Confronto

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"Tá' legal, essa é a ultima peça de roupa que eu vou provar hoje. Se não der certo dessa vez, so help me God, eu vou pelada!" Kelly grunhiu em exasperação enquanto lançava mais uma peça de roupa descartada para a sua crescente pilha em cima da cama. 

"Do jeito que aquele cara tava de olhando no outro dia sis, vou ter que te dizer que ele vai ficar bem satisfeito com a sua decisão." Ela deu um pulo de susto quando ouviu a voz do irmão vindo da porta entre aberta de seu quarto. 

"Como sabe que o Jones vai estar presente onde quer que eu esteja indo?" Ela cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha em sinal de desafio. Ele lançou um olhar tão acusador na direção dela, que ela se viu obrigada a suspirar. 

"Devo me preocupar?" Keith perguntou e ela se virou outra vez na direção dele. 

"Como assim?" Ela perguntou genuinamente curiosa e fi a vez dele suspirar.

"Não te vejo assim desde o Carter." Keith deu de ombros mas ela sabia que ele estava tão ou ais desconfortável em tocar nesse assunto quanto ela.

"Assim como, Keith?" Ela perguntou e se amaldiçoou mentalmente no segundo seguinte. Seu irmão a lançou um olhar quase singelo e ela soube que o quer que ele viesse a falar, teria um impacto profundo em sua vida.

"Você sabe Kelly, eu sei que sim." Ele disse e se aproximou da pilha de roupas que ela havia jogado sobre a cama. Sentado, a encarando de baixo para cima, Keith tentava parecer não ameaçador. "Você está..." 

"Não!" Ela não deixou ele terminar a frase que ela se recusava a dizer se quer em pensamento.

"Droga Kelly, não faz isso com você mesma." Ele disse desistindo de ficar sentado e se colocando de pé para encarar de frente a irmã. "Não se negue o direito de ser feliz só por que a vida te ferrou uma vez!"

"Quem é você para falar? Quantas vezes eu te vi se afogar em miséria? Quantas vezes Keith, eu me arrastei na lama para tirar você do fundo do poço? Você não tem o direito de me dar lição de moral quando você perdeu menos e se deu o direito de sofrer muito mais. Tudo isso enquanto eu lutava sozinha para ser forte por nós dois!" Ela cuspiu cada palavra e odiou a si mesma por isso. O rosto de Keith continuava impassível, mas Kelly sabia que seus golpes o afetavam. "Você não tem o direito de me julgar."

"Você acha que eu não me odeio o suficiente?" Ele perguntou e a voz dele saiu baixa, quase que contrita. "Você acha que eu não sei o que eu mereço da vida? Eu mereço a droga do nada que me preenche, irmã, por que eu não soube lutar quando eu precisei. Eu mergulhei fundo de mais Kelly, e uma parte de mim se afogou antes de eu ser capaz de voltar em busca de ar. Você sempre foi forte, eu sei disso melhor do que ninguém, então eu me recuso a te ver sendo fraca o suficiente a ponto de não ver o que tá na sua cara." Ele falou sem alterar o tom de voz. Ela sentiu vontade de implorar a ele para gritar. "A vida não é justa Kelly, nós dois sabemos disso, mas ela também não é cruel. Então seja forte outra vez e segura essa chance de ser feliz que ela tá te dando, por que Deus sabe, o quanto ser feliz deve valer a pena." Ele falou e quando uma lágrima escorreu no rosto dela, ele não ofereceu qualquer reação. Keith Wilson deu as costas e Kelly se viu sozinha. 

Ela sabia o que havia feito. Sua mente dizia que não mas seu coração, traiçoeiro, mas realista, apenas dava risada da negativa dela e dizia a si mesmo a verdade. Kelly atacava Keith somente para ver se em algum momento, ele se permitiria revirar. Ela provocava o irmão para ver se restava nele algum resquício de força. O rapaz vivia preso entre a vergonha e a culpa. 

