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Me mantive o mais firme o possível para não deixar meus sentimentos transparecerem, não queria me mostrar fraca e frágil na frente de Madara, então assim que ele saiu por aquela porta me sentei outra vez na cadeira da sua escrivaninha e encarei o chão por alguns instantes antes de voltar minha atenção a realidade, fiquei pensando e repensando o que eu deveria fazer. Eu sei que não é a mais inteligente das escolhas, mas é o certo a se fazer.

Eu tenho uma empresa, uma família, pessoas que contam comigo e precisam de mim, não posso simplesmente passar o resto da vida escondida evitando o mundo. Apesar da minha hesitação, não posso ser egoísta, eu sabia o que devia fazer.

Liguei outra vez o computador e enviei um e-mail à empresa, informando o fim das minhas "férias" e o meu retorno ao trabalho nos próximos dias.

Era até aconchegante a ideia de estar com meu pai outra vez, com meus amigos e todos aqueles que se preocupam comigo. Preciso encarar o fato de que não sou mais uma criança, e sim uma adulta que precisa enfrentar os próprios medos, se isso significa que terei que bater de frente com aquele velho nojento, então eu, Akame Senju, farei.

Levantei-me da cadeira e caminhei até a janela, observando a paisagem lá fora. A brisa suave acariciava meu rosto, trazendo um pouco de serenidade. Também tinha que lidar com meus sentimentos, o fato de que estou apaixonada por Madara e não consigo mais esconder isso. Ir embora será doloroso, parte de mim não quer ir e deixar ele, se tudo fosse diferente e as coisas não fossem tão difíceis pra mim, eu com certeza ficaria aqui, em seus braços.

As horas se passaram e minha ansiedade aumentava a cada segundo, eu logo estaria a caminho do aeroporto para pegar um avião de volta a minha casa.

Obito já tinha vindo avisar que Madara havia cuidado de tudo para o meu retorno. Eu sentia a necessidade de ir até ele e dizer algo, mesmo que no fundo eu soubesse que nada adiantaria e minha decisão não mudaria. Mas eu não queria ir e deixar ele para sempre, e nem ir sabendo que ele estaria magoado comigo.

Ao menos foi o que eu pensei. Parada em frente a porta do escritório dele há quase vinte minutos, e ele não me respondeu, mas estava ali e eu sabia.

Senti uma ponta de frustração ao perceber que ele não queria falar comigo, talvez estivesse mesmo bravo com a minha partida. Não podia culpá-lo, era realmente algo irracional voltar agora ainda tendo um alvo nas minhas costas.
Eu pensei que poderíamos conversar melhor e esclarecer tudo, eu tinha um pouco de esperança em poder vê-lo outra vez no futuro.

Achei melhor deixar de lado e não insistir em uma conversa, aos poucos me afastei da porta de seu escritório e voltei ao quarto.

ᎷᎪᎠᎪᎡᎪ ႮᏟᎻᏆᎻᎪ

Ouvi as batidas dela na porta e o som suave da sua voz me chamando, eu preferi não responder e apenas fingi que não estava aqui. Até que ela finalmente parou de me chamar, escutei o som dos passos dela se afastando e respirei aliviado por ela finalmente ter desistido.

Eu sabia que ela não viria para me falar que desistiu de ir embora, e sim que ela não queria perder o contato comigo. Deixei ela entrar na minha vida e me distrair do meu verdadeiro trabalho e propósito, e isso já foi um erro grande o suficiente. Não quero iludir ela com a ideia de que teremos algum tipo de relacionamento feliz e saudável, isso nunca seria possível, não para alguém como eu.

Sou um assassino há anos, eu matei inúmeras pessoas a sangue frio e não me arrependo de nada, eu não poderia mudar da noite pro dia simplesmente por causa de uma garota. Apesar de não poder negar que essas últimas semanas foram as mais intensas da minha vida, eu não me sentia vivo assim a décadas, nem mesmo quando eu estava matando algum canalha durante meu trabalho. A sensação de adrenalina, prazer, intensidade, tudo isso foram reações causadas por ela. Apenas por ela.

N̷a̷ M̷i̷r̷a̷ D̷e̷ U̷m̷ U̷c̷h̷i̷h̷a̷On viuen les histories. Descobreix ara