ÚLTIMA DANÇA

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ANGELIC...

Sinto meus pensamentos travarem por um segundo, como se não fosse capaz de processar toda a informação.

Diamantes?

O que ela quis dizer?

Vagamente, começo a tentar raciocinar. A família da minha mãe tinha uma jazida na Rússia, mas isso faliu há muitos anos. Ela sequer tinha uma herança decente a receber.

Ou Genevieve tem a informação muito errada... ou eu tenho.

- Os... diamantes? Do que você está falando? – pergunto. O único som vindo do outro lado é de cliques de salto alto se aproximando – Genevieve?

- Puta merda! O que você disse? – ouço Margot murmurar.

- Genevieve! – chamo novamente, porém a ligação é encerrada – Puta merda – repito.

Afasto o celular do ouvido e trago para frente dos olhos, encarando a tela com tamanha incredulidade. Vejo que a chamada realmente foi encerrada, mas não consigo deixar de olhar para o celular, relembrando a conversa e criando teorias.

Diamantes. Que merda isso significa?

Eu não posso escolher este momento para ser estúpida. Eu sei que Genevieve estava falando de uma suposta herança, e pela forma como Margot interrompeu a ligação e desligou na minha cara, sequer tentando me dar uma desculpa, me diz que não era um engano. Essa herança existe, e alguém não quer que eu saiba sobre ela.

Talvez a jazida de diamantes da minha família materna nunca tenha falido, ou tenha voltado a funcionar recentemente. Eu não sei, ou talvez apenas não queira acreditar. Porque se isso for verdade, e se Aaron realmente sabia tudo sobre minha vida desde o primeiro dia que nos encontramos, então ele sabia sobre a herança.

Ele sabia...

No primeiro atentado, quando ele se aproximou do meu pai no salão de festas. A forma como ele tinha acesso ao presidente, mesmo sendo um desconhecido. A forma como ele me salvou e foi o herói. Naquele dia, Margot não estava presente.

E quando eu fui me confessar, e sabia que não era o Padre Bee do outro lado do confessionário. Era ele quem estava me ouvindo. Na mesma noite, ele estava na comemoração do aniversário de Margot, mesmo que nunca tivesse sido próximo da nossa família.

Ele continuou fazendo negócios com Elliot, patrocinando suas campanhas e colocando seu dinheiro em algo que sabia que não teria retorno. Margot o defendeu como se fosse nosso salvador.

Eu sempre estive em perigo, e ele sempre me salvou. Ele estava no lugar certo, na hora certa, fazendo a coisa certa. E quando pensou que não tinha domínio suficiente sobre mim, ele tirou o talão de cheques do bolso e me comprou. Pelo amor de Deus, ele me trouxe para uma ilha deserta!

Minha mente gira, e eu preciso sentar-me na cama para não desabar no chão.

Penso em cada maldito momento em que eu estava sendo enganada, e me permiti enganar. Eu quis ser enganada, porque estava com Aaron. Ele estava com Margot durante todo esse tempo, me fazendo acreditar que estávamos vivendo um conto de fadas juntos.

E... por quê?

Por causa do dinheiro? Poder? Status?

O que ele poderia ter de mim, que ainda não tinha por si só?

Volto a me levantar quando ouço a porta do banheiro sendo aberta. Eu quero olhar para Aaron e ter certeza de que estou exagerando, de que ele jamais seria tão baixo. No entanto, quando olho ao meu redor, não consigo ver mais do que um castelo de mentiras.