Capítulo 17 - A busca pela chave

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AS MEMÓRIAS DE COSTEL

"Das centenas de diários escritos por Dumitri Ardelean, dois deles eram de extrema importância para os planos de Thænael, e eram os únicos que andavam sempre com ele, sob a sua inteira proteção. Aquelas páginas amareladas pelo tempo e corroídas por traças descreviam com exatidão os dez pontos alcançados pelas Linhas Ley da Terra, além de especular os locais onde as cinco metades da Chave do Infinito deviam ter sido escondidas por Alanna Dubhghaill.

Naquele ano, algum tempo antes de Thænael derrotar os líderes do Concílio de Sangue e assumir o comando dos vampiros que o formavam, nós passamos a viajar pelo globo em busca de pistas que nos conduzissem às tão preciosas peças feitas de metal, e cujo poder ultrapassava todo e qualquer limite que a mente humana poderia conceber. A nossa primeira parada foi em Rila, uma cordilheira a sudoeste da Bulgária, mas lá nada encontramos, além de uma barreira mística fortíssima que parecia defender o lugar daqueles que o invadiam com intenções maléficas.

'Segundo as anotações de Dumitri', disse-me o nefilim, mentalmente, 'Alanna Dubhghaill nasceu a poucos quilômetros daqui. Esse deve ter sido o lugar mais fortemente protegido por ela. Seres como nós jamais encontrarão nada que não seja sofrimento e morte por aqui. Precisamos combater fogo '.

Assim sendo, Thænael ordenou que o bruxo Kelvin Gallagher tentasse descortinar os segredos do conjunto de montanhas onde estávamos, porém, nem mesmo a sua imensa experiência mágica pode nos dar alguma luz sobre a localização do artefato místico que, teoricamente, estaria escondido em Rila.

'Faria sentido guardar algo de inestimável importância perto de casa, mas se Alanna ocultou mesmo uma das metades da chave nesse lugar, está além das minhas capacidades místicas encontrá-la', disse Gallagher, antevendo um bofetão que levou no rosto do próprio Thænael.

'Não sei por que eu ainda o aturo, Gallagher. Eu devia arrancar os seus pulmões e dar para que os lobos se banqueteassem!'

Com o fracasso de Kelvin em Rila, aproveitamos que estávamos na Bulgária e viajamos até o Santuário de Belintash, a quase trezentos quilômetros de distância. Por meio de minha compulsão vampírica, nós tínhamos arranjado motoristas humanos que nos conduzissem pelas estradas búlgaras de carro à noite, fazendo paradas estratégicas durante o dia por causa do sol. Demoramos mais de um dia saindo de Rila para chegarmos ao Santuário, mas quando o fizemos, Gallagher sofreu uma espécie de espasmo místico, o que deixou a todos atônitos.

'A magia aqui é quase palpável', disse o sujeito de cabelos castanhos e nariz arredondado. 'É como se... é como se eu pudesse conversar com ela. Como se eu a pudesse alcançar fisicamente...'

Forçado por Thænael, eu apoiei um de meus joelhos no chão para me aproximar de Kelvin, que estava debruçado. Os vampiros que nos acompanhavam formaram um círculo ao nosso redor. Pareciam prontos para despedaçarem o bruxo caso ele fosse afetado em demasia pela magia que dizia conversar com ele.

'Se a magia está tão tagarela, pergunte a ela sobre a Chave do Infinito, Gallagher. Pergunte onde foi que a bruxa Dubhghaill a guardou.'

Gallagher entrou em transe no momento seguinte. Suas pupilas se reviraram deixando os seus olhos brancos, então, ele começou a falar em uma outra língua. Eu não sabia do que se tratava, mas meu hóspede sim.

'A língua de Enoque...'

O enoquiano era a língua criada pelos anjos e com a qual eles costumavam se comunicar com os seres viventes da Terra. Há muito tempo, feiticeiros de grande habilidade haviam traduzido essa linguagem para canalizar a magia celeste, usando-a de várias formas para se obter ganhos pessoais. Uma delas, era abrir portais dimensionais para conversar com criaturas de outros mundos e convencê-las a lhes dar poder.

Alina e a Chave do InfinitoOnde histórias criam vida. Descubra agora