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ANGELIC...

Desperto, sentindo meu corpo corresponder da pior forma possível. Minha cabeça lateja como nunca antes. Tento abrir os olhos, e agradeço pela escuridão ao meu redor. Eu não suportaria sequer uma faísca de luz do sol.

Olho para o lado, buscando meu relógio de cabeceira. Não o encontro, então me lembro de que não estou em casa.

Na verdade, onde eu estou?

Me sento na cama macia, e sinto o lençol de cetim sob meu corpo. Não é a cama de Skyla, ela odeia tecido escorregadio.

Aos poucos, as imagens da última noite voltam para minha memória. Me recordo de Tyler me oferecendo o primeiro copo, depois o segundo, o terceiro... depois estávamos todos alterados, bebendo qualquer coisa que colocassem em nossos copos.

Merda.

Eu apaguei no sofá da área de lazer. Tyler não teria forças para me levar para cama, então...

Toco meu corpo, percebendo que todas as peças de roupa estão aqui. Respiro aliviada por saber que não fui parar pelada na cama de um desconhecido.

Me levanto. A vontade de continuar dormindo é vencida pela curiosidade. Acendo a luz do abajur na lateral da cama, e então posso ver o quarto ao meu redor.

Duas. Vezes. Merda.

É o quarto de LeBlanc.

O quarto é grande, embora haja pouca decoração e muita impessoalidade. Não parece que alguém vive aqui. As cortinas são acinzentadas, assim como o carpete e os lençóis. Há enormes quatros em todas as paredes, e eu poderia afirmar que são peças de exposição. O banheiro fica em frente à cama, feito completamente em vidro transparente. Posso ver a banheira com bordas douradas, o chuveiro de teto e a pia de mármore.

É claro que esse cara é um narcisista.

Caminho para fora do quarto. Meu corpo implora por um longo e relaxante banho, no entanto, eu meio que fui comprada, fugi e fui raptada – tudo em um mesmo dia –, então tenho prioridades na minha lista de coisas a serem resolvidas.

Passo por um corredor. De um lado há portas, provavelmente dos outros quartos, e do outro há um jardim de inverno. Alcanço a sala. Toda a parede ao norte é feita de vidro, proporcionando uma bela visão da cidade. Este cômodo também é impessoal, para a surpresa de um total de zero pessoas.

Ouço ruídos no andar superior. Sons de tênis deslizando pelo piso polido, e suspiros abafados.

- Um, dois. Esquiva – ouço uma voz masculina comandar – Um, dois. Esquiva – repete.

Subo a escada, perseguindo o barulho. O segundo andar é diferente do primeiro, parece mais pessoal e íntimo. O primeiro cômodo é uma sala, e na mesinha de centro há dois copos usados. Uma jaqueta de couro está jogada sobre o sofá, juntamente com uma mochila do tipo esportiva.

- Um, dois, três – a voz continua – Recua um passo.

Continuo seguindo os sons, entrando em um corredor com portas de ambos os lados. Este apartamento é enorme, tanto que uma pessoa poderia facilmente se cansar andando por aqui. O final do corredor dá acesso a uma sala de treino, conjugada com uma academia.

A porta está entreaberta, então espio através da frecha. Os sons emitidos são provocados por dois homens. Um está de frente para mim, segurando um aparador de chute. O outro homem, sem dúvidas, é LeBlanc. A altura, largura dos ombros e estrutura corporal não me deixam enganar.

Eu odeio o fato de reconhecer seu corpo tão bem.

- Encima – o homem instrui, e LeBlanc chuta a parte superior do aparador – Embaixo.

ÚLTIMA DANÇAWhere stories live. Discover now