Alina e a Chave do Infinito

Capítulo 40 - Como Lázaro

UM MÊS APÓS INÚMERAS missões individuais pela Europa e a humilhação em Zakynthos, nós decidimos reagrupar em Glenarm. Depois de tanto tempo de rivalidade ininterrupta, nós havíamos aprendido à duras penas que era a superioridade numérica do rival que estava fazendo a diferença em nossas lutas, e precisávamos mudar aquilo de um jeito ou de outro.

Naquele período, as conexões da Célula com vários tipos de agências de informação global estavam nos dando vantagens que não tínhamos antes e a minha aproximação com a filha de Erich Brandt foi um grande aditivo à nossa causa. Entre uma missão e outra, trocávamos informações acerca do que descobríamos separadamente a respeito dos passos de Thænael, e Stella tornou-se rapidamente a nossa principal aliada.

Numa daquelas conversas via telefone, Brandt me informou que havia encontrado em um escritório inglês uma lista de imóveis pertencentes aos falecidos criadores do Concílio de Sangue, além de indícios substanciais de que Thænael e o clã Ardelean vinham fazendo uso desses locais como base de operações temporária.

Há algum tempo, eu vinha pensando em maneiras eficientes de minar o grande poderio de meu inimigo, além de reduzir a sua superioridade numérica de soldados, por isso, mencionei a substância criada pelo Concílio de Sangue para suprimir as habilidades especiais de vampiros e lobisomens. Eu havia sido drogada com ela uma vez e sabia bem quais eram os seus efeitos, bem como o seu alto poder de eficiência.

— Se há uma quantidade massiva dessa droga guardada em estoque dentro de alguma das propriedades de Archambault, D'Aramitz e Quinn, eu vou descobrir, Alina — afirmou Stella pela ligação.

— Eu duvido que eles tenham desenvolvido a tal substância em pequenas quantidades, Stella. É possível que tenham armazenado alguns frascos em pelo menos um dos seus vários esconderijos. Encontrar essa carga seria de grande ajuda para nós.

— Vou investigar e volto a entrar em contato.

Alguns dias depois, Stella me enviou uma lista de possíveis laboratórios científicos que deviam ser usados pelo Concílio de Sangue para a produção da droga, e onde eu poderia encontrá-los. Mais do que imediatamente, pedi a ajuda de Mason para que montássemos pequenas equipes de buscas pelos países relatados e começássemos as nossas missões secretas.

Enquanto Akanni, Mason, Bethany, Brittany, Jack, Wolf e os demais membros do clã Grealish partiam em duplas ou trios para outras paragens da Europa, eu fui designada para acompanhar Anton Archambault a uma viagem até Marselha, cidade portuária do sul da França que ficava a quase oitocentos quilômetros de Paris.

O pai de Anton possuía um prédio de escritórios localizado a menos de dois quilômetros do Cité Radieuse, um famoso edifício de apartamentos da região que tinha sido construído no começo dos anos 1950 e, como o rapaz conhecia bem o lugar, não tivemos dificuldades para acessá-lo, mesmo que clandestinamente.

— Depois que assassinou a minha família e sequestrou a minha mãe, Costel Grigorescu assumiu a grande maioria dos bens de meu pai, incluindo os imóveis e contas bancárias. — Anton dizia aquilo com a pulsação praticamente indetectável, mas estava visivelmente rancoroso em ter que desabafar comigo, que tinha sido uma das principais adversárias de Lucien. — De alguma forma, ele conseguiu passar tudo que era do velho, de Mael e de Adela para o seu nome. Nada da minha herança milionária foi deixado para mim.

Do lado de fora, o prédio que era construído com arquitetura clássica não aparentava possuir uma segurança muito reforçada e nós o invadimos forçando uma porta simples dos fundos que dava no depósito térreo da construção antiga. Vasculhamos rapidamente o monte de caixas empoeiradas empilhadas ali, depois, nos dirigimos às escadas. Com os meus sentidos ampliados, eu não captava nenhum tipo de presença humana nos próximos seis andares sobre a nossa cabeça, o que me aumentou a curiosidade: