Capítulo 10 - Fraterno

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AS MEMÓRIAS DE COSTEL

"Quando fui capturado por Adon Gorky em frente ao bordel da Madame Ilka, em 1928, a Ordem do Portal de Fogo me levou até a Ucrânia, para uma das sedes da empresa do bruxo, onde fui torturado e dominado. Usando de magia enoquiana para se comunicar com outras dimensões, Adon permitiu uma abertura ínfima, porém, suficiente para a passagem de um único ser demoníaco do Sheol que ganhou morada em meu corpo, dominando totalmente a minha vontade própria.

Aprisionado dentro de minha mente, eu me vi sendo usado como saco de sangue de Adon, drenado dia e noite para servir aos propósitos do ucraniano de se banhar no líquido vermelho e ganhar, assim, sua tão sonhada imortalidade. Somente tempos mais tarde, mais precisamente em 1932, é que encontrei uma brecha para poder negociar com a criatura que dividia espaço comigo em meu próprio corpo. Eu propus que o demônio me deixasse assumir o controle das minhas ações sem expulsá-lo de minha mente, em contrapartida, eu usaria de todo o meu talento de manipulação para conquistar mais poder, beneficiando a ambos no processo.

Sem que um documento formal fosse lavrado ou assinaturas em papel precisassem comprovar o nosso pacto, Thænael aceitou os meus termos e nós dois fugimos do jugo de Adon, para sempre.

Thænael pertencia à uma das escalas mais baixas de agentes do Sheol, mas via em sua aliança comigo a sua chance de ascender aos postos mais altos do exército infernal, e conquistar a tão sonhada admiração do mestre e protetor da sua divisão, Demophilus. Ainda pensando em nosso acordo de conseguir mais poder e tentando me manter no comando de meu próprio corpo, depois de muita procura e intensa investigação, eu descobri um ninho de vampiros em Moscou, para onde me mudei durante um tempo.

Ao lado de novos companheiros vampiros, eu aprendi importantes segredos a respeito dos meus dons, em especial, os benefícios do sangue da raça e suas linhagens. Quanto mais antigo era o vampiro, maiores eram as propriedades de cura e fortalecimento que o seu sangue produzia, informação que acendeu um interruptor na mente diabólica de Thænael.

E se em vez de sangue humano, nós passássemos a nos alimentar de sangue vampiro? Quão poderosos nós nos tornaríamos se acumulássemos as propriedades disponíveis na essência dos de minha própria raça?

Quando ganhei totalmente a confiança do ninho, eu armei uma emboscada e os ataquei, ceifando as suas vidas e me alimentando deles um a um, num terrível banquete vampiro. Despreparados para enfrentar alguém tão habilidoso e mortal — uma vez que só eram acostumados a subjugar vítimas humanas — os vampiros russos foram chacinados quase em sua totalidade. Apenas uma garota foi poupada. Ela se chamava Yuliya Mikhailova e, em desespero por ver seus amigos mortos, ela pediu clemência em troca de servidão total e inexorável.

O meu fraco sempre foram as mulheres... quando a vi ensanguentada a meus pés, me pedindo piedade com aqueles olhos esmeraldas, eu fui obrigado a ceder. Ainda mais que a garota vampira me fazia lembrar de Hajna, a puta húngara que me traíra em Oradea, mas cuja boceta ainda me fazia ter sonhos úmidos durante as noites. Embora soubesse o quão fraco aquele ato me tornava, eu me afeiçoei à Yuliya e a poupei, transformando-a em minha mais leal serva.

Com ela ao meu lado, passei a viajar e a rastrear outros ninhos vampiros como o de Moscou para me alimentar deles. Todavia, em pouco tempo, descobri logo que precisava encontrar caças mais desafiadoras e que me dessem, de uma vez por todas, aquilo que eu almejava: poder ilimitado para me vingar de Adon e expulsar o demônio em minha mente.

Aliado à Yuliya, num período de quase dez anos, eu encontrei e destruí vários outros ninhos na Espanha, Holanda e País de Gales e, à medida que eu me alimentava do sangue de meus irmãos de raça, menos controle eu tinha sobre o nefilim demônio em minha mente. Em muito pouco tempo, eu tinha voltado aos porões sujos e claustrofóbicos do meu próprio cérebro, e era o vingativo morador das fossas infernais quem comandava as minhas ações novamente.

Alina e a Chave do InfinitoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora