CAPÍTULO 35 - NÃO PERMITIRÁS QUE NENHUM BRUXO VIVA

669 150 84
                                    


Estava escuro.

Taehyung foi jogado violentamente para dentro de um buraco pútrido. Seu cotovelo bateu com força contra uma rocha dura em uma pancada de deixar os ossos dormentes e ele caiu de cabeça em algo mole e aparentemente vivo, que se remexeu e guinchou. Patinhas incontáveis, minúsculas e alvoroçadas subiram pelas suas pernas, unindo-se ao cheiro horrível de esgoto e carne podre.

Assustado, Taehyung se levantou de súbito. Os animais que subiam pelas suas pernas caíram no chão e ele ouviu o som de ratos correndo pelo escuro.

Estava frio. Tudo era completamente negro, sem luz.

De repente, ouviu-se o som de algo caindo no chão, não muito distante do lugar onde estava. Era um corpo.

Taehyung prendeu a respiração. O que quer que fosse, pelo barulho, era grande e respirava ruidosamente.

- Quem está aí? - uma voz soou da escuridão lúgubre, parecendo assustada, mas desafiadoramente alta. - Taehyung, é você?

- Jimin? - disse, não sabendo se deveria ficar aliviado por isso. - Sou eu. Estou aqui.

Então, Taehyung esticou os braços e deu alguns passos pelo escuro, aproximando-se dele. Encontrou o ômega já levantado e também o procurando sem conseguir respirar direito. Diferente do imaginado, Jimin o abraçou como se estivesse imensamente grato por não estar passando por aquilo sozinho. E, quando ele o soltou, permaneceu segurando seu braço; a mão um pouco trêmula.

Taehyung olhou ao redor, mas mesmo que com os olhos um pouco já acostumados com o breu, não conseguia nem mesmo distinguir a silhueta de Jimin do resto do lugar onde estavam.

- Tem mais alguma coisa aqui além de nós? - ele perguntou, agradecendo por Jimin continuar o segurando pelo braço. Seu toque era um tanto apaziguante.

Jimin riu, nervoso.

- Há vários ratos, eu acho, e outros animais daninhos. E um cheiro capaz de derrubar uma doninha.

- Senti o cheiro. Sabe onde estamos?

- No buraco dos ladrões. Para trás!

Houve um rangido acima de suas cabeças. Um súbito raio de luz iluminou aquele lugar sujo e Taehyung pôde perceber que estavam dentro de uma cela rochosa, com ninhos de rato em pilhas de palha e pequenos corpos de pássaros em decomposição, rodeados por moscas e formigas.

Jimin puxou seu braço para trás e ambos correram de encontro à parede suja bem a tempo de ver uma chuva de lama e lixo ser lançada por uma pequena abertura no teto da prisão.

Ao terminar, a abertura no teto permaneceu aberta, iluminando aquela desagradável visão fétida.

Jimin se aproximou da pilha de lixo e excrementos, e pegou alguma coisa de lá. Era um pequeno pão, velho e lambuzado por algo que Taehyung não desejava saber o que era. Ele o limpou cuidadosamente com uma dobra da roupa que usava.

- Almoço. - disse o ômega. - Está com fome?

[...]

O buraco no teto continuou aberto e vazio, a não ser por uma ou outra imundície atirada em certo intervalo de tempo, por algum beta encarregado da tarefa. Em algum momento ao final da tarde, uma chuva fina começou, seguida de um vento penetrante e gelado. E mesmo com isso, o buraco permaneceu como estava.

Conforme o tempo passava lá dentro, a prisão parecia se tornar mais fria, úmida, suja e completamente deprimente. Um lugar próprio para ladrões, blasfemos, adúlteros e... bruxos.

Jimin e Taehyung se aconchegaram junto a uma parede, longe da pilha de lixo, dos ninhos de ratos e das outras coisas indesejáveis. Quase não se falavam, sem ânimo ou motivo para isso.

SÉCULOS - TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora