Prólogo

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Ponto. É agora. Eu realmente não acredito que isso iria acontecer logo comigo. Amor é algo realmente banal. Principalmente por conta da pessoa por quem eu fui me apaixonar. Sério, Lorena? Poderia ser todo mundo. Até mesmo o carinha que vende cachorro-quente na frente do colégio. Ele até que parece ser um cara bacana. Vou começar a prestar mais atenção nele. Poderia ser o garoto que faz aula no cursinho comigo - meu cursinho de matemática ao qual eu não entendo absolutamente nada do que o professor fala. Vou falar com meus pais para me tirarem. Dinheiro jogado fora - esse garoto do cursinho poderia ser uma boa. Ele tem cara de nerd e eu sempre tive os quatro pneus arriados por um. Mas o Henrique? Ainda não sei como foi isso.

Henrique é bem... O Henrique. Aquele cara que praticamente cresceu comigo. A pessoa que me colocava em confusão com os meus pais por ter ido para a rua e me ralado toda no chão jogando bola. Sim, ele é a causa de todos os meus acidentes de quando era criança. Todos os tipos de doenças grosseiras eu peguei ao lado dele. Praticamente pegamos juntos. E aqui estamos. Os dois. No terceiro ano do ensino médio. E não sabemos o que queremos para a nossa vida. Como pode meu coração decidir querer ele?

Já vi vários relatos de pessoas que se apaixonaram pelo melhor amigo. Não dá certo. Nunca dá certo. Teve o caso de Júlia e Rodrigo. Eles eram melhores amigos, mas de uma hora para a outra se apaixonaram perdidamente. Eles realmente faziam um bonito casal. Porém, contudo, todavia eles terminaram e nem mesmo a amizade restou. Foi uma briga terrível da qual eu olhei bem de perto. Não que eu seja uma pessoa curiosa, mas estava simplesmente passando, e Henrique me arrastou para perto. Não foi uma cena bonita. Também teve o caso de Linda e Narciso. Todo o problema foi que Narciso começou a gostar de Linda. Mas Linda já tinha um namorado. Ele se declarou para ela na frente do colégio inteiro – eu também estava bem perto, mas mais uma vez não foi a minha culpa por estar na hora. Linda ficou realmente bem sem graça. E a amizade deles terminou ficando sem graça, era estranho para os dois ficarem juntos.

E eu ainda prezo pela amizade do menino que me passou doença na infância, me fez cair no chão milhares de vezes, e que me fez ser repreendida pelos meus pais. Eu prezo muito pela nossa amizade. E não será um ataque de loucura de meu coração que irá me privar dela. É realmente muito estranho pensar em Henrique de uma forma diferente. Eu já namorei dois meninos antes, ele nunca namorou. Sabe-se lá o motivo. Mas ele sempre está com alguma menina. Sempre. É quase impossível vê-lo sozinho. Tudo o que rolava no meu relacionamento eu ia conversar com ele. Quer saber o que fazer para conquistar aquele menino? Vá falar com Henrique! Quer saber como mandar aquele menino idiota pastar? Vá falar com Henrique! Está apaixonada por aquele carinha que viu somente uma vez? Vá falar com Henrique! Ele é praticamente um guru dos meus relacionamentos. Está apaixonada pelo seu melhor amigo? Vá falar com...? Com quem? Essa é a minha pergunta. Não posso falar isso para ninguém. É quase como se fosse um segredo de estado. Tenho que trancá-lo a sete chaves. Nada de agir diferente! Não mesmo. Você consegue, Lorena!

Ele está vindo. Não sorria. Não. Eu. Disse. Não. Mas eu estou sorrindo. Será que ele descobriu?

Não. Não pode ter descoberto.

Ah, minha nossa ele descobriu. Ele está sorrindo para mim e tocou em meu ombro. Isso é um sinal? Deve ser. Ou não. É paranoia da minha cabeça. Eu realmente não sei o que fazer. Nossa, como eu odeio isso. Como eu odeio amar o meu melhor amigo.

Como Deixar de Amar o Seu Melhor AmigoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora