CAPÍTULO 48 - A MENSAGEM DE JUNHYEOK

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Quaisquer que fossem as desvantagens da civilização moderna, os benefícios eram inegáveis.

O telefone, por exemplo. E os jornais, que ainda que fossem populares em centros metropolitanos como Edimburgo ou mesmo Perth no século XVIII, eram completamente desconhecidos na região selvagem da Escócia.

Sem nenhuma forma de comunicação em massa, as notícias se espalhavam boca a boca, à velocidade dos passos dos homens e mulheres. Em geral, as pessoas acabavam sabendo o que precisavam saber, mas com um atraso de várias semanas.

Em consequência disso, diante do problema de descobrir exatamente onde Jeongguk estava, havia pouco com que contar, exceto a possibilidade de alguém tê-lo visto e mandado avisar em Lallybroch.

Que rumo Jeongguk teria tomado assim que fugira da patrulha?    

Não o de volta a Lallybroch, certamente. E provavelmente também não para o norte, para as terras dos Lee.

Quem sabe não fora para o sul, para as terras da fronteira com a Inglaterra, onde poderia se encontrar com Song Yuqi ou algum dos seus antigos companheiros de estrada?

Não. Era perto demais da Coroa e seus soldados.

O mais provável era que tivesse seguido para nordeste, em direção a Beauly. Mas se Taehyung era capaz de chegar a essa conclusão sozinho, os soldados ingleses também eram.

Hoseok voltou ao pequeno acampamento improvisado que montaram após um longo dia de caminhada, depois de suas andanças noturnas.

Lançou uma braçada de galhos e gravetos no chão, sentando-se com as pernas cruzadas e se apoiando com os braços para trás. Olhou para o céu, coberto por nuvens que se moviam, agitadas pelo vento lá em cima.

- Uma frente fria de outono está chegando. - disse, franzindo a testa. - Dentro de uma, talvez duas semanas, a temperatura ficará bem baixa. Devemos chegar a Beauly antes disso, se Deus quiser.

Taehyung estava sentado ao lado da fogueira, enrolado em um xale xadrez que Jeongguk havia lhe dado em Lallybroch; o tecido tinha a cor vermelha dos Jeon e carregava o cheiro confortável que o quarto do Senhor de Lallybroch possuía.

Os olhos castanhos observaram a figura de Hoseok atentamente, carregados de sentimentos sufocantes.

- Acha que Jeongguk estará lá? - Taehyung perguntou.

Hoseok encolheu os ombros, ainda fitando o céu.

- Não há como saber. A viagem não será fácil para ele, escondendo-se durante o dia e mantendo-se longe das estradas. E ele não tem cavalo. - então, Hoseok abaixou o rosto e suspirou, passando a mão pelo rosto sujo. - Não podemos encontrá-lo, será difícil demais. É melhor deixar que Jeongguk nos encontre.

- Como? - disse em tom ácido. - Lançando fogos de sinalização?

- Trouxe sua caixa de remédios. - falou, ignorando sua provocação. Indicou os alforjes que tirara da sela do cavalo e colocara no chão. - Você tem uma boa reputação nas vizinhanças de Lallybroch; deve ser conhecido como um bom curandeiro na maior parte das regiões próximas. - maneou a cabeça, pensando consigo mesmo. - Sim, isso vai servir.

E, sem maiores explicações, Hoseok retirou seu próprio xale de um dos bolsos do kilt e se enrolou no tecido. Deitou-se e foi dormir, ignorando o vento gélido nas árvores e o olhar raivoso de Taehyung, que não entendera nada do que ele dissera.

Mas bastou que o dia seguinte chegasse para que Taehyung compreendesse.

Viajando abertamente (e devagar) pelas estradas principais, os dois paravam em cada fazenda, vila e aldeia que encontravam.

SÉCULOS - TaekookWhere stories live. Discover now