Capítulo 14 - O Santuário de Belintash

4 1 0
                                    

QUANDO FINALMENTE ALCANÇAMOS o atracadouro onde o barco a motor havia sido deixado, nós o encontramos destruído, à deriva de um dos afluentes do Rio Solimões. Não tínhamos nada a mão para oferecer a alguns ribeirinhos que se encontravam nas margens do rio em troca de um velho barco a remo de sua propriedade, por isso, fomos obrigados a roubar o veículo. Estávamos próximos do nascer do sol, e o tempo de Caihong Chen se esgotava.

— Aodh... Meliodas... Genevra...

A velha mirrada continuava repetindo aqueles nomes em seus delírios, deitada na parte de trás da embarcação conforme André e eu nos esforçávamos para remar. Conduzíamos o barco em direção leste, procurando alcançar o Rio Purus e uma chance segura de chegarmos à fronteira com o Peru. Naquele momento, o Portão do Infinito de Machu Picchu era a nossa única chance de salvação.

Mais de vinte horas das vinte e quatro que Chen ainda tinha até que fosse inteiramente consumida pela maldição licantropa foram gastas em nossa árdua viagem do Acre ao Peru. Além do barco a remo, utilizamos de um barco a motor com que cruzamos no caminho e um jipe de passeio com que conseguimos chegar até bem próximo do sítio arqueológico de Machu Picchu.

Uma vez nas ruínas do antigo povo Inca, encontramos vestígios da passagem de nossos inimigos pelo local e mais nenhum sinal de vida. Pietra Del Cuzco jazia desaparecida e tínhamos perdido a nossa carona para casa.

André Nascimento estava esgotado física e mentalmente. Todavia, o homem ousou gastar mais de sua energia para conjurar um feitiço de localização, tentando saber o que havia acontecido na aldeia depois de nossa última passagem por lá. Enquanto ele se concentrava, sentado em posição de lótus junto à plataforma de onde era possível acessar o Portão do Infinito, eu fiquei tomando conta da moribunda Chen.

— Aodh... Meliodas... Genevra...

— Já vamos encontrar os seus amigos, Chen. Aguente mais um pouco. Só mais um pouco.

Eu não estava em melhores condições do que a chinesa ou o brasileiro. A lesão em minha coluna ainda não tinha sido curada totalmente e os meus dentes quebrados mal tinham começado a se regenerar. Fazia pouco tempo que eu havia aprendido a usar o meu chi de cura no intuito de resistir aos raios do sol, logo, a minha pele continuava fervendo sob ele, mesmo com a estrela se pondo atrás das montanhas, ou em dias nublados. Algumas vezes, eu sentia como se simplesmente não pudesse mais aguentar. Manter-me íntegra era um esforço mental quase extenuante.

Quase uma hora após a nossa chegada à Machu Picchu, André levantou-se da posição onde ficara imóvel feito a uma estátua para caminhar até mim. Abaixou levemente as vestes de Chen para verificar o estado da mordida de lobisomem e sacudiu a cabeça de maneira pesarosa. A infecção já havia alcançado toda a região do pescoço, subindo até a orelha esquerda.

— Foi um ataque coordenado — disse ele, como se tivesse recebido um telegrama do além lhe contando as novidades. — Pelo menos dez homens. Um deles, um feiticeiro.

— O que aconteceu com a Pietra? Onde ela está?

— Com sorte, perdida no Entremundos...

Não parecia, mas aquela era uma boa notícia.

— Detectei rastros energéticos da ligação entre Del Cuzco e a sua âncora naquela direção — ele apontou a noroeste de onde estávamos. — Seja lá quem a tenha visitado aqui, sabia muito bem quem ela era e procurou eliminar a sua âncora para que, em uma tentativa sua de fuga para o Entremundos, ela não conseguisse voltar para tomar conta do portão.

Segundo André, a âncora mística de Pietra era uma lhama de nome Quechua que habitava as montanhas próximas de Machu Picchu.

— Acha que foi o próprio Thænael? — O indaguei, sentindo uma pontada de fúria começar a me dominar.

Alina e a Chave do Infinitoजहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें