Reason (Real #2)

Cuidado que Surpreende

"Senhorita Wilson, o senhor Braga me pediu para lembrá-la que hoje ele não poderá ir até o orfanato fazer a visita de rotina, e por isso, é a senhorita quem deve ir." Candance Ignório disse ao se colocar dentro da sala de Kelly.

"Já fazem quase dois meses que trabalho aqui, achei que já tivesse se acostumado com o meu nome Candance." Kelly disse sem desviar sua atenção da pilha de papel à sua frente. Ela ouviu Candance dar uma risada baixinha.

"Eu te chamo de Kelly quando você aceitar meu convite para dar uma volta." A jovem moça disse se aproximando mais. Kelly suspirou, cansada. "Eu sei que você trabalha muito, mal conhece a cidade e não tem ideia de quem são meu amigos e blábláblá, mas se você continuar trancada em casa, vai estar mais branca do que um nativo em menos de seis meses." 

Kelly encarou a moça à sua frente e lançou um olhar deliberado ao seus braços que mostravam a cor chocolate ao leite de sua pele. Erguendo uma sobrancelha na direção da mais nova, Kelly viu ela revirar os olhos.

"Okay, talvez você não tenha problema com o bronzeado, mas vamos lá mulher, ficar trancada em casa não pode ser saudável." Candance cruzou os braços e bateu um dos pés no chão como se fosse uma criança teimosa. 

"Tudo bem, você venceu." Kelly disse sem poder conter o sorriso. Afinal, a moça estava certa. Sua noites de solidão só estavam servindo para aumentar a possibilidade de seu nem tão superado assim, caso de depressão. "Você não torra a minha paciência pelo resto da semana, começa a me chamar de Kelly e eu saio com você e seus amigos mais novos do que eu e desconhecidos no fim de semana."

"Sério?" A moça disse com um pulinho de felicidade e sua voz se tornou ainda mais aguda. Kelly as vezes se perguntava como alguém tão cheia de disposição conseguia conviver diariamente com os sempre mal humorados funcionários do governo com quem ela trabalhava. 

"Sério." Ela respondeu e a moça deu um sorriso de orelha a orelha, antes de correr para fora da sala alegando ter muito o que fazer. Kelly balançou a cabeça e voltou a encarar a pilha de papéis à sua frente. O horário do almoço já havia passado, então era hora de ela se colocar para fora do escritório e ir terminar de cumprir suas tarefas. 

A visita ao orfanato foi rápida. As crianças, cheias de esperança ao ver uma mulher estranha chegar, tentavam mostrar de todas as maneiras possíveis que eram bons candidatos a adoção. O coração de Kelly se apertava ao  ver os pequenos rostinhos, cheios de esperança ao receber se quer um olhar. Sedentos por carinho, eles tentavam se mostrar dignos de recebê-lo. Ela saiu pela porta da frente ao final da vista com lágrimas nos olhos e decidida a voltar. Já que não podia dar um lar a cada um deles, ela daria o máximo que podia. Antes de ir embora, ela se cadastrou para fazer trabalho voluntário por algumas horas vagas que sua agenda permitia. 

A próxima visita, era uma que fazia seu coração apertar por razões diferentes. No pouco tempo em que ela havia passado com os Jones, ela havia se deixado cativar. Em sua mente, ela culpava a inexperiência, e com todas as forças, tentava se forçar a esquecer o que quer que seu coração dissesse para tentar provar o contrário. Os gêmeos eram apaixonantes e a visão clara de tudo aquilo que ela jamais poderia ter. Com um suspiro de resignação, ela entrou outra vez em seu novo carro, um Honda Civic 96 saído direto da concessionária, e fez seu caminho para o endereço que ela se envergonhava de já ter convertido à memória. Menos de quinze minutos depois, ela parava o carro em frente à bonita casa que ela havia visto pela primeira vez a quase dois meses atrás. 

Ela bateu na porta, uma, duas vezes. Sem resposta. Mas o carro de Ethan estava estacionado ali. Era um dia de visita agendado. Teria ele esquecido? Kelly odiaria ter que colocar o termo "irresponsável" em seu relatório sobre ele. Passos pesados foram ouvidos em seguida, seguidos de um baque surdo e um resmungar de obscenidades baixinho. A porta de abriu e Kelly não pode conter a surpresa.