Natal em Família parte 2

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_Que merda! -era tudo o que eu conseguia dizer.
_Relaxa, vai dar tudo certo. Só manera no palavriado, ok? -disse Marina saindo do carro.
GRANDE MERDA!!
Se é para eu maneirar no palavriado, era melhor e não falar nunca mais ou,enquanto eu estiver aqui.
Vejo todos me encarando do lado de fora. Eu ainda estou dentro do carro petrificada. Respiro fundo saindo de dentro do carro. Me aproximo deles.
penso em não vomitar nos seus pés.
_Não seja tímida, venha cá! -disse, acho eu, ser o pai dela com a sua voz grossa me puxando para um abraço apertado.
Fiquei sem reação de retribuir o seu abraço. Não gosto de contato físico de imediato.
_Ela está com medo de vocês não gostarem dela.
Lanço um olhar de ódio para Marina por ela ter dito que eu estava com medo.
A que dee ser a sua mãe, me abraça mais gentilmente.
_Não seja boba Raquel, estavamos doidos para conhecer você!
Como ela sabe o meu nome?
Não seja burra. Marina deve ter dito a eles, né!
então eu percebi que eu não sabia os nomes deles. Se Marina havia me dito ou não, eu não me lembrava.
Ótimo! Menos um ponto pra mim.
Sorrio para ela.
_Eu também estava doida para conhecer vocês. Agora sei aonde a Marina tirou tanta beleza!
Eu sei que todos dizem isso quando querem impressionar a sogra, mas era verdade. Não que o seu pai fosse feio, pelo contrário, mas Marina se parecia muito com a sua mãe. Talvez fosse a sua versão mais velha.
_Gentileza sua, querida. Ela se parece comigo mas puxou o pai.
Olho para os dois, deviam ter no máximo 50 anos. Eles eram muito novos para serem aposetados.
_Vem, vamos entrar, a Maria está morrendo de saudades sua! -disse ela virando se para Marina.
_É sério isto? -pergunta Marina depois que o seus pais entraram.
_O quê?
_'Agora vejo de onde a Marina tirou tanta beleza.' -ela fez uma imitação muito enfadonha minha.
_O quê que tem? Tenho que ganhar uns pontinhos com a sogrinha! -pisco para ela.
_Você tem que ganhar pontinhos é com o Sr. Carlos! -diz ela me puxando para um beijo rápido.
Então esse era o nome dele?
Puxei da memória se eu me lembrava de algum Sr. Carlos que Marina tenha me falado. Não lembro.
Entramos.
Como eu posso descrever o que via ali?
Bom, eu me vi na casa de um coronel daquelas novelas de época.
A casa era antiga com seus móveis antigos mas  bem conservados. Nada tão rústico mas nada tão moderno. Aconchegante. Na entrada, já vemos um grande armário antigo de madeira com suas portas de vidro exibindo uma prataria finíssima.
Parada emno meio da sala, uma senhora um pouco mais velhas do que eles, estendia os braços para Marina.
Marina correu para abraça-la. Se abraçaram tão bem abraçadas que eu fiquei com ciúmes.
Depois a tal Maria veio me cumprimentando me dando um abraço seco.
Porque que com Marina ela deu aquele abraço e comigo foi um abraço insignificante? Agora eu faço parte da família, aceita querida!
_Vem Raquel, vou lhe mostrar o resto da casa -disse a mãe de Marina me puxando pela mão. Eu ainda não sei o nome dela.
Cada cômodo era igual mas diferente dos outros. Os mesmo estilo dos móveis mas um abiente diferente. Mas não deixam de ser aconchegantes. E ainda tinha quele cheiro nostálgico dos móveis.
_E por último, o seus quarto! -diz abrindo uma porta.
Não sei se era a colcha rendada estendida em cima da cama, não sei se era a cortina seguindo o mesmo estilo da colcha, ou se era aquele cheiro famíliar, aquele quarto me fazia lembrar da minha Bisa.
As vezes me bate uma saudade dela. De suas histórias, de seu cheiro que sentia ao abraça-la. Sinto falta de um tempo que era bom.
_Desculpe, a Marina me disse o nome da senhora mas como eu sou esquecida, acabei me esquecendo. -digo espantando minhas lembraças.
_Não se preocupe, o meu nome é difícil de guardar mesmo. Eu me chamo Ana!
_Ana? Sério?
_É, Ana. Ele é meio difícil de dizer! -sorriu.
Sorrio de volta. Sorrio ao lembrar da pequena Ana, minha bananinha. Me pergunto como Sofia e Ana devem estar. Como será o natal delas? Sinto falta delas.
Vejo a minha mala no canto do quarto.
_Como elas vieram parar aqui? -pergunto apontando para as malas.
_O Joaquim as trouxe.
Quem é Joaquim?
_Joaquim é o nosso motorista. -diz ela como se lêsse a minha mente.
Nesse mometo a Marina aparece na porta.
_Achei vocês!
_Eu vou deixar vocês descansarem um pouco, a viagem deve ter sido longa. Daqui a pouco vamos servir o jantar -diz a Dona Ana saindo do quarto.
Longa foi pouco! Saímos da minha casa às 7:30, chegamos aqui por volta das 18h. Foi muito chão que andamos.
