CAPÍTULO 37 - DE VOLTA AO INÍCIO

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A chuva açoitava a água do rio, acalmando o rosto inchado de Taehyung e os arranhões da corda nos seus pulsos.

Ele colocou as mãos em concha no córrego e bebeu a água devagar, sentindo um líquido frio gotejar pela sua garganta com um sentimento de gratidão.

Havia tomado um bom banho assim que pararam de cavalgar, mesmo que estivesse chovendo, para que pudesse se livrar de toda a sujeira que o cobria e os machucados não viessem a inflamar.

Jeongguk desapareceu por alguns minutos. Voltou com um punhado de folhas verde-escuras, achatadas nas pontas, e mastigava alguma coisa. Cuspiu um bolo de folhas verdes na palma da mão, enfiou o outro punhado de folhas da boca e se aproximou de Taehyung, virando-o de costas para ele.

Esfregou as folhas mastigadas delicadamente nas costas pálidas e machucadas. As pontadas de dor diminuíram consideravelmente e o ômega relaxou sob seus toques suaves.

- O que é isso? - Taehyung perguntou, fazendo um esforço para controlar todos os sentimentos que se reviravam dentro de si.

Ainda estava trêmulo e com uma imensa vontade de chorar.

- Agrião. - respondeu, a voz ligeiramente abafada pelas folhas na boca. Cuspiu-as depois e aplicou-as novamente nas costas do outro. - Você não é o único que sabe um pouco de cura com ervas, sassenach.

Taehyung olhou para o córrego à sua frente, onde estava sentado na margem, protegido parcialmente da chuva pelas folhas das árvores do bosque.

De repente, uma onda de adrenalina o percorreu e ele se encolheu, dobrando as pernas e escondendo o rosto entre as mãos.

Não conseguia respirar. Estava sem ar e seu coração batia rápido demais.

- Que... - falou, engolindo todos aqueles sentimentos e se forçando a permanecer estável. Estava tudo bem. Estava tudo bem. - Que gosto tem o agrião?

- Bem ruim. - Jeongguk começou, e seus dedos escorregaram pelas costas bronzeadas. - Quero dizer... os cortes não são profundos. Eu... eu acho que você não ficará, sabe... marcado. - falava com a voz rouca, mas o toque de suas mãos continuavam delicados.

Quando Taehyung se deu conta, lágrimas escapavam de seus olhos. A dor no peito retornou, assim como o pânico e a sensação de histeria.

Encolheu-se ainda mais e soluçou, abafando o som de seu choro com as mãos ainda a cobrir-lhe o rosto.

Não sabia o que estava acontecendo consigo, mas não conseguia evitar. Os sentimentos iam e vinham e uma vontade de vomitar começava a subir pela sua garganta.

Jeongguk  parou de passar as folhas em suas costas e segurou seu ombro com uma das mãos, querendo transmitir-lhe paz.

- Eu... eu não sei o que há de errado comigo. - Taehyung grunhiu entre soluços, as lágrimas ardendo conforme percorriam suas bochechas. - Não sei por que não consigo parar de chorar.

A mão de Jeongguk apertou seu ombro.

- Provavelmente é o choque, tanto quanto a dor. - disse. - Aconteceu o mesmo comigo quando me açoitaram. Vomitava e gritava enquanto limpavam os cortes. Depois, comecei a tremer.

Ele se afastou momentaneamente e Taehyung se encolheu ainda mais, não conseguindo evitar de chorar alto e tremer descontroladamente, próximo da beirada do rio.

Ao voltar, Jeongguk segurava o xale. Virou Taehyung para ele, segurando as mãos trêmulas e as tirando da frente de seu rosto para que pudesse limpar as lágrimas que caíam.

Taehyung sentiu-se extremamente frágil quando o fitou, ainda a chorar e a tremer.

Jeongguk permaneceu impassível e deixou que Taehyung apertasse suas mãos enquanto o limpava com o tecido um pouco úmido do xale.

SÉCULOS - TaekookWhere stories live. Discover now