Donna White chorava copiosamente, sentada no chão abraçando os joelhos como uma criança com medo do escuro. Ela sabia onde ele estava. A chuva cobria o eco de sua voz na rua vazia, mas seu coração reconhecia de longe a presença dele. 

"Donna..." Ele disse outra vez, dando a ela o benefício de alguns segundos para se acalmar outra vez. 

"Vá embora Adam. Não ouse se levantar. Eu sei que você está ai. Faça o que fez todos aqueles anos atrás e vá embora!" Ela pediu com firmeza ignorando as lágrimas que escorriam em seu rosto como cascatas vindas de seus olhos. 

"Eu não quero ir." Ele disse e ela ouviu a suplica em sua voz. De olhos fechados ela suspirou. 

"Eu não queria que você fosse." Ela disse com um sorriso nos lábios que era de pura saudade. Como se sua mente revivesse os momentos que os haviam levado até ali. Um jovem Adam lhe lançava um sorriso de longe, um olhar de carinho. E então a imagem feliz se desfez, e em seu lugar, ela viu o sorriso de Dianna, o franzir de sobrancelhas de um irritado Adam, e as lágrimas que corriam como agora faziam, por todo o seu rosto. O momento em que ele a disse adeus. "Você devia ter ficado."

"Eu devia." Ele disse simples, ela secou as lágrimas. 

"Já é tarde Adam." Ela disse e o silêncio foi sua resposta. Um, dois, três minutos, o som da chuva misturava-se à respirações fora de ritmo que soavam pelo telefone. 

"Não precisa ser." Ele respondeu.

"O relógio não mente." Ela falou.

"Donna..." Ele tentou outra vez. A voz dela o interrompeu.

"Vá para casa Adam." Ela disse enquanto olhava do vidro embaçado da janela. Ele estava de pé, parado debaixo da chuva gelada que caia sobre ele nos degraus daquela escada velha de madeira. A escada de uma casa antiga, torturada pelo tempo e pela falta de cuidados. Como o amor que um dia havia sido deles.

"Eu devia ter ficado." Ele disse outra vez.

"Eu te deixei ir." Ela respondeu.

E então, encarando a janela embaçada pelo lado de fora Adam Jones estendeu uma mão trêmula e a luz dos postes e da lampada do quintal foi o suficiente para ela reconhecer o que ele tinha em mãos. 

Adam viu o pedaço de papel que ele havia guardado por tanto tempo ser molhado pela chuva e as palavras escritas com a caligrafia fora de forma dela se tornavam rapidamente embaralhadas pelas gotas d'água.  

Ela abriu a janela. Ele se aproximou. Nenhum dos dois disse uma só palavra. Nas mãos dela havia uma folha de papel que faltava um pedaço. Era a folha da qual ela havia rasgado aquele pequeno bilhete. O lembrete de que um dia, eles haviam se amado. Ela estendeu a mão na direção dele e quando os olhares dos dois se encontraram, lágrimas idênticas caíram de seus olhos. Azul e hazel. 

"Donna..." Ele sussurrou.

"Não." Foi a única resposta dela. 

E antes de fechar a janela ela depositou na mão estendida dele a folha de papel amarelo e amassado que continha as palavras que ela havia guardado consigo por vinte anos. 

Em sua pressa para proteger o papel recebido da chuva que caia, Adam deixou o pequeno bilhete que havia segurado com tanto apresso por vinte anos, ir ao chão. 

Ela fechou a janela.

No chão, ele encarou o contorno encharcado dos dizeres que o haviam atormentado desde o dia em que ele a havia perdido. 

"Eu te amei com a mesma intensidade com que você quebrou meu coração."

Adam suspirou, encarou a janela por alguns segundos e deu as costas outra vez.

Quando Donna se permitiu acender as luzes para se certificar de que estava sozinha outra vez, no vidro da janela, duas palavras pareciam brilhar em neon. 

Ele não pediu perdão, ela não aceitaria. 

Feliz Aniversário

Era o que dizia as palavras. Com letras de forma e bem desenhadas. Sem ponto final.

Donna tocou com a ponta dos dedos na janela enquanto gotas mais grossas de chuva iam desmanchando rapidamente o contorno das letras, desfazendo as palavras. O relógio marcava meia noite. Era o fim de mais um dia. 

Com um sorriso triste nos lábios, ela voltou a se sentar de frente à sua lareira de mentira. Suas mãos pareciam mais leves sem o peso do sempre presente pedaço de papel amassado. Estranhamente, ela não quis mais chorar. 


***


Amores, que tal?

Lembrando, Reason é um DRAMA!!! Algum palpite do que houve no passado desses dois? Eu precisava introduzir a Donna para poder finalmente postar o primeiro capitulo de Temptation, se não não ia fazer sentido rsrs' Alguém ansioso aí?

Daqui a pouco vou postar como bônus a carta da Donna pro Adam, alguém quer ler?

Beijo Beijo e espero que tenham gostado.

Tô triste por que quase ninguém vem comentando por aqui!!

Obrigada às meninas que sempre comentam e votam, significa muito para mim!!

Fiquem com Deus!!


Reason (Real #2)Όπου ζουν οι ιστορίες. Ανακάλυψε τώρα