você estava e está afim dela! -diz Raquel quando percebeu o joguinho de Lia- E ainda por cima me jogou pra cima dela. -balançou a cabeça.
   _Uai, você não quis! -disse Lia dando de ombros-Nós vivemos apenas uma vez, por isto quero aproveitar ao máximo a minha vida. Não quero chegar no meu leito de morte arrependida de não ter ficado com uma mulher. É apenas curiosidade e se eu não gostar, pelo menos eu posso dizer que eu fiz!
   _Ah mais você vai gostar!
   _Vou gostar de ficar com uma mulher ou gostar de ficar com a Bruna? -pergunta Lia maliciosamente a encarando com uma batata frita na mão.
   Raquel não responde, apenas sorri.
   Lembrou daquela noite. Dela gemendo. Explorando cada curva de seu corpo. Como ela dormia...
   Lia jogou uma batata em sua cabeça a trazendo de volta.
   _Vai, me conta como ela é! -pediu.
   Raquel negou dizendo que não era do caráter dela comentar esses tipos de coisas de quem já transou.
   Lia aproximava se de Bruna mas recuava se na mesma hora, tinha medo que fizesse alguma coisa errada e estragasse a sua amizada com ela. Bruna parecia ou fingia não notar ela se aproximando.
   E ao invés de Raquel ajudar, ela ria e debochava se de Lia.
   _Vai se fuder Raquel! -dizia Lia beliscando a- Desse final de semana não passa! Ou eu fico com ela ou eu viro freira.
   _Com tantas outras garotas por aí, por quê que tem que ser com ela?
   "Que não está afim de você." completa Raquel em pensamentos.
   Lia suspira.
   _Porque eu não controlo o meu Imprinting!

   Imprinting: é o que o Jacob sentiu pela a Renesmee no filme da Saga Crepúsculo. Nesse caso, o Imprinting de Lia não durava pra vida toda, era passageiro, uma coisa apenas carnal, um desejo desesperado de ir para a cama com esta pessoa.

   E não passará deste final de semana porque todas irão ao Caldeirão.
   "PELA PRIMEIRA VEZ NA REGIÃO... In This Moment!", dizia no cartaz que Raquel segurava com o sorriso de orelha a orelha e os olhos brilhando.
  In This Moment era o tipo de banda que era a cara de Raquel. Eles eram novos, muita gente não os conhece, mas se depender de Raquel, o mundo inteiro irá conhecer.
   Bastou ouvir uma única vez para que Raquel se apaixonasse por eles. Agora era dia e noite escutando suas músicas no volume máximo.
   De tanto falar neles, Raquel conseguiu converter Lia e Bruna para as trevas sangrentas do In This Moment, e gostaram.
   E neste final de semana eles irão se apresentar no Caldeirão.
   Raquel estava mega ansiosa para que este final de semana chegasse logo que não se incomodou por não ter visto Marina esses últimos três dias.
   _Se eu tivesse morrido, você nem ia saber, né? -disse Marina ao telefone- Não procura, não me liga...
   _Desculpa, desculpa, desculpa. Eu estava cheia de coisa pra fazer esses dias que nem me liguei -respondeu Raquel ainda deitada.
   Já passava do meio dia.
   _Nossa, obrigada pela consideração!
   _Iii, nem vem! Você tem o triste hábito de sumir sem avisar que eu já não me preocupo mais.
   _E o que você estava fazendo para tirar toda a tua atenção de mim?
   _Bom, tirando a minha ansiedade e não conseguindo dormir à noite, durante o dia eu estava ocupada fazendo camisetas, desenhos nelas.
   _Humm. E por que a ansiedade?
   _Porque, porque, porque... Porque eu estava doída para que hoje chegasse logo para eu poder ver a Maria de pertinho no Caldeirão!
   _Quem?
   _A Maria vocalista do In This Moment! Ela é fodamente fodástica!
   _Não conheço. -disse Marina desinteressada.
   _É, eu sei. Você não gosta de metalcore.
   _E com quem você vai? -pergunta já sabendo a resposta.
   _Eu, claro! Lia, Bruna, Rosana e mais quem quiser ir.
   _Hum.
   Silêncio.
   Marina respira fundo. Diz por fim:
   _Eu não quero que você vá.
   Raquel ri alto.
   _Vai ficar querendo meu bem! Nada nesse mundo irá me fazer mudar de ideia.
   _Por favor!
   _Por favor digo eu, me peça qualquer coisa, menos isto!
   _Tudo bem. Eu não mando em você, não vou te proibir de nada. Bom show. Tchau! -desligou.
   Raquel riu olhando para o celular na sua mão. Suspirou ajeitando se embaixo do edredom, aproveitaria ao máximo o resto das horas que tinha livre até a hora de se arrumar.
   Como não dormiu direito esses últimos dias, precisaria estar bem descansada para aguentar o pique.
   Foi acordada por sua mãe a cutucando.
   _Acorda menina. Levanta dessa cama, faz alguma coisa nessa vida!
   Raquel resmunga alguma coisa cobrindo a cabeça.
   _Anda, levanta... -a descobriu- eu preciso que você vá no mercado pra mim!
   _E eu preciso dormir! -disse Raquel tampado a cabeça com o travesseiro.
   _Depois você dorme -puxou o travesseiro- Anda logo! Hoje fecha mais cedo.
   Raquel se levanta batendo o pé. E com toda a calma irritante do mundo, ela vai no banheiro lavar o rosto, e com toda a calma irritante do mundo, vai se arrumar.
   Com duas sacolas nas mãos, Raquel voltava do mercado contando os minutos que ainda lhe restava.
   Parou à alguns metros de sua casa.
   Conhecia aquele carro de longe. Conhecia aquele Corolla preto estacionado em frente a sua casa.
   Sorriu ao se aproximar.
   "Sua cretina, eu vou dar na tua cara!"

NÃO É A MINHA CULPA SER ASSIM!!!  (Volume 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora