Alina e a Chave do Infinito

Capítulo 13 - Reencarnação maligna

AS MEMÓRIAS DE COSTEL

"Após os seus subsequentes fracassos em derrotar Akanael e ao longo de suas muitas reencarnações, Thænael se tornou um ser cada vez mais maligno, dotado de uma crueldade ímpar. Até mesmo para os padrões normais de um demônio.

Em sua última vida na Terra, ele estava disposto a vencer todo e qualquer limite imposto no intuito de permanecer naquele planeta. Todavia, para isso, precisava de um corpo mais vigoroso que os demais que habitara até então, e era necessário que ele encontrasse um meio eficaz de abrir uma passagem para o Sheol, trazendo os amigos nefilins de lá. Custasse o que tivesse que custar.

Em 1963, com a morte de Adon Gorky pelas mãos de Alina e da Teia, uma organização que agia no combate a seres sobrenaturais malignos, a Ordem do Portal de Fogo sofreu um abalo de grandes proporções, o que destruiu de vez a seita em pouco tempo, junto com as chances de Thænael de conseguir abrir um portal entre as realidades.

Foi então que ele resolveu formar um exército de monstros para ter condições de combater fogo . Se Akanael tinha a seu favor uma legião de anjos e arcanjos, ele teria um contingente massivo de vampiros, lobisomens, bruxos e de outras criaturas das trevas ao seu lado. Alexandra Di Grassi era a primeira recruta com a qual ele queria contar, e não demorou para que ele a começasse a treinar.

Depois de quase uma década convivendo conosco, Alexandra, a filha adotiva de minha irmã, se tornou uma jovem violenta e com pouco apego aos seres humanos. Em sua porção vampira, ela aprendeu a caçar as suas vítimas pelas ruas da Transilvânia, para onde nos mudamos, e se tornou realmente boa em matéria de furtividade e agilidade.

Thænael sabia que a garota possuía um potencial imenso por ser filha de um vircolac, e a treinou para ser a principal agente de sua busca insana por galgar o topo da cadeia alimentar dos vampiros. Enquanto ele estudava em segredo mais sobre a herança genética de Alina, sabendo agora que ela descendia de uma linhagem de bruxas celtas, o demônio treinou a garota Alex para ser uma combatente mortífera, assim como a mãe. Em nosso castelo — o mesmo onde eu havia vivido um período de minha vida com Alina —, ele a fez tomar aulas de esgrima, manuseio de armas de fogo e Krav Magá, tudo no intuito de fazer com que ela fosse a sua aliada mais perfeita.

Depois que absorveu os negócios de Adon Gorky na Ucrânia e se tornou o CEO da Novvy Kordon, agora com poder financeiro quase ilimitado, ele e Yuliya começaram a rastrear novos ninhos vampiros pelo mundo, a fim de buscar por morois tão poderosos quanto Dumitri. Numa das suas caçadas, achando que ela já estava pronta, Thænael foi acompanhado de Alex até o covil dos sanguessugas, e a menina se banqueteou com o sangue dos membros do ninho.

Junto a um sobrevivente do ataque, nós descobrimos que aquele ninho pertencia a um homem chamado Mael D'Aramitz, um aristocrata francês que comandava com mãos de ferro a sociedade vampira de parte da Europa, e que ele não ficaria nada satisfeito pelo que acontecera aos seus aliados. Thænael, então, matou o vampiro após adquirir as suas memórias, mas ficou intrigado com a informação dada por ele.

Enquanto nós voltávamos à Transilvânia e dividíamos o nosso tempo entre gerenciar a refinaria na Ucrânia e a educação de Alex, Yuliya ficou responsável em descobrir mais informações a respeito de Mael, bem como a sua posição hierárquica no mundo dos vampiros.

Pouco antes do reencontro entre Alina e Alex, promovido por Thænael, a vilanesca criatura descobriu que existia um concílio chefiado por três clãs muito antigos e muito poderosos na Europa. Segundo as informações levantadas por Yuliya, esses três clãs — Archambault, D'Aramitz e Quinn — comandavam todo um submundo de sanguessugas de uma maneira muito organizada. Eles eram os patriarcas de toda uma prole vampira que se desenvolveu em território europeu ao longo das décadas seguintes à sua transformação.