Capítulo 32 - Indução

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AS MEMÓRIAS DE COSTEL

"Não havia mais um meio de deter as ações de Thænael internamente. Ele tinha atingido um nível de poder muito acima das minhas capacidades vampíricas. Tudo que eu podia fazer era tentar desestabilizá-lo psicologicamente. Induzi-lo ao erro. Foi o que comecei a fazer tão logo retornamos ao castelo austríaco.

Você não faz a menor ideia de onde estão escondidas as outras metades do bracelete, não é, Thæny?

'Não me chame de Thæny, pequeno Costel. Cale a boca. Não me force a jogá-lo na masmorra outra vez'.

É tudo que pode fazer comigo. Se tivesse um meio de me subjugar permanentemente, você já teria feito. Admita.

Ele não disse nada em resposta.

Thænael estava trancado em seu escritório da torre mais alta do castelo há dois dias. Lia e relia os dois diários de Dumitri à procura de algo que o conduzisse até as peças da Chave do Infinito. Mas estava perdendo a paciência. Sentia que já havia extraído tudo que o velho Ardelean escrevera em seus cadernos sobre Alanna Dubhghaill e a sua convenção de bruxos, e que não tinha mais nada oculto no texto redigido há bem mais de um século.

'Duas das metades da chave estão em poder da bruxa chinesa que Jæziel quase matou na Amazônia. É só uma questão de tempo até que as consigamos extrair do seu cadáver. A quinta metade que é um mistério completo. Se nenhum dos bruxos do conciliábulo está com ela, onde Alanna pode tê-la guardado?'

Acho que jamais saberemos, o provoquei, momentos antes de alguém bater à porta e ele autorizar a entrada no aposento.

Quando as duas metades da passagem se moveram para a frente, a figura sombria de Filimon Ardelean adentrou o recinto. Vestia uma camisa branca por cima do torso e os cabelos longos estavam presos em um rabo-de-cavalo. Fechou novamente as portas antes de se caminhar até a escrivaninha de carvalho. Acomodou-se diante de nós na poltrona. Parecia ansioso ao entrelaçar os dedos antes de dizer, sem rodeios:

'Precisamos conversar sobre a morte de meu pai, Costel'.

Além de Sephiræd e Jæziel, poucos membros do atual Concílio de Sangue sabiam quem realmente se escondia por trás da minha forma física, ou quem os comandava desde que a organização estava sendo gerida por um novo chefe. O nome Thænael era dito em voz alta por nossos inimigos e eles se referiam a mim com esse título, no entanto, os auxiliares do nefilim ainda não sabiam a quem realmente serviam. Filimon começava a ter uma ideia depois do encontro com Alina sob as Pirâmides de Visoko.

'Não há nada mais a ser dito a esse respeito, meu caro Filimon'.

O sujeito se moveu de maneira incomodada na cadeira em frente. O escritório jazia escuro, com exceção da luz de dois candeeiros a óleo acesos na parede atrás de onde estávamos sentados, ladeando um escudo antigo de batalha com duas espadas cruzadas em seu meio.

'Alina Grigorescu foi bastante convincente ao dizer que, na noite em que vocês se encontraram no castelo de meu pai, em Bucareste, foi a sua espada que decepou a cabeça do velho, e não a dela. Diferente do que você tentou nos convencer em Băneasa, anos atrás'.

'Ela diria qualquer coisa para confundi-lo', retrucou o ser maligno. 'Estamos em guerra. É uma estratégia muito comum para quem está desesperado e sabe que vai ser derrotado em breve'.

Thænael conseguia ler a mente de Filimon e sabia que o romeno não acreditava mais em suas mentiras. Depois da morte do irmão Crisan, ele remoía tudo que acontecera em Visoko e, por alguma razão que desconhecíamos, ele levara a sério as palavras de Alina.

Alina e a Chave do InfinitoWhere stories live. Discover now