Capítulo 50 - O meu, o seu... O nosso fim!

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–Sonhando acordada novamente. – Ryan disse, tirando Kate de seus pensamentos.

–Estou apenas cansada, essa festa da Páscoa foi além das nossas expectativas.

–Sim, as crianças adoraram. – Muito mais que o Natal e o Ano novo.

–Uau! – Kate assoviou – Nem acredito que estamos em 2013! Tudo está passando rápido demais.

Ryan não disse nada, apenas observou os olhos marejados de Kate, ela desviou os olhos, sentou-se num banco de madeira e abraçou as pernas. Ele a imitou e depois de um longo silêncio disse:

– Deve ser muito difícil.

–O que?

–Ficar tanto tempo longe da pessoa que você ama. Ter que escolher entre a razão e o coração.

– Do que esta falando, Ryan Hreljac?

–De Bill. – ele a viu arregalar os olhos. - Tanto tempo longe da pessoa que você ama.

Kate ficou roxa de vergonha. Virou o rosto para tentar acalmar sua respiração.

–Vocês esconderam muito bem, nunca percebi.

–Fomos apenas simples amigos.

–Não, não foram apenas simples amigos. – ele sorriu com leve toque de malícia.

–Fomos.

–Não. – Ryan disse olhando para cima, para a sombra grande que formava ao lado dos dois.

–Oi, Kate! - a voz suave e baixa a fez levantar de repente.

–B-Bill?!

Deus, ela ia desmaiar. Ele estava estonteante. A pele bronzeada, em contraste com os cabelos, agora totalmente loiros e longos. 

–Pois é, como eu estava dizendo, que tipo de simples amigo viaja tantos quilômetros para encontrar uma simples amiga?

– Bill? - ela repetiu sem acreditar no que via. – Oh, céus... Bill, o que faz aqui em Camarões? - estava pálida e seus olhos parados, fixados nos dele. - Não está um pouco longe da sua realidade?

–Talvez! - ele deu de ombros - Estava passando por ai e resolvi dar uma passadinha. E infelizmente, aqui ninguém me conhece... Sou um desconhecido. Um simples ser humano.

Claro que era mentira absurda, Camarões ficava longe de tudo e para chegar até ali, ele tinha tido muito trabalho e paciência.

– Precisava lhe entregar isso, esqueceu em cima do travesseiro na última vez que nos vimos. – ele tirou um embrulho da bolsa e lhe entregou uma caixa. Ela pegou a caixa, abriu e tirou o bracelete.

–Tem algo mais ai dentro. – ele a informou com um sorriso imenso nos lábios.

Ela baixou os olhos e os fechou, mordeu os lábios que tremeram, sorriu quando seus olhos voltaram a se abrir, olhou para dentro da caixa. Era uma rosa amarela com as pontas laranja, como as do jardim da casa de David.

Foi insuportavelmente impossível seguram as lágrimas.

– Então, a sua solução foi fugir? – ele perguntou colocando as mãos no bolso, como ele fazia sempre quando estava nervoso e queria controlar aquela mania de falar com as mãos.

Kate recuou um passo e baixou a voz:

– Eu não aguentava mais. Eu precisava fugir de você. Ia acabar me convencendo de abandonar meus sonhos e eu não podia fazer isso. Precisava realizá-los.

–Sim, eu convenceria. – ele olhou para o chão e chutou uma pequena pedra. - Agora não mais.

–Não?

–Vi como essas crianças olham para você, como veem em você uma nova esperança. Como você é essencial para elas, assim como é para mim. – os olhos dele ficaram rasos d' água – vendo seu trabalho com eles, percebo como tudo isso é importante para você. – ele deixou as lágrimas rolarem – mas ainda quero você, mas não seria justo com essas pessoas. Estou abdicando de você, por elas. - ele soluçou – acho que nunca me perdoaria se a tirasse delas, você é essencial, é vital para cada ser humano que ajuda. A cada criança que salva e eu nunca tive tanto orgulho de alguém, como tenho de você... Seus pais teriam muito orgulho da pessoa humana que se tornou.

Ela correu e se jogou nos braços dele.

Abraçaram-se e choraram. Colocaram para fora tudo o que estava preso há muito tempo, por dois anos. Soluçaram, limparam e deixaram a emoção ser liberada. Ficaram perdidos um nos braços do outro depois que se acalmaram. Apenas abraçados, com seus corpos colados e coração batendo juntos, numa mesma estrofe.

Numa única canção.

Quando conseguiram se separar, ele enxugou o seu rosto molhado e as faces úmidas de Kate, beijando-lhe a ponta do nariz, sussurrando por fim:

– Venha, antes de ir embora quero ajudar um pouco com as suas crianças.

Sim, demorou. Ele sofreu, mas finalmente ele tinha entendido, que da mesma forma que aquelas pessoas olhavam para ela com admiração e esperavam pelos seus atos e gestos, os fãs dele e da banda, também esperavam. Eram duas formas de ajuda, muito diferentes, mas necessárias e desistir não estava nos planos, nem da banda e muito menos dos ALIENS. Os sonhos de ambos não podiam parar ou ser interrompidos, por ninguém... Jamais.

O dia inteiro ficaram juntos, sorrindo, trocando olhares e trabalhando lado a lado, quando faltava pouco para anoitecer, um carro preto, estacionou no acampamento, Bill olhou pra Kate e ela soube era hora dele partir.

– Foi ótimo ajudar. – ele disse lavando as mãos e as enxugando nas próprias calças.

–Pode continuar fazendo isso... Mesmo longe!

–Longe...

– Obrigado por hoje, obrigado por entender - a voz de Kate falhou e respirou fundo antes de continuar - obrigado por tudo.

Ele não disse nada, apenas se aproximou, enfiou suas mãos dentro dos cabelos dela, trouxe para junto de seu corpo, os lábios dele pousaram em sua têmpora, ela sentiu o calor do corpo dele em contato com o seu.

– Amo você, Kate - suas palavras confirmaram o que confessavam seus olhos. - Te amo e sempre te amarei. Sei que tem que ser dessa forma. Mas meu amor sempre pertencerá a você. – seus olhos cor de mel ficaram mais vivos - Amo você e não há nada que o tempo, o mundo, você ou eu possa fazer para sufocar esse sentimento. Eu serei sempre seu, meu amor - fechou os olhos e sussurrou. – Para Sempre.

E a beijou na boca. Beijou até não terem mais fôlego, tomando posse, pegando tudo que pode para armazenar dentro de si, sugando sua respiração pela última vez.

Depois a soltou, virou, andou até o carro e sem olhar para trás, partiu.

A dor a dilacerou. O sofrimento a arrastou até um profundo poço de desespero enquanto via o carro levando Bill para longe, cada vez mais distante. Sentiu-se cair em um abismo de que acreditava que não pudesse sair jamais. Sua alma partida em mil pedaços, seu coração arrancado de seu peito e trancafiado por sete chaves. Mas tinha que ser assim.

E assim foi feito!

***

Sempre Sua | Bill KaulitzWhere stories live. Discover now