_Eu amei este lugar! -digo pulando na cama.
Marina fecha a porta vindo se deitar na cama comigo. Deito me de lado me perdendo em seus olhos. Suspiro.
_Estou feliz de estar aqui com você.
_Eu também estou feliz que esteja aqui comigo -diz ela me beijando.
Ficamos assim deitadas olhando uma para a outra por muito tempo até que batem em nossa porta, o jantar estava na mesa.
Apesar de vir o caminho todo comendo, eu ainda estava com fome, não fome de verdade, era fome de ansiedade de ser aceita.
Descemos para jantar.
Ainda não entendo para quê que uma casa precisa de ter 3 salas. Uma sala de jantar, uma sala de visita e a outra, uma sala de entreterimento, a sala de tv, de descanso ou seja lá o quê você quiser fazer nela.
_Raquel, este é o Joaquim, nosso motorista e marido da Maria -disse a dona Ana.
No instante em que me viro para cumprimenta-lo, fico uns 3 segundo paralisada encarando o. Meu corpo todo se arrepia.
O Joaquim lembrava o meu pai. Talvez. Nas lembranças que ainda me resta dele, ele tinha o mesmo bigode que o tal Joaquim, só que era mais alto e mais claro que esse aí. Poderiam ser até irmãos.
Lembro do meu pai. Lembro da minha mãe sozinha.
QUE ÓTIMO!!
Agora pra tudo que eu olhe, que eu sinta e que eu cheire, tudo me fará reviver pessoas que deixaram de fazer parte da minha vida?
Sinto vontade de chorar. Sinto falta dele.
Respiro fundo controlando as lágrimas, cumprimento o.
_Tudo bem? -pergunta Marina notando o meu desconforto.
_Eu preciso ligar para a minha mãe, avisar que chegamos bem...
_Você pode usar o telefone daqui, celular é muito difícil de ter sinal -diz o Sr. Carlos sentando se.
Até o telefone era antigo. É daqueles com buraquinhos nos números que precisavamos girar para discar.
Giro os números do celular da minha mãe. Ela atende no segundo toque.
_Oi mãe, só pra avisar que já chegamos e estamos bem. Aqui não tem sinal pro celular então não adianta ligar para o meu. Ok? Tenha uma boa noite!
Era impossível mater uma conversa rasoável com a minha mãe sem que ela comessasse o seu falatório de uma coisa que não tinha nada a ver com o assunto. Pois eu digo tudo o que eu tenho que dizer sem dar chance pra ela começar, sei que se ela começar, não vai me deixar falar.
De volta à mesa, eu já não tenho mais fome, mexo a comida no prato sem nenhuma vontade de comê-la. Até que estava com uma cara boa.
_Não vai comer querida? -pergunta me a tal da Maria.
_Desculpe, estou sem fome -respondo evitando não levantar a cabeça. Não quero dar de cara com o tal do Joaquim que está sentado a minha frente.
_É melhor você comer, a Maria vai achar que você está fazendo desfeita da comida dela. -diz Marina ao meu ouvido.
Viro me para a tal Maria.
_Desculpe, mas não é desfeita, e só que eu vim comendo todo, de lá até aqui e já estou cheia.
_Satisfeita! Se diz satisfeita e não cheia. Quem fica cheio é porco! -corrige me a dona Ana.
_Eu estou saisfeita, obrigada! -digo me virando para a tal Maria.
_Aqui não desperdiçamos comida. Se quiser comer, seu prato estará no forno. -diz a tal Maria com cara feia pra mim. Pega o meu prato levando o para a cozinha.
_E eu posso me retirar ou eu tenho que esperar acabarem de jantar? -pergunto.
Todos olham para a Sr. Carlos. Elede ombros dizendo que tanto faz.
Eu senti que havia feito merda, mesmo assim, eu peço licença levantando me. Subo para o quarto.
Alguns minutos depois, Marina aparece no quarto. Me revirar a minha mala do avesso.
_O que foi?
_Não acho a minha escova de dente.
Ela ri.
_E você disse que estava tudo aí.
_E estava!
_Não tudo!
_Eu juro que coloquei ela aqui, tenho certeza!
Aposto que deve ter sido a minha mãe que tirou ela de dentro da mala só para dizer "Eu te avisei!". Ela gosta de estar certa em tudo.
_Me empresta a sua?
_Não se divide escovas de dente.
_Então me aguente com mal álito esses dias tudo! -digo passando meus braços em volta do seu pescoço.
_Então fique esses dias tudo sem me beijar! -disse ela virando o rosto evitando um beijo meu.
Bufo voltando a guardar as roupas na mala. Esses dias tudo é muito tempo para ficar sem beija-la.
_Toma! -diz Marina me estendendo uma escova nova, ela também sabia que seria muito tempo.
Agradeço pegando a e vou para o banheiro tomar um banho rápido. Depois que eu saio do banheiro, Marina entra.
Não vejo ela sair do banho porque fui logo sendo vencida pelo cansaço.
Durmo ali mesmo em cima das minhas roupas espalhadas na cama.

NÃO É A MINHA CULPA SER ASSIM!!!  (Volume 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora