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LEBLANC...

Camisa branca perfeitamente alinhada, gravata simétrica, todos os botões do colete fechados, paletó bem passado e sapatos lustrosos. Eu não precisava me preparar para este evento, mas fiz questão.

Olho para o outro lado da rua, onde a mansão Parker foi construída. Meus pés formigam, ansiando pelo momento em que entrarei na casa. No entanto, preciso aguardar. A festa ainda não acabou.

O sol já se pôs há alguns minutos, e uma fina garoa – prelúdio da chuva – começa a cair. Seguro o guarda-chuva acima de mim, porque não quero molhar o terno. Hoje, de fato, o diabo veste Prada.

Quando estou trabalhando, normalmente, consigo congelar minhas emoções. Não me sinto bem, porque não sou um psicopata. No entanto, também não me sinto mal. Apenas não sinto. O resultado do meu trabalho é problema dos meus clientes, não meu.

Contudo, excepcionalmente hoje, sinto alguma emoção enquanto aguardo pelo fim da pequena festa que Skyla deu. Porque hoje não estou fazendo um serviço, estou fazendo um capricho.

Angelic fugiu de mim, fugiu do meu prédio e sumiu na porra da cidade. Ela me obrigou a procurar por todos os cantos, a ameaçar o taxista e acordar Jason no meio de seu precioso sono.

Se tem uma coisa que ela fará esta noite, será pagar pelo tempo que perdi.

As primeiras pessoas começam a sair pelos portões de ferro, deixando-o aberto. Claro, seria muita ingenuidade esperar algum senso de responsabilidade desses bêbados.

Dou o primeiro passo em direção à casa.

Quantos dias de inferno existem antes de alcançarmos o paraíso?

Pergunto isso porque sou incapaz de acreditar que um homem digno e honesto como eu precise passar por tantas dificuldades.

Sim, porra, eu a comprei. E no que isso implica?

A outra opção era ela continuar na mira diabólica de Elliot, ou Margot arranjar outra pessoa para fazer o serviço que eu não fiz.

Eu fiz o bem, acredite Angelic ou não. E isso é novidade para mim. Será que ela não podia olhar para meu ato com um pouco mais de gratidão? A única opção era realmente fugir de mim, me obrigando a colocar todos os policiais da cidade em seu encalço?

Passo pelos portões e adentro a residência dos Parkers. Já me certifiquei de que todas as câmeras de segurança estão desligadas. Na verdade, já me certifiquei de tudo. Eu poderia, inclusive, mandar alguém vir aqui e arrancar Angelic pelos cabelos. Mas quem terá a honra de fazer isso sou eu. Faço questão.

Empurro a porta, fechando o guarda-chuva e deixando-o na entrada. Entro na primeira sala da casa. O pai de Skyla não brincou em serviço quando construiu essa mansão, afinal, tudo que ele queria era se livrar das fraldas sujas. A música alta reverbera pelas paredes, e então sigo para a área de lazer. Ao longe, posso ver algumas pessoas na piscina, provavelmente porque não têm forças para sair dali.

Olho ao redor, procurando pelo cabelo loiro. Não encontro.

O clima nublado forçou a maioria das pessoas a sair do ar livre, então muitas delas estão jogadas nos sofás da área coberta. Não faltam garrafas e copos no chão.

Nenhum dos bêbados e drogados notam minha presença, pois estão ocupados demais alucinando em suas próprias cabeças.

Olho mais uma vez para todos os rostos, e então encontro o dela.

Angelic está ao lado de Tyler Donovan, seu colega de classe da infância. Quando eu disse que sabia tudo sobre Angelic Donneli, não estava brincando. Sei tudo sobre seu passado e presente, e arriscaria dizer que também sei sobre seu futuro. Sua cabeça está apoiada no ombro de Donovan, e ambos estão desacordados.

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