Capítulo 23 - Embate

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AS MEMÓRIAS DE COSTEL

"O refúgio de Thænael ficava localizado a cerca de cinquenta quilômetros de Salzburg, na Áustria, e se elevava a mais de seiscentos metros de altura, à vista do Vale do Rio Salzach. A construção medieval onde ele e os seus numerosos seguidores se escondiam tinha sido construída entre os anos 1075 e 1078 por um arcebispo que dera o nome da cidade, e era uma belíssima riqueza arquitetônica que se erguia imponente sobre o monte.

O interior do castelo era um testemunho majestoso da fusão entre a grandiosidade medieval e a aura sombria impressa ao santuário. Ao se cruzar as maciças portas de carvalho, quem vinha de fora era recebido por uma atmosfera de mistério que permeava os corredores de pedra gastada.

A luz escassa dos candelabros revelava tapeçarias antigas, onde cenas de batalhas e pactos obscuros dançavam em cores desbotadas. As sombras se esticavam como garras, contornando móveis antigos e peças de decoração que testemunharam séculos de existência.

A sala principal, decorada com brasões de armas e escudos desgastados, exalava uma majestade decadente. Um imponente trono de ébano repousava no centro e, ao seu redor, cortinas pesadas de veludo negro oscilavam suavemente, escondendo os recantos mais recônditos do refúgio.

As lareiras, alimentadas por chamas que dançavam em tons de vermelho e laranja, quebravam a frieza do ambiente com sua luz vacilante. Livros empoeirados alinhavam as prateleiras, contendo conhecimentos proibidos e segredos arcanos.

No coração do esconderijo, uma câmara ritualística era adornada com símbolos pagãos e um altar de obsidiana. Velas negras tremulavam em consonância com a presença demoníaca, criando uma atmosfera carregada de poder. Ali, aliado ao seu novo Grão-Mestre, Kelvin Gallagher, o nefilim-demônio dobrava a vontade própria de seus novos hóspedes, misturando a minha compulsão vampira com magia das trevas.

Thænael tinha em seu poder mais de dois mil vampiros espalhados por inúmeros ninhos e esconderijos pela Europa. Uma vez conquistado o reinado do Concílio de Sangue, derrotando o seu antigo líder, ele havia assumido oficialmente o comando da organização, e se tornado a voz a ser ouvida a partir de então.

O clã Ardelean não era tão numeroso, mas aceitava servir como a linha de defesa primordial do novo e melhorado concílio. Embora pensassem que faziam parte do conselho deliberativo da organização, agiam mais como bucha de canhão, se colocando diante dos perigos que, porventura, ameaçassem o seu rei.

Apesar de já possuir uma quantidade massiva de colaboradores e de considerá-los suficientes como receptáculos de seus irmãos nefilins com a abertura dos portões para o Sheol, Thænael sentia a necessidade de dominar os seus rivais e torná-los também seus servos, como o tinha feito com Reece Grealish.

Assim, tão logo retornou para o refúgio na Áustria após a batalha em Montbéliard, ele começou a trabalhar os meus poderes de compulsão no intuito de dominar a mente dos outros irmãos Grealish, Scott e Brittany, deixando as suas habilidades licantropas a seu dispor. Com o resquício da graça angelical que ainda havia dentro dele e com a ampliação de seus dons executada no Inferno por Demophilus, o seu hospedeiro também era exponencialmente fortalecido, o que tornava as minhas habilidades vampiras ainda mais eficazes.

'Agora eu tenho em meu poder três dos cinco filhos de Mason Grealish, pequeno Costel. Quando chegar a hora da batalha final, teremos os filhos matando o seu próprio pai. Consegue enxergar a poesia nisso?'

Você é um maldito sádico, Thænael. Se acha que vai dobrar a vontade da menina Alexandra tão facilmente como conseguiu com os Grealish, está muito enganado. Ela é um vircolac. Se tentar dominá-la novamente, a criatura vai nos matar como aconteceu na Transilvânia!

Alina e a Chave do InfinitoWhere stories live. Discover now