Capítulo 28 - A Célula

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EM OUTUBRO DE 1973, eclodiu a Guerra do Yom Kippur, também conhecida como a Guerra do Dia do Perdão, entre Israel e uma coalizão liderada pelo Egito e pela Síria. Aquele conflito no Oriente Médio estremeceu as bases do mundo, em especial, no que tangia ao abastecimento energético realizado pelo petróleo abundante na região.

A guerra teve início quando forças egípcias e sírias lançaram ataques surpresa simultâneos contra Israel, aproveitando-se do fato de que muitos israelenses estavam celebrando o Yom Kippur — um feriado judaico de grande relevância em sua cultura — e, portanto, desprevenidos. O Egito iniciou as hostilidades no Sinai, enquanto a Síria atacou nas Colinas de Golã.

Com a crise, o apoio externo à Israel desempenhou um papel crucial. Os Estados Unidos e a União Soviética trabalharam para conter a escalada do conflito, embora, na época, ambas as nações estivessem em lados opostos na Guerra Fria. A pressão internacional levou a um cessar-fogo em 25 de outubro de 1973, porém, os resultados da guerra foram significativos. A Crise do Petróleo iniciada naquele mesmo ano foi uma delas.

Em retaliação ao apoio dos Estados Unidos a Israel durante a Guerra do Yom Kippur, os países árabes membros da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) decidiram restringir o fornecimento de petróleo aos países ocidentais, ocasionando um colapso no abastecimento mundial de combustíveis fósseis. Liderada principalmente pela Arábia Saudita, Irã e outros estados árabes, a OPEP impôs um embargo de petróleo às nações que eram apoiadoras de Israel, incluindo os Estados Unidos, o Canadá, o Japão e vários países europeus.

Com o embargo, a OPEP aumentou significativamente o preço do petróleo. Em um curto período, os preços quadruplicaram, causando uma inflação considerável nos países dependentes daquele combustível. O aumento dos preços do petróleo teve um impacto imediato nas economias ocidentais, levando a uma crise econômica global que se arrastou por bastante tempo, prejudicando as negociações entre Ocidente e Oriente.

Naquele período de conflitos com Thænael e suas hordas malignas, eu me mantive afastada de meus negócios corporativistas da Rux-Oil, portanto, não sabia como o meu vice-presidente, Saeid Al-Madini, estava lidando com a crise do petróleo que se alastrava de um ponto a outro do globo, ou como a nossa refinaria estava atendendo aos diversos clientes ocidentais que tínhamos pelo mundo. Embora sentisse falta de ocupar a mente com algo mais que não fosse monstros demoníacos tentando destruir o planeta, eu não podia me distrair novamente de minha missão para com o Conciliábulo Dubhghaill, e achei melhor não me envolver na crise do petróleo.

Ainda no final de 1973, ocorreu na Austrália a inauguração da Sydney Opera House, um edifício projetado pelo arquiteto dinamarquês Jørn Utzon, que rapidamente se tornou um marco cultural e arquitetônico no país. A estrutura revestida por mais de um milhão de azulejos brancos e brilhantes refletia a luz do sol, criando um efeito cintilante. A sua forma distinta e inovadora consistia em uma série de conchas interconectadas que se erguiam graciosamente do solo, criando uma silhueta que era ao mesmo tempo grandiosa e elegante. Depois de sua criação, a obra de Utzon passou a ser usada como cartão-postal para representar o país.

Entre o final daquele ano e o início do seguinte, as atividades destinadas a conhecer, colonizar e utilizar o vasto interior árido da Austrália, o Outback, também começou a atrair exploradores de vários lugares do mundo. As áreas remotas, desabitadas e frequentemente inexploradas do país representavam uma porção muito grande de seu território, atraindo a atenção de aventureiros que ouviam falar das lendas escondidas nas suas vastas planícies, nos desertos, nas savanas e nas cadeias montanhosas dali. Os aborígenes australianos e suas crenças também representavam boa parte do interesse externo e, algum tempo depois, eu mesma passei a fazer uso do misticismo deles, conforme o meu conhecimento místico se expandia.

Alina e a Chave do InfinitoWhere stories live. Discover now