"Mãe, eu perdi o ônibus da escola, tá chovendo de mais e eu não tenho dinheiro pro táxi. Papai tá em casa para vir me buscar?" Keith falava no telefone enquanto observava de longe o motivo de seu atraso se afastar. Janelle era um ano mais velho e anos luz mais experiente. Perder o ônibus para gastar mais alguns minutos com ela era um preço que ele estava disposto a pagar.

"Filho, seu e pai acabou de chegar do trabalho, estávamos indo ao mercado, mas a gente desvia da rota e te pega, tudo bem?" A voz de sua mãe soou compreensiva, e por um segundo ele se sentiu culpado por fazê-la desviar de seus planos. 

"Tá bem. Eu espero vocês no portão da escola. Quinze minutos?" Ele perguntou e ouviu sua mãe dar risada.

"Com seu pai no volante, meia hora, talvez!"

O telefone desligou, e Keith não sabia, mas seus dez minutos de alegria com Janelle, custariam a ele a vida de seus pais. Perdido em lembranças, ele não conseguia recordar o gosto dos beijos acalorados da loira com quem estava naquela tarde. Tudo que ele conseguia se lembrar, era o imenso peso que se alojou sobre os seus ombros quando ele soube que dez minutos depois de ouvir a voz de sua mãe pela ultima vez no telefone, o carro deles havia sido esmagado por um caminhão que invadiu a contramão. "Morreram na hora". Foi o que a polícia disse. "Não teve tempo para dor Keith, eles não sofreram". Foi o que Kelly falou. "A culpa foi sua." Era o que sua mente repetia todos os dias, sem cessar. 

"Eu já vou." A voz de Kelly soou e só então ele percebeu que alguém estava batendo na porta já a alguns segundos. Sem se levantar do sofá, ele foi capaz de ter apenas um pequeno vislumbre da cena que se desenrolava na porta do apartamento.

Kelly abriu a porta, séria, quase que condescendente. Ethan sorriu sem graça, e pigarreou, mas Kelly já não fazia mais careta. Ao ver a carga preciosa que Ethan trazia nos braços, ela imediatamente sorriu.

"Hey there boys!" Ela disse com aquela voz que as mulheres usam quando uma criança está por perto. Fina demais, quase que como um sussurro. Um sorriso que iluminava todo o seu rosto.

Os bebês imediatamente deram risadinhas altas, que sem querer, fizeram até mesmo Keith sorrir. Ambos estenderam os braços, como se pedissem um abraço, carinho. Como se soubessem que para sempre existiria um lugar para eles entre os braços de Kelly. Em seu coração.

"Eu não mereço um oi?" Ethan perguntou e Keith viu Kelly lançar um olhar que faria homens maiores correrem para longe. Ele apenas lançou um sorriso maroto na direção dela. 

"Você merece ficar de boca calada e tentar não piorar ainda mais a situação, Jones." Ela disse com furor e Ethan de um passo para trás, quase que genuinamente confuso.

"Mas o que foi que eu fiz?" Ele perguntou e antes que Keith pudesse ouvir a resposta de Kelly, ela saiu do apartamento e fechou a porta. 

Sozinho outra vez, Keith decidiu que estava certo em confrontar Kelly. E por algum motivo, ele sentia que Ethan Jones merecia também uma chance com a tão sonhada felicidade.

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"Espelho, espelho meu...

Existe autora mais enrolada do que eu??

Sim, querida Thansy, mas você certamente está no top 10!!"

Sim, eu sou tão preguiçosa que estou usando a mesma piada aqui que eu usei em Temptation! Hahaha Mas gente, sério, esse capítulo não foi enorme e sem teve muito Jones nele, mas precisava ser feito, e eu realmente gostei. Eu prometi a vocês em Percepetion que vocês veriam um pouquinho mais do Keith em Reasn, e bem, aí esta!! Espero que tenham gostado!

O próximo vem sabe Deus quando, mas vou tentar não demorar muito muito :)

No próximo capitulo: Kelly e Jones finalmente param de enrolar!!!!!!! oO

Beijokas e fiquem com Deus! Love u'll ♥

Reason (Real #2)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora