Capítulo 12

413 23 6
                                    

      Havia um pouco mais de dois meses que Marina se mudara, vida nova, cidade nova, pessoas novas e um novo trabalho.
   Não conhecia ninguém, só o pessoal do trabalho e a sua vizinha, uma senhora dos seus 70 e poucos anos que a recebeu de braços abertos à vizinhança.
   Não tinha muita empatia com o pessoal do seu trabalho, exceto por Paulo, um cara alegre, divertido e o menos forçado a querer a sua amizade. Suspeitava dele ser gay, mas não perguntou respeitando a sua privacidade, mas a suas suspeitas se confirmaram quando ele a chamou para um festa GLS, disse ser uma das melhores festas da cidade e era um bom lugar para conhecer pessoas interessantes.
   Marina não curtia esses tipos de festas, eram cheias e barulhentas, ela não gostava de bagunça mas foi assim mesmo.
   Era como suspeitava, cheia, barulhenta, música alta e gente rindo e conversando mais alto do que a música, o bom ali era só as bebidas de todo os tipos mas ficou só na cerveja mesmo.
   Paulo lhe apresentou a seus amigos, ela conversou com alguns, gostou de outros mas Marina não os achou interessantes.
   Estava muito abafado ali e com uma garrafa de cerveja na mão, resolveu ir para a varanda longe daquela confusão toda. Da varanda, Marina tinha uma ampla visão lá de dentro,  era gente dançando, conversando, homem pegando homem, mulher pegando mulher e homem pegando mulher. Notou também um grupinho lá no canto, uma garota para ser exata, parecia ser o centro das atenções ali. Ela dava atenção a todos a sua volta, ria, conversava, dançava e notara que Marina não tirava os olhos dela, sorriu quando seus olhos se cruzaram novamente.
   Depois Marina a perdeu de vista, não estava mais ali, o grupo parecia não ter mais vida sem ela.
   Pegando mais uma cerveja na mesa de bebidas lá dentro, Marina sentiu alguém se aproximar por de trás dela.
   _Está procurando por mim?  -pergunta alguém atrás dela. Uma voz feminina.
   _Se for quem eu estou pensando, sim -disse Marina ainda de costas.
   Aproximando se mais de Marina, a mão sobre a dela na garrafa, diz em seu ouvido.
   _E como ela é?
   _Bom, eu não sei muito bem como ela é, mas, eu pretendo descobrir, se ela deixar, é claro! Só sei que ela é maravilhosa.
   Pegando a cerveja da sua mão, a voz feminina se afasta.
   _E então, sou eu que está procurando? -pergunta depois de beber um pouco da cerveja.
   Marina virasse para ver se era quem ela estava pensando ser, a olhou de cima a baixo. Ela sorria num sorriso tímido e encantador com apenas uma única covinha do lado esquerdo do rosto.
   _Pode se dizer que sim.
   _Humm, que bom! -diz entregando a garrafa a Marina- você é nova por aqui, né? Conheço todo mundo...
   _Ah sim, tem uns dois meses.
   _Humm, interessante... -deu um passo a frente- posso te mostrar a cidade depois...
   _Seria um prazer ter a sua companhia -disse Marina chegando mais perto dela.
   _Disponha sempre que precisar -sorriu estendendo lhe a mão- prazer, Bruna!
   Marina aperta a sua mão macia.
   _O prazer é todo meu! Marina.
   Se cumprimentam com dois beijinhos no rosto, Marina sentiu um perfume bom vindo do seu cabelo.
   _Marina... -repetiu Bruna se deliciando com o som da palavra nova em seus lábios- então, o que faz por aqui?
   Marina contou lhe que se mudara por causa de seu trabalho, de onde veio e por onde morou até chegar ali. Devido a música alta, as duas falavam uma no ouvido da outra para que pudessem se ouvirem melhor. Por fim, Bruna passou os braços em volta do seu pescoço abraçando a, Marina segurou a cintura de Bruna puxando a mais para perto.
   Tudo aconteceu tão rápido que em um minuto, Bruna falava alguma coisa em seu ouvido e no outro, já estavam se beijando. Não se sabe ao certo quem deu o primeiro passo, talvez fosse a vontade das duas.
   Quando Paulo viu as duas se beijando arregalou os olhos.
   _Não creio no que meus olhos vêem! -disse atrapalhando as suas.
