N̷a̷ M̷i̷r̷a̷ D̷e̷ U̷m̷ U̷c̷h̷i̷h̷a̷

21

𝖠𝖪𝖠𝖬𝖤 𝖲𝖤𝖭𝖩𝖴

Contemplei a figura imponente do homem à minha frente, seus cabelos longos e negros meticulosamente penteados para trás. Sua máscara preta, adornada com detalhes dourados, parecia uma réplica da minha, e seus olhos sombrios por trás dela despertaram uma sensação arrebatadora. O terno negro, apesar de comum no salão, destacava-se pela elegância, e o colete vermelho abaixo acrescentava um toque de ousadia. A velhice parecia não lhe atingir, encarei  o maxilar marcado e os lábios vermelhos levemente feridos que eu conhecia tão bem.

O coração disparou em meu peito enquanto nossos olhares se encontraram, o tempo parecendo congelar nesse instante.

Era ele, o homem que havia deixado minha vida de cabeça para baixo dois anos atrás e o mesmo que me abandonou. O reencontro que eu desisti de esperar e desejar estava acontecendo, diante dos meus olhos. A música suave que ecoava no salão desapareceu, e tudo o que eu podia ouvir era a batida acelerada do meu coração.

Ele sorriu, um sorriso que era uma mistura de tristeza e nostalgia. Era um sorriso que eu também conhecia muito bem, um sorriso que costumava derreter meu coração. As memórias inundaram minha mente, os momentos que compartilhamos, os segredos que mantivemos, as palavras que trocamos. No fundo, ainda havia uma ligação entre nós, algo que o tempo não conseguiu apagar.

Minha mente estava em branco, eu não tinha nenhuma reação além do choque em meus olhos.

Nenhuma palavra foi proferida, apenas um gesto silencioso: ele estendeu a mão, convidando-me para a dança, e eu aceitei sem hesitar. Em passos leves, fui conduzida ao centro do salão, onde, mesmo entre outros casais dançando, sentia-me isolada com ele. Sua mão firme em minha cintura, como se o tempo não tivesse avançado desde a última vez que dançamos juntos. A música romântica envolvia-nos, e nossos corpos moviam-se em perfeita harmonia, como se o tempo tivesse decidido pausar.

Sentia o seu quente hálito em meu rosto quando ele suspirou, revelando um misto de emoções contidas. O salão, antes cheio de vozes e risadas, agora parecia envolto em silêncio, como se o universo estivesse testemunhando esse reencontro. Seu olhar intenso buscava o meu, como se procurasse respostas nas linhas do meu rosto.

Enquanto girávamos pelo salão, nossos olhares se mantinham fixos um no outro, comunicando mais do que palavras poderiam expressar. As emoções fluíam, misturando a alegria do reencontro com a tristeza das lembranças do passado.

As lágrimas escaparam furtivamente dos meus olhos, minha visão embaçando levemente por elas e nem me preocupava em borrar a maquiagem, tudo era irrelevante agora.

Senti uma das lágrimas descerem por minha bochecha, e senti o quente toque dos dedos dele a enxugando.

Madara – Seus olhos são muito bonitos – Sibilou em um sussurro suave.

O impacto de sua voz me fez estremecer, eu estava perto de cair aos prantos no meio do salão. Minha voz não saía, e eu nem sabia ao certo o que dizer, o que perguntar.
Queria xingá-lo e socar sua cara com força, mas queria estar em seus braços, e sentir o calor de seu toque.

O barulho do microfone chamou minha atenção, meu tio estava começando seu discurso. As mãos de Madara deslizaram saindo de mim delicadamente, queria fazer algo, mas meu corpo se recusava a agir.

Hashirama – Quero propor um brinde a mais um ano cheio de conquistas, e aproveitar para parabenizar nossa nova CEO – Anunciou –  minha sobrinha querida Akame Senju, que vem fazendo um ótimo trabalho a cada dia em nossa empresa.

Todos aplaudiram e os olhares se voltaram para mim, eu tentei engolir o choro e sorrir, mas nem sequer tinha forças para isso. Ter todos esses olhares em mim apenas me deixou pior.