Capítulo 50 - Controle a sua ira. Acalme a sua raiva.

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EU NÃO ESPERAVA que o supressor neural do Concílio de Sangue incapacitasse totalmente Thænael. A bala produzida às pressas pelos engenheiros técnicos da Célula nunca tinha sido testada. O efeito surpresa só poderia ser usado uma vez contra o nefilim, o que me levou a mirar bem em seu coração. Um tiro seco e certeiro por trás que atravessou o seu peito.

O corpo de Costel cambaleou até um túmulo onde desabou. Ouviu-se o tilintar do metal acobreado dos braceletes em seu pulso contra o mármore. Ele estava sangrando, mas eu sabia que tinha pouco tempo para agir.

O quinto bracelete. Eu preciso pegá-lo.

As nossas ações precisavam ser sincronizadas. Chamei por Caihong Chen mentalmente tão logo me precipitei em direção ao jazigo Dubhghaill. Nós duas tínhamos ficado escondidas dentro da cripta de onde eu comandava o astralis divisio, sob um manto místico controlado por ela. Ocultando a nossa presença dos sentidos ampliados de Alex. Um segundo de descuido, uma quebra de concentração e a menina-monstro nos acharia e nos estraçalharia.

Mantenha Alex ocupada o máximo de tempo possível, Chen. Eu vou procurar o verdadeiro bracelete enterrado no caixão de meu bisavô.

"Farei o possível", disse ela, por meio de nossa conexão mental.

A alguns metros de onde eu estava, a vircolac gigante ainda gania de dor depois de ser atingida por uma bala especial que se enterrou em seu abdômen. Usando as minhas projeções astrais, eu conseguira enganar Thænael por tempo suficiente a fim de que ele não identificasse a fonte do primeiro tiro e fosse pego desprevenido pelo segundo.

Eu tinha atirado contra a minha própria filha com uma bala supressora de habilidades com a qual ela já havia sido inoculada antes. Eu esperava que aquilo ao menos reduzisse a sua força, ou que a revertesse para a sua forma humana. Aquele tiro havia doído mais em mim do que nela e, a ponto de estragar completamente o nosso plano, por um segundo, eu titubeei em puxar o gatilho.

Sinto muito, meu amor...

De todas as coisas absurdas que eu já tinha feito na vida desde a transformação em vampira, certamente, atirar em Alex e profanar o túmulo de meu próprio bisavô eram as maiores delas. Tão logo guardei a pistola em seu coldre, por dentro do casaco que cobria o meu tronco, eu terminei de erguer a laje que Kelvin Gallagher havia apenas arrastado levemente para o lado. Eu sentia o cabo maciço da Presa-de-Leão roçando em minha nuca, com a arma presa a uma bainha em minhas costas, e tive que botá-la levemente de lado para ganhar maior mobilidade.

Segundo Caihong, o lugar estava protegido por um poderoso feitiço que causava combustão instantânea em qualquer profanador que não tivesse o sangue dos Dubhghaill correndo nas veias. Aquilo me tornava a única pessoa no mundo capaz de surrupiar os pertences do velho Nikulei Stratan. Ou pelo menos, era o que eu preferia acreditar.

Quem mais além da minha bisavó seria capaz de encantar os restos mortais do próprio marido?

Por alguns milissegundos, eu fechei os meus olhos e cobri o meu rosto esperando que uma barricada de fogo jorrasse em minha cara por eu não ser digna de abrir o túmulo. No entanto, como se comprovou a seguir, eu era mesmo descendente de Alanna, e nada aconteceu quando empurrei a tampa de mármore do lugar.

Dei uma última olhada em direção a Costel a agonizar e me certifiquei que Chen continuava mantendo Alex sob controle. O monstro de pelos dourados já começava a se recuperar do ferimento, o que fez com que eu me apressasse em descer os degraus que me conduziriam até o os ossos do velho Stratan.

Muito bem, meu bisavô. Me mostre o caminho.

A porta do túmulo dava acesso a um pequeno túnel onde um caixão se erguia sobre uma plataforma com menos de um metro de altura do chão. Outra tampa de mármore cobria o baú sepulcral e eu o violei. Restava muito pouco daquilo que um dia havia sido o marido de minha bisavó na parte de dentro, mas um objeto coberto por poeira e teias de aranha me chamou muito a atenção.

Alina e a Chave do InfinitoWhere stories live. Discover now