Reason (Real #2)

Incertezas

"Senhorita Wilson, é um prazer saber que a nossa proposta foi considerada aceitável. Esperamos que sua estádia em nossa cidade esteja sendo agradável. Te aguardamos para a conversa inicial amanhã, às 8:00h. Passar bem."

Kelly ouviu a mensagem deixada em seu correio de voz que ela nem se quer sabia que existia. Ás seis da manhã de segunda feira ela já estava de pé. A mensagem, ela sabia, não era de boas vindas, mas sim um lembrete da sua primeira reunião de trabalho. Pouco mais de uma hora depois de estar de pé, ela já estava pronta. O cabelo preso em um rabo de cavalo alto que não deixava que os fios mais rebeldes tivessem uma chance de escapar. A maquiagem era simples, quase imperceptível, e tinha como missão apenas esconder as marcas deixadas por uma viagem longa e uma noite com poucas horas de sono a oferecer. Com tempo de sobra à sua disposição, Kelly estava pronta. 

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 "Não baby, please!" Ethan Jones estava a ponto de deixar que algumas lágrimas suas lhe escapassem os olhos. Desde as seis da manhã os gêmeos estavam acordados. Ayden, uma mamadeira depois já havia voltado a cochilar. Ayvan, no entanto, chorava sem parar. A mamadeira não havia tido efeito, chupetas se espalhavam pelo chão da casa e o pequeno bebê, sempre tão bem comportado, chorava como se algo doesse. "Será que você tá' doente?" Ethan perguntou ao bebê de rosto vermelho e manchado pelas lágrimas que se contorcia inquieto em seus braços. "Se você tiver doente buddy, o que eu devo fazer?" Ayvan parou de chorar por alguns segundos. Os olhinhos piscaram, cansados. Era quase como se ele estivesse considerando a pergunta do pai. E então ele voltou a chorar, ainda mais alto dessa vez. Não demorou para Ayden se juntar ao irmão. Cansado de dormir sozinho, o gêmeo mais novo agora demandava atenção. Suspirando, Ethan deu um banho que o deixou mais molhado do que as crianças e com dois bebês, agora soltando resmungos baixinhos de insatisfação, ele saiu de casa. Alguém teria que ajudá-lo a descobrir qual o problema. 

Com a camisa manchada de baba de bebê, ele entrou no carro e deu partida. Estava pronto para mais um dia. 

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"Sendo assim, senhorita Wilson, acredito que é só, no momento." Ouvindo a frase que certamente a dispensava da reunião, Kelly se apressou para pegar as folhas que havia recebido indicando quais arquivos deveria analisar. Ao sair da sala de reuniões, ela se deparou com um imenso corredor que ela não havia se dado o trabalho de analisar mais cedo. Sendo uma repartição do governo, ela reconheceu imediatamente alguns burocratas que não pareciam muito amigáveis. Quando uma moça, jovem a ponto de fazer com que Kelly soubesse que era uma estagiária, se aproximou, ela a chamou. 

"Senhora?" A moça perguntou como quem esperava por um comando. 

"Bom dia. Poderia me informar onde posso encontrar a sala dos arquivos?" Ela disse séria sabendo que a moça não apreciaria outro tipo de aproximação. Ambas tinham muito o que fazer. 

"Sim. No fim do corredor a direita. É a porta azul escrito 'Arquivo'." A moça disse e se distanciou sem esperar por um agradecimento. Kelly sorriu ao encarar de perto o 'frio acolhedor' característico de Londres e seus habitantes. Andando a passos rápidos, ela foi até o local indicado e não demorou a encontrar o que procurava. Na sala coberta de poeira, ela pegou rapidamente a pasta de papel que continha o arquivo físico da família que protagonizaria seu primeiro caso. Kelly passou por entre os cubículos estéreis que formavam o ambiente de seu novo local de trabalho e logo achou o cubículo que dali em diante seria seu. Computador, mesa, cadeira e potinho de canetas. O espaço em geral não era maior que uma sala de 2x2 metros. Satisfeita com o que viu, ela foi se sentar em frente ao computador. Curiosa, ela abriu o arquivo que não continha muitas páginas e que mal pesava em suas mãos. 'Caso 17263#B' era o que diziam as letras garrafais na primeira folha. Sem perder mais um segundo, ela se pôs a analisar as informações à sua frente.