   Bruna o mandou ir pastar.
   _Eu não sabia que você gostava dessa fruta... por que você não me contou? -perguntou Paulo a Marina.
   _Porque você nunca me perguntou -respondeu Marina.
   Como Paulo não as deixavam em paz, Bruna pegou Marina pela mão e a levou para um dos quartos vazios.
   Havia uma coisa em Bruna que chamava a atenção de Marina, além do seu corpo, é claro, era a sua sensualidade na mais pura inocência, era tão natural que Bruna nem percebia, até mesmo quando não queria, seja no modo como conversava, agia ou andava.
   Marcaram de se ver para Bruna mostrar lhe a cidade, pelo menos a parte de seus interesses. Marcaram mais uma vez de se encontrarem e mais uma e mais uma e mais uma vez se encontraram.
   Nas palavras de Bruna, não podia deixar escapar assim uma pessoa tão boa de cama quanto Marina. Era muito difícil encontrar uma pessoa que atendesse as suas necessidades e  além de Marina ser um rostinho bonito e boa no que faz, ela tinha conteúdo e Bruna prezava isto nas pessoas.
   Cada dia que se passava, via se cada vez mais emvolvida com Marina, mais do que queria. Para Bruna, seria só sexo e alguns amassos nada de mais, mas estava se tornando algo mais sério e ela não queria, não agora. Resolveu botar um fim naquilo, se arrependeria disto mais tarde mas já estava decidido.
   Bruna queria guardar boas lembranças daquele último dia, a última transa, o último sorriso e o último beijo.
   Tomou coragem virando se para Marina.
   _Por favor Marina, não me odeie...
   _É claro que eu não te odeio! -disse Marina puxando a para beija-la.
   Bruna desvencilia se dela.
   _Não, eu preciso te dizer antes que eu desista...
   Marina senta se na beirada da cama para ouvir o que ela tinha a dizer.
   _Digas.
   _Me desculpe Mah, -começou a andar de um lado para o outro- de coração, você é incrível, perfeita, maravilhosa, mas... mas, não dá mais, precisamos parar por aqui qualquer coisa que tenha começado entre nós.
   _Não entendi.
   Bruna respira fundo.
   _Eu estou terminando com você. Não me leve a mal Marina, eu gosto de você, sério, mas é este o problema, eu não me sinto pronta para ter algo mais sério...
   _Espera aí, -interrompe Marina levantando se- deixa eu ver se entendi... você gosta de mim mas quer terminar porque não se sente pronta para ter algo sério?
   _Por favor entenda, vai ser melhor assim...
   _Melhor para quem? Pra você? Com certeza! Eu estou te atrapalhando, né? Eu estou te atrapalhando a ficar com quem você quiser...
   Bruna a interrompe sentindo se ofendida.
   _Claro que não Marina, não é...
   _Então é o quê? -Marina não deixou que falasse, deu uma arrumada em sua roupa- quer saber, não diga nada. Se você quer assim, tudo bem, eu não vou ficar mais no seu caminho -pegou a sua bolsa e foi em direção a porta para ir embora- vai, pode ir, fique com quem você quiser, seja feliz transando com Deus e o povo!
   Marina saiu batendo a porta atrás dela, pagou o quarto de motel e foi embora.
   Estava com raiva de Bruna, com raiva de si mesma. Estavam indo tão bem, Marina ia pedi-la em namoro quando completasse 4 meses juntas, dali alguns dias, e agora os seus planos tinham sidos apagados com um balde de água fria jogado por Bruna.
   Os dias se passaram, Bruna não a procurou desde que terminaram, ela também não se importou. Marina seguiu dali adiante mais focada em seu trabalho. Houve algumas namoradinhas aqui e ali mas nada sério.
   Valeria, a sua atual ex, era uma das amigas de Paulo de quem Marina gostara naquela festa, tinham gostos parecidos, ideias parecidas, se deram bem, tentaram um relacionamento mas não deu certo, estava mais para uma amizade colorida, então decidiram ficar só na amizade.
   As vezes se esbarrava com Bruna por aí, Marina mostrava lhe que não havia mais recentimentos por ela.

NÃO É A MINHA CULPA SER ASSIM!!!  (Volume